As armadilhas que
surgem com o acúmulo de lama na Praia . Trafegar pela orla exige cuidado dos
condutores
O professor Lauro Calliari, do Núcleo de Oceanografia
Geológica da Furg, entrou em contato com a equipe do jornal Agora para explicar
que o transporte e deposição da lama fluída por ondas de tempestade, em pelo
menos duas ocasiões (maio de 2003) , representou um risco potencial para
surfistas. Segundo Calliari, a variação da altura das ondas ao longo da praia,
durante os episódios de deposição de lama fluída, pode resultar na formação de
correntes litorâneas. "Essas correntes saem da região onde existem ondas
(zona de surf normal) e vão direcionar-se para regiões onde praticamente não
existe zona de surf (onde o fundo está atapetado por lama fluída e a
arrebentação deixou de existir). A lama fluída pode causar até 80% do amortecimento
da energia das ondas. Essas correntes podem transportar surfistas dos locais de
arrebentação normal para locais sem arrebentação". Calliari explicou
que a praia fica isolada da arrebentação que fica mais distante devido às
faixas onde estão depositadas lama fluída cuja espessura ultrapassa 1,5 metro.
"Tal situação pode 'aprisionar' os surfistas na zona de surfe,
submetendo-os a risco de morte em função da hipotermia resultante da longa
exposição a águas com baixas temperaturas, típicas da região durante as
estações de outono e de inverno", alertou Calliari, salientando ainda que
existe também o risco dos mesmos serem imobilizados ou mesmo cobertos pelos
depósitos de lama fluída, que em cavas profundas, entre os bancos arenosos,
podem atingir maiores espessuras. "Felizmente, nas duas situações que se
tem registro, pescadores locais e surfistas, usando cabos e pranchas do tipo bodyboards para
cruzar o depósito de lama, os resgataram", ressaltou. A presença de lama
entre a face da praia e o pós-praia representa um risco adicional,
considerando-se o alto número de veículos que trafegam na a praia do Cassino.
"Qualquer depósito de lama é rapidamente coberto por uma fina camada de
areia assim que o nível do mar baixar após as tempestades. Tal situação
torna-se uma armadilha para carros que trafegam em velocidade moderada e são
repentinamente parados no bolsão de lama que facilmente atinge 0,3 metro de
espessura. Dezenas de acidentes na praia, alguns dos quais envolvendo
ferimentos sérios, ocorreram após um evento de deposição de lama em 1998, cujos
efeitos permaneceram por mais de um ano", alertou. A jornalista Anete Poll foi surpreendida pela
lama no dia 15 de junho deste ano. Ela contou que estava trafegando na carona
de uma moto, pilotada por seu filho. "Estávamos bem, observando a praia e,
de repente, a moto travou, quando consegui sair, a lama já estava nas minhas
canelas e a moto continuou descendo. Foi sugada até a altura do tanque",
contou. Segundo a jornalista, um homem que tentou ajudá-los acabou ficando
presso na lama também. "No fim, tivemos que resgatar a moto e o
homem".
Situação atual - Na avaliação do professor, a tendência agora é diminuir a quantidade de lama e a arrebentação voltar ao normal. "Se vocês observarem, começou a ter propagação de ondas próximo à estátua de Iemanjá, o que representa que já não existe mais uma quantidade grande de lama para ser transportada para a praia", concluiu.
Situação atual - Na avaliação do professor, a tendência agora é diminuir a quantidade de lama e a arrebentação voltar ao normal. "Se vocês observarem, começou a ter propagação de ondas próximo à estátua de Iemanjá, o que representa que já não existe mais uma quantidade grande de lama para ser transportada para a praia", concluiu.
Link para vídeo do resgate em 2003 e do artigo científico
sobre o assunto:
www.praia.log.furg.br/Publicacoes/2014/2014d.pdf Por Eduarda Toralles tomado de agora de
rgs br
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