lunes, 23 de mayo de 2016

UMA NOITE PARA VISITAR A ARTE EM PORTO ALEGRE

 Uma noite para visitar a arte em Porto Alegre
Iniciativa inédita contou com exposições e apresentações artísticas, lotando espaços culturais da Capital Por: Karina Sgarbi / Especial
De dia o sol, o silêncio, a contemplação. À noite, debaixo das estrelas, muito barulho e experimentação. Esta foi a dissonância criada pela Noite dos Museus, evento inédito que envolveu oito espaços culturais de Porto Alegre no sábado. De portas abertas em horário fora do convencional — das 19h à meia-noite —, com lotação recorde em todos os locais, a noitada cultural teve pinturas, esculturas, canto, encanto e muita emoção.
— É a glória, é a festa dos museus produzindo um clímax na cidade. Os museus repletos como nunca estiveram, as praças tomadas, as pessoas num grau extremo de felicidade,ouvindo a música, vendo a arte, se encontrando, é uma coisa maravilhosa — comentou o curador do projeto, o historiador, antropólogo e professor da UFRGS Francisco Marshall.
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Entre os inúmeros visitantes, estavam crianças, jovens e idosos, todos vivenciando a arte em suas mais variadas formas.
— Eu acho que é uma poltrona — dizia a pequena Antônia Russo Klein, 3 anos e meio, ao olhar uma escultura exposta na Fundação Iberê Camargo, enquanto a amiga, a igualmente pequena Dora Castello Santos, e igualmente com 3 anos e meio de idade, afirmava que outra peça parecia mais com um "tubarão marinho".
Embora tivesse visão divergente sobre as obras, a duplinha demonstrou o encanto que foi unânime entre os demais visitantes do evento. As também amigas — desde os tempos de escola — Elaine Cavalheiro, 69, e Dora Almeida, 73, por exemplo, apreciaram e se inspiraram com cada tela exposta no MARGS — e isso só para iniciar a noite, pois completaram o tour com visitas a outros museus.
— O bom da arte é como a gente se sente quando vê a obra — ponderou Elaine, enquanto Dora afirmava que a arte é "a vida representada de diversas maneiras".
Diferente do que se vê em uma visita usual, quando as portas estão abertas de dia e há silêncio e pouca gente nas salas, a Noite dos Museus foi marcada pelo barulho e pelo movimento do público, além de contar, é claro, com um clima agradável brindado pela lua cheia.
— É interessante a proposta porque a gente consegue ver o museu de uma forma diferente. Tem música, a noite, as pessoas, as pinturas, é como se tudo estivesse no mesmo movimento — comentou o professor de física André Klock, 23, que visitou a Fundação Iberê Camargo acompanhado da
namorada Pâmela Nunes, 23.
Bem-sucedida, a primeira edição do evento já tem garantia de sequência no próximo ano e expectativa de uma nova versão ainda em 2016.
— O público surpreendeu mais do que qualquer previsão, nem conseguimos contabilizar ainda. Fomos acolhidos pelas pessoas em quantidade e qualidade. Seguramente haverá uma segunda edição no ano que vem e vamos tentar realizar em breve a Primavera dos Museus. Não sei se vamos conseguir, mas queremos muito — destacou Marshall.
Cultura para toda a família
Se havia no evento gente que não entrava em um museu há meses, teve também quem estreou no circuito cultural. Este foi o caso do caçula da família Kalil, que visitou em uma noite três locais diferentes. No último deles, a Fundação Iberê Camargo, o pequeno Inácio, de apenas oito meses, já estava rendido ao sono.
— Desde que vi a proposta pensei em trazer os meus filhos para compartilhar, estar junto, pensar a cidade à noite. Já havia trazido o Ernesto (seu primogênito, de 4 anos) em outras exposições, mas desta vez é diferente, tem música, tem muita gente. Percebi nos dois um encantamento, uma curiosidade diferente — afirmou a mãe, a empresária Luciana Kalil, 33.
Já habituada a visitar museus, Sofia Kopittke, 9 anos, afirmou que gostou de tudo o que viu durante o evento.
— Eu gostei de tudo. Arte pra mim é desenvolver novas coisas, é inspiração. Todas as crianças deviam ir a museus — afirmou a menina, acompanhada da mãe, Luciane, 47, e do irmão Rafael, 23.
Buscando "abrir os horizontes" e proporcionar uma "outra visão da vida e da arte", o comerciante Airton Leonel Sant'Anna, 53, levou à Noite dos Museus sua filha Gabriela, 8. Para a pequena, arte nada mais é do que "inspiração".
— Arte é as pessoas trabalhando na inspiração delas e fazendo o que elas fazem de melhor.
O projeto
A iniciativa, desenvolvida com o objetivo de atrair a população aos espaços culturais e promover uma integração com a cidade, teve inspiração no evento A Longa Noite dos Museus, de Berlim. Em todos os espaços culturais participantes na Capital — Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Memorial do Rio Grande do Sul, Museu da UFRGS, Pinacoteca Rubem Berta, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), Museu de Porto Alegre, Planetário e Fundação Iberê Camargo — além das exposições, houve intervenções musicais de artistas como Hique Gomez, Marmota Jazz e o Quinteto Porto Alegre, entre outros.
— É um evento maravilhoso, a cidade está completamente efervescente — afirmou Hique, antes de fazer a última de suas apresentações da noite, na Fundação Iberê Camargo. TOMADO DE ZERO HORA DE RGS BR


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