Uma noite para
visitar a arte em Porto Alegre
Iniciativa inédita contou com exposições e apresentações
artísticas, lotando espaços culturais da Capital Por: Karina
Sgarbi / Especial
De dia o sol, o silêncio, a contemplação. À noite, debaixo
das estrelas, muito barulho e experimentação. Esta foi a dissonância criada
pela Noite dos Museus, evento inédito que envolveu oito espaços culturais de
Porto Alegre no sábado. De portas abertas em horário fora do convencional — das
19h à meia-noite —, com lotação recorde em todos os locais, a noitada cultural
teve pinturas, esculturas, canto, encanto e muita emoção.
— É a glória, é a festa dos museus produzindo um clímax na
cidade. Os museus repletos como nunca estiveram, as praças tomadas, as pessoas
num grau extremo de felicidade,ouvindo a música, vendo a arte, se encontrando,
é uma coisa maravilhosa — comentou o curador do projeto, o historiador,
antropólogo e professor da UFRGS Francisco Marshall.
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Entre os inúmeros visitantes, estavam crianças, jovens e
idosos, todos vivenciando a arte em suas mais variadas formas.
— Eu acho que é uma poltrona — dizia a pequena Antônia Russo
Klein, 3 anos e meio, ao olhar uma escultura exposta na Fundação Iberê Camargo,
enquanto a amiga, a igualmente pequena Dora Castello Santos, e igualmente com 3
anos e meio de idade, afirmava que outra peça parecia mais com um "tubarão
marinho".
Embora tivesse visão divergente sobre as obras, a duplinha
demonstrou o encanto que foi unânime entre os demais visitantes do evento. As
também amigas — desde os tempos de escola — Elaine Cavalheiro, 69, e Dora
Almeida, 73, por exemplo, apreciaram e se inspiraram com cada tela exposta no
MARGS — e isso só para iniciar a noite, pois completaram o tour com visitas a
outros museus.
— O bom da arte é como a gente se sente quando vê a obra —
ponderou Elaine, enquanto Dora afirmava que a arte é "a vida representada
de diversas maneiras".
Diferente do que se vê em uma visita usual, quando as portas
estão abertas de dia e há silêncio e pouca gente nas salas, a Noite dos Museus
foi marcada pelo barulho e pelo movimento do público, além de contar, é claro,
com um clima agradável brindado pela lua cheia.
— É interessante a proposta porque a gente consegue ver o
museu de uma forma diferente. Tem música, a noite, as pessoas, as pinturas, é
como se tudo estivesse no mesmo movimento — comentou o professor de física
André Klock, 23, que visitou a Fundação Iberê Camargo acompanhado da
namorada Pâmela
Nunes, 23.
Bem-sucedida, a primeira edição do evento já tem garantia de
sequência no próximo ano e expectativa de uma nova versão ainda em 2016.
— O público surpreendeu mais do que qualquer previsão, nem
conseguimos contabilizar ainda. Fomos acolhidos pelas pessoas em quantidade e
qualidade. Seguramente haverá uma segunda edição no ano que vem e vamos tentar
realizar em breve a Primavera dos Museus. Não sei se vamos conseguir, mas
queremos muito — destacou Marshall.
Cultura para toda a família
Se havia no evento gente que não entrava em um museu há
meses, teve também quem estreou no circuito cultural. Este foi o caso do caçula
da família Kalil, que visitou em uma noite três locais diferentes. No último
deles, a Fundação Iberê Camargo, o pequeno Inácio, de apenas oito meses, já
estava rendido ao sono.
— Desde que vi a proposta pensei em trazer os meus filhos
para compartilhar, estar junto, pensar a cidade à noite. Já havia trazido o
Ernesto (seu primogênito, de 4 anos) em outras exposições, mas
desta vez é diferente, tem música, tem muita gente. Percebi nos dois um
encantamento, uma curiosidade diferente — afirmou a mãe, a empresária Luciana
Kalil, 33.
Já habituada a visitar museus, Sofia Kopittke, 9 anos,
afirmou que gostou de tudo o que viu durante o evento.
— Eu gostei de tudo. Arte pra mim é desenvolver novas
coisas, é inspiração. Todas as crianças deviam ir a museus — afirmou a menina,
acompanhada da mãe, Luciane, 47, e do irmão Rafael, 23.
Buscando "abrir os horizontes" e proporcionar uma
"outra visão da vida e da arte", o comerciante Airton Leonel
Sant'Anna, 53, levou à Noite dos Museus sua filha Gabriela, 8. Para a pequena,
arte nada mais é do que "inspiração".
— Arte é as pessoas trabalhando na inspiração delas e
fazendo o que elas fazem de melhor.
O projeto
A iniciativa, desenvolvida com o objetivo de atrair a
população aos espaços culturais e promover uma integração com a cidade, teve
inspiração no evento A Longa Noite dos Museus, de Berlim. Em todos os espaços
culturais participantes na Capital — Museu de Arte do Rio Grande do Sul
(MARGS), Memorial do Rio Grande do Sul, Museu da UFRGS, Pinacoteca Rubem Berta,
Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), Museu de Porto
Alegre, Planetário e Fundação Iberê Camargo — além das exposições, houve intervenções
musicais de artistas como Hique Gomez, Marmota Jazz e o Quinteto Porto Alegre,
entre outros.
— É um evento maravilhoso, a cidade está completamente
efervescente — afirmou Hique, antes de fazer a última de suas apresentações da
noite, na Fundação Iberê Camargo. TOMADO DE ZERO HORA DE RGS BR
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