Vila Flores, que
estará na Bienal de Arquitetura de Veneza, é espaço para artistas, designers e
arquitetos
Mais de 22 empresas, todas do segmento criativo, atuam no
conjunto de prédios, que aos poucos, torna-se ndereço de eventos em Porto
Alegre
Por: Renata Maynart A Associação Cultural Vila
Flores está a frente de um calendário de eventos para ampliar a participação do
público externoFoto: Omar Freitas / Agencia RBS
O consumo de energia nos dias quentes é moderado, devido às
paredes robustas e à ventilação cruzada. Assim como o acender das luzes, que
fica para mais tarde do que o habitual, graças à posição solar privilegiada.
Essas características integram os debates sobre sustentabilidade na arquitetura
contemporânea. E são vistas como uma aula de construção nas edificações do
conjunto de prédios Vila Flores, no bairro Floresta.
Com assinatura do arquiteto Joseph Lutzenberger, alemão que
se estabeleceu em Porto Alegre, os edifícios que somam 2,4 mil metros quadrados
mesclam elementos ecléticos e modernistas. São também chamados de
protorracionalistas pelo fato de a exuberância e a ornamentação darem espaço
para a geometria e a simetria.
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– Os prédios foram construídos com uma qualidade
excepcional. A forma como se trabalhou as fachadas externas e internas, voltadas
para o pátio, é impressionante. A pessoa que passa pela rua não imagina que há
esse espaço na parte privada, com cheios e vazios muito bem equilibrados –
avalia o arquiteto João Felipe Wallig, da Goma Oficina, responsável pelo
projeto arquitetônico de restauro do Vila Flores.
Em meio à arquitetura original, alterações ocorridas ao
longo dos anos mostram as diferentes fases de uso do conjuntoFoto: Omar Freitas
/ Agencia RBS
Com o olhar voltado para cultura, arquitetura e
administração, o Núcleo de Gestão tem feito um intenso trabalho para apresentar
suas instalações a um público cada vez maior, especialmente com os eventos e as
atividades externas que o Vila Flores tem recebido nos últimos três anos.
– Há pessoas que frequentam teatros e exposições. Mas, por
outro lado, há uma parcela excluída. Queremos promover esse diálogo entre as
camadas da sociedade. Temos atividades abertas ao público, mas também chamamos
as pessoas simplesmente para vivenciarem o pátio e terem contato com uma
parcela do patrimônio que está sendo preservada – afirma Antonia Wallig, membro
da
Associação Cultural Vila Flores.
Entre esses eventos, muitos têm temáticas definidas pelo
próprio grupo de residentes, como são chamados os locatários. São em torno de
22 empresas, todas voltadas para a área criativa. Grupos de teatro, artistas
visuais e estúdios de design, entre outros, promovem uma agenda intensa, com
oficinas, palestras e exposições a partir de quatro eixos: arte e cultura,
educação, arquitetura e empreendedorismo.
As vivências artísticas incluem, de forma natural, lições
valorosas de edificação. Dividido em quatro volumes contando galpão e anexo,
com 33 unidades no total, o conjunto Vila Flores reflete elementos da cultura
europeia nos pavimentos. Na era pré-elevador, os andares térreos eram mais
amplos e melhor distribuídos – para não dizer melhor valorizados comercialmente
– até chegar, pavimento após pavimento, aos sótãos. Originalmente criado para
servir de moradias alugadas no então bairro industrial de Porto Alegre, o
espaço passou por transformações e, em 2011, ganhou as primeiras obras de
restauração.
O telhado foi a primeira intervenção, em caráter
emergencial. As telhas foram retiradas e limpas, e a estrutura refeita em
madeira, como no primeiro projeto, mantendo ao máximo o desenho original. As
etapas seguintes foram elétrica, hidráulica, gás e esgoto para adequar as
instalações. Uma das construções do conjunto, o galpão já foi endereço de
cavalaria, fábrica de ladrilhos hidráulicos, marcenaria e serralheria, entre
outros, e está em obras neste momento.
Listado no Inventário do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis
do bairro Floresta, o Vila Flores ainda exibe marcas que permanecem como uma
linha do tempo que conta histórias vividas por ali.
– Vejo esse projeto como um trabalho de ofício. Entender a
transição de fase da arquitetura, mais racionalista na prática, é quase
cirúrgico. Era a saída de uma fase em que a arquitetura aqui no Brasil era
muito elitista e, de repente, o uso racional dos materiais e dos espaços ganhou
força com o Lutzenberger – define João Felipe. TOMADO DE ZERO HORA DE RGS
BR
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