Tecnologia sem limites: realidade virtual chega aos vasos
sanguíneos
Cateteres com sensores eletromagnéticos captam imagens do
interior do corpo humano e as exibem, em tempo real, em um óculos especial.
Solução criada por cientistas americanos, além de melhorar a visualização nos
exames de imagem, os torna mais acessíveis
(foto: Przemyslaw
Sapieha/Divulgação)
Médicos pesquisadores da Universidade de Washington (em
Seattle, nos Estados Unidos) desenvolveram uma nova maneira de capturar imagens
internas do corpo humano. Cateteres com sensores eletromagnéticos conseguem
registrar o interior de vasos sanguíneos e exibir as informações, em tempo
real, em um óculos de realidade virtual. Segundo os criadores da tecnologia,
ela poderá substituir procedimentos convencionais, garantindo um tratamento
mais rápido e eficiente aos pacientes. Além disso, abrirá a possibilidade de
menor exposição à radiação, o que minimiza os riscos atrelados a esse
procedimento. Detalhes da criação foram apresentadas na reunião científica
anual da Society of Interventional Radiology, no Texas.
A maioria dos exames radiológicos atuais, além de invasivos,
expõe pacientes e profissionais de saúde à radiação. Outra dificuldade é que as
opções são muito limitadas quando se trata da anatomia vascular humana.
Pensando nisso, os pesquisadores americanos desenvolveram um sistema capaz de
“viajar” dentro do corpo humano com mais facilidade e segurança. De acordo com
Wayne Monsky, professor de radiologia da Universidade de Washington e principal
autor do estudo, a nova tecnologia permite a visualização dos vasos sanguíneos
detalhadamente. “Não precisamos mais confiar em imagens em 2D e em preto e
branco”, frisa.
A ideia inicial da tecnologia foi desenvolvida por Ryan
James, doutorando no programa de informática biomédica e de saúde da
universidade. O protótipo criado por ele permitia a captura de imagens dos
vasos sanguíneos a partir de tomografia computadorizada, ressonância magnética
ou ultrassom. As imagens capturadas eram exibidas em uma tela de realidade
virtual para os médicos. O grupo de Wayne resolveu aprimorar a ideia,
desenvolvendo a tecnologia de realidade virtual a partir do uso de cateteres em
exames endovasculares, chamados angiografia.
Os cateteres com sensores eletromagnéticos criados pela
equipe produzem imagens dinâmicas, que mudam conforme a movimentação do
instrumento no corpo. Segundo Wayne Monsky, é possível ver os vasos sanguíneos
como se o médico estivesse dentro deles. “Parece que você está nadando através
dos vasos sanguíneos. São similares a uma caverna subaquática”, compara.
Em um exame endovascular convencional, o cateter é inserido
em um vaso sanguíneo periférico e direcionado até a região de interesse. Nesse
local, injeta-se um medicamento para ajudar a visualização. Normalmente, os
cateteres são inseridos na coxa, no pescoço ou no braço do paciente.
Agilidade
Os cientistas criaram um modelo de vasos sanguíneos impresso
em 3D, simulando o interior dos vasos do abdômen e da pelve de um paciente,
para comparar a abordagem tradicional com a que criaram. No primeiro caso,
foram necessários 70,3 segundos para chegar ao primeiro vaso sanguíneo da peça,
contra 17,6 segundos.
De acordo com Wayne Monsky, a nova tecnologia poderá ser
usada em qualquer exame de angiografia, incluindo angiografia por tomografia
computadorizada e por ressonância magnética, além de ultrassom 3D convencional.
Outras vantagens são a possibilidade de diminuir os gastos com o procedimento e
a praticidade, já que o equipamento pode ser transportado em uma mala. “Temos
esperança de que, no futuro, essa e outras tecnologias relacionadas nos
permitam fornecer muitos desses procedimentos endovasculares em ambientes
rurais remotos”, aposta.
Para o tecnólogo em radiologia Adoniran Lopes, essa
facilidade de acesso é o que mais chama a atenção na tecnologia proposta pelos
americanos. “Um paciente oncológico que reside no interior e depende da
radioterapia precisa percorrer quilômetros de distância e, muitas vezes,
arcando com as despesas para poder se tratar. Esses equipamentos, na grande
maioria das vezes, se concentram na capital dos estados”, explica.
Professor de radiologia da Universidade do Estado de Mato
Grosso (UNEMAT), Dhiego Gumieri avalia que, caso chegue ao mercado, essa
tecnologia poderá ser considerada um marco na medicina. Isso porque, segundo
ele, a aproximação das tecnologias computacionais com a área médica é sinônimo
de eficiência, portabilidade e agilidade tanto no diagnóstico, quanto no
tratamento, além dos benefícios aos profissionais de área e aos pacientes.
“Para a equipe, a realidade virtual associada à radiologia favorece o
planejamento nos procedimentos invasivos e a capacidade de evitar ou mitigar
possíveis intercorrências. Para os pacientes, tempo menor de internação,
efetividade, rapidez e pouca ou nenhuma chance de contrair infecções estão
entre as vantagens”, afirma.
"Parece que você está nadando através dos vasos sanguíneos
(…) Não precisamos mais confiar em imagens em 2D e em preto e branco”, Wayne
Monsky, professor de radiologia da Universidade de Washington e principal
autor do estudo.
No fluxo
É uma modalidade de exame dentro da radiologia que tem como
objetivo avaliar o fluxo sanguíneo e possíveis obstruções no mesmo. O
procedimento é pedido pelo médico principalmente em caso de suspeita de doença
vascular, embolia pulmonar ou para localizar um tumor hipervascularizado
TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE
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