Britânicos
desenvolvem vacina contra febre aftosa que dispensa o vírus
- Técnica, mais segura, pode ser
usada para a imunização de humanos contra poliomielite
- Produto imita sinteticamente a
membrana que envolve o vírus, mas sem material infeccioso
Técnica de
vacina contra febre aftosa para criações de gado simula proteína do vírus e
pode ser usada para produção de vacinas para humanosAP
LONDRES-
Cientistas britânicos desenvolveram uma nova vacina contra a febre aftosa para
gado, mais segura e mais barata, um avanço que acreditam que possa aumentar
significativamente a capacidade de produção e reduzir custos. A tecnologia por
trás da produção pode também ser aplicada para melhorar vacinas humanas contra
vírus similares, inclusive poliomielite.
A nova
vacina não requer o vírus vivo durante sua produção - uma característica
importante uma vez que a febre aftosa é extremamente infecciosa e os laboratórios
produtores têm dificuldades na segurança da manipulação das amostras virais.
- Ela se
espalha como incêndio selvagem - disse David Stuart, professor de biologia da
Universidade de Oxford, que liderou a pesquisa.
Em 2007, um
surto de febre aftosa no sudeste da Inglaterra por exemplo, teve seu início
rastreado próximo a uma unidade de produção de vacina. A mesma fábrica,
ironicamente, é a casa de alguns dos cientistas por trás da nova vacina.
Em
contraste com os padrões das vacinas contra aftosa para gado, o novo produto é
feito a partir de cápsulas de proteínas sintéticas vazias que não contêm o
genoma viral infeccioso, disseram cientistas no jornal PLoS Pathogens, na
quarta-feira. Mas não significa que a vacina pode ser produzida sem as medidas
de biossegurança e ser mantida sob refrigeração.
- Uma das
grandes vantagens é que, uma vez que não é derivado de vírus vivo, a instalação
de produção não necessita de confinamento especial - disse Stuart. - É possível
imaginar fábricas locais sendo criadas em grandes partes do mundo onde a febre
aftosa é endêmica e onde ainda continua a ser um grande problema.
No mundo
todo, entre 3 bilhões e 4 bilhões de doses de vacina contra a febre aftosa são
administradas a cada ano, mas há escassez em muitas partes da Ásia e África,
onde a doença é um problema sério.
As atuais
vacinas são baseadas em tecnologia de 50 anos, embora, no ano passado, uma
empresa americana de biotecnologia, a GenVec, tenha ganhado a aprovação para
uma nova vacina.
A vacina
britânica puramente sintética tem sido testada até agora em ensaios em pequena
escala e verificou-se ser eficaz. O próximo passo seria agora realizar testes
maiores, enquanto se discute o desenvolvimento comercial da vacina. Stuart
acrescentou que provavelmente levaria cerca de seis anos para trazer a nova
vacina para o mercado. Ele disse que era muito cedo para dar uma indicação de
quanto a vacina custaria.
Stuart e
seus colegas foram capazes de produzir cápsulas vazias de proteínas para imitar
a cobertura de proteína que envolve o vírus da febre aftosa, através do sistema
de diamante de raios-X, para visualizar imagens um bilhão de vezes menor que
uma cabeça de alfinete.
A mesma
abordagem poderia no futuro ser usada para fazer vacinas cartuchos vazios
contra vírus relacionados como a poliomielite e a febre aftosa humana, que
afeta principalmente bebês e crianças, disseram os pesquisadores.
TOMADO DE O GLOBO DO Brasil
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