Corte histórico nos EUA
Americanos começam a
sentir, na prática, efeitos da redução automática de gastos federais
Com New York Times
Educação. Programa
de inclusão escolar de pobres sofrerá cortesTerceiro / Isaac Brekken/The New
York Times
É o caso da cidade de
Windsor, no interior do Missouri. Tendo que recalibrar o orçamento, para tapar
o buraco deixado por menos repasses federais, a prefeitura limitou os gastos
com produtos de limpeza e higiene. As mulheres foram poupadas, mas os servidores
— que vinham gastando mais do que suas colegas — foram recomendados a levar o
próprio rolo de papel higiênico para o trabalho para contribuírem no aperto de
cinto. Os estados americanos perderão este ano US$ 6,4 bilhões em fundos
federais.
O episódio, ocorrido
na semana retrasada, é uma pitada de humor num oceano de adversidades que serão
enfrentadas pelos americanos. Enquanto a dose de sacrifício da Casa Branca será
o fim dos passeios de turistas pelo prédio histórico, de forma a preservar o
orçamento de segurança do presidente Barack Obama, Fayetteville, no Arkansas,
terá de cortar US$ 150 mil do programa federal Head Start, de inserção escolar
e promoção do desenvolvimento social, deixando crianças de zero a 5 anos de
famílias pobres sem escola por 13 dias até setembro e limando 9.906 refeições.
No país, 70 mil crianças do Head Start serão afetadas.
Moradora de Las
Vegas, LaCole James-Young, de 35 anos, tem duas razões para temer os cortes.
Ela é assistente administrativa do programa Head Start e beneficiária do
serviço, com dois filhos, de 3 e 4 anos, na pré-escola. Cinco de seus seis
filhos já participaram do programa, incluindo um, agora com 12 anos, que tinha
problemas de fala.
540 mil doses de
vacina ameaçadas
Para o think tank
Center for American Progress, o peso desproporcional da redução de US$ 85,3
bilhões do orçamento de 2013 — 50% dos quais na rubrica de Defesa — sobre
gastos sociais é um dos maiores problemas do “sequestro”. Não houve uma seleção
de programas pelo critério de essencialidade, impacto econômico ou segurança,
pois os cortes são lineares. Ou seja: indiscriminados.
Por exemplo, com
menos US$ 350 milhões, o Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças
estima deixar de fazer 25 mil tomografias para detecção de câncer e de oferecer
540 mil doses de vacina. Centros de saúde que funcionam com fundos federais
podem não atender 900 mil pacientes em 2013.
Sem US$ 1,6 bilhão
este ano, o Departamento de Justiça cortará US$ 20 milhões só do programa
contra violência à mulher, deixando quase 36 mil vítimas sem acesso a abrigo,
serviços legais e apoio aos filhos. Mais de 600 mil grávidas e crianças de
baixa renda deverão ser excluídas de programas de nutrição.
— Passar uma faca de
açougueiro nas despesas de forma tão desfocada vai provocar um choque na
economia e prejudicar incontáveis famílias — afirmou Ann Chu, diretora de
Políticas do Centro.
A Seguridade Social
também dará dor de cabeça. Com o trabalho acumulado e linhas congestionadas nos
anos posteriores à Grande Recessão, o órgão deverá piorar o serviço,
testemunhou em carta ao Congresso o ex-ouvidor Michael Astrue, segundo o qual o
tempo de definição para uma audiência pode ser atrasado em mais um mês e o
atendimento do call center, em dez minutos. Com enxugamento de US$ 920 milhões,
serão demitidos 1.500 trabalhadores temporários e deixadas abertas 5 mil vagas.
O número de pedidos de benefícios não atendidos deve subir de 861 mil em 2012
para mais de um milhão em 2013.
Também é crítica a
situação de ao menos 13 órgãos que produzem estatísticas nos EUA. O mais famoso
deles, o Escritório do Censo, equivalente ao IBGE, terá de ceifar US$ 46
milhões até setembro (quando termina o ano fiscal), atrapalhando os testes para
o Censo Populacional de 2020 (num momento de profundas mudanças demográficas) e
o Censo Econômico. Este, que mapeia a estrutura da economia e serve de base
para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços
produzidos pelo país), não é realizado desde 2007, antes da crise que alterou profundamente
setores como o de habitação.
“Os cortes de agora
forçarão o Escritório a pedir mais fundos no futuro, podendo gerar atrasos de
seis meses na divulgação de estatísticas de indicadores vitais e risco à nossa
habilidade de mapear com precisão as condições econômicas e o bem-estar correntes,
potencialmente afetando a formatação de políticas públicas e decisões
econômicas do setor privado”, escreveu a chefia do órgão ao Congresso.
Também faltarão
defensores, promotores e juízes. Em alguns estados, as dispensas não
remuneradas no Judiciário chegarão a 30 dias, afetando também o corpo técnico.
Mais filas nos aeroportos
Amplamente noticiada
foi a determinação de fechamento de 149 torres de controle de tráfego aéreo
(podendo chegar a 238), todas em aeroportos de pequeno porte, pela Administração
Federal de Aviação. A agência tem de enxugar seu orçamento, que tem 71% de sua
destinação a salários de controladores e inspetores de segurança, em US$ 637
milhões até setembro.
Os americanos serão
mais afetados, porém, pelo corte de US$ 398 milhões na Administração de
Segurança em Transporte, que comanda a checagem no embarque de passageiros.
Deverão ter licenças não remuneradas periódicas e horas extras cortadas 50 mil
funcionários, e as vagas temporárias estão congeladas, o que reduzirá as equipes
nos turnos e aumentará filas.
Na Agência de
Proteção Ambiental, os US$ 425 milhões em cortes provocarão a licença não
remunerada de até 13 dias para os 18 mil funcionários do órgão. Além do
licenciamento ambiental mais lento, a agência aponta queda do número de
inspeções e menos recursos para projetos de melhoria da qualidade da água, por
exemplo
Tomado de o globo Brasil
NOTA: la diferencia no ira a los bancos usurarios suponemos
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