Em testes laboratoriais, as moléculas interrompem a
replicação do Sars-CoV-2 em células humanas. Todos os medicamentos são
desenvolvidos para o tratamento de outras doenças, o que, segundo cientistas,
pode acelerar o uso também contra a covid-19
CB Correio Braziliense
Cientistas chegaram às opções promissoras após experimento
com mais de 100 moléculas com ação antiviral(foto: Karen Ducey/AFP)
Um grupo de cientistas americanos conseguiu identificar 21
medicamentos desenvolvidos para tratar outras doenças e que podem ajudar no
tratamento da covid-19. Todos impedem que o Sars-CoV-2 se dissemine em células
humanas. No trabalho, publicado na última edição da revista britânica Nature,
os investigadores também observaram que quatro desses compostos funcionam
sinergicamente com o remdesivir, um antiviral que já vem sendo testada contra o
novo coronavírus.
Para chegar às drogas promissoras, a equipe analisou uma das
maiores coleções mundiais de medicamentos, com cerca de 12 mil moléculas, sendo
mais de 100 conhecidas pela atividade antiviral. Testes laboratoriais mostraram
21 com potencial para bloquear a replicação do Sars-CoV-2 e cujas doses podem
ser administradas em pacientes de forma segura.
“Esse estudo expande
significativamente as possíveis opções terapêuticas para pacientes com
covid-19, especialmente porque muitas das moléculas já têm segurança clínica em
humanos. Esse relatório fornece à comunidade científica um arsenal maior de
armas em potencial que podem ajudar a reduzir consideravelmente a pandemia
global em curso”, enfatiza, em comunicado, Sumit Chanda, diretor do Programa de
Imunidade e Patogênese do Instituto de Pesquisa Médica Sanford Burnham Prebys,
nos Estados Unidos, e autor sênior do estudo.
A equipe realizou extensos testes e estudos de validação,
incluindo avaliação dos medicamentos em biópsias de pulmões humanos feitas em
infectados pelo vírus, análises com diferentes dosagens das drogas, medição
constante da atividade antiviral e avaliação das drogas em busca de sinergias
com o remdesivir. “O remdesivir provou ser bem-sucedido em reduzir o tempo de
recuperação de pacientes no hospital, mas não funciona para todos que o
recebem. Isso não é bom o suficiente”, justifica Sumit Chanda
Todos os 21 compostos estão sendo testados em modelos de
pequenos animais e minipulmões, estruturas desenvolvidas em laboratório que
imitam o tecido humano do órgão. De acordo com os autores da pesquisa, se os
resultados dessa etapa forem favoráveis, a eles entrarão m contato com a FDA, a
agência de vigilância sanitária americana, para discutir a realização de
ensaios clínicos, com humanos.
“Com base em nossa análise atual, temos quatro medicamentos
que, no momento, representam as melhores opções de curto prazo para um
tratamento eficaz para a covid-19. Mas não queremos descartar as outras opções,
pois acreditamos que é importante buscar candidatos a medicamentos adicionais
e, dessa forma, termos várias opções terapêuticas caso o Sars-CoV-2 se torne
resistente”, adianta Chanda. As quatro drogas mais promissoras são:
clofazimina, hanfangchin A, apilimod e ONO 5334.
Soma de vantagens
Treze dos medicamentos são avaliados em testes com humanos,
mas para o tratamento de outras drogas. Dois deles, foram aprovados pela FDA: o
astemizol (contra alergias) e a clofazamina (contra hanseníase). Segundo Sumit
Chanda, essas características deixam o cenário ainda mais promissor, já que a
segurança do uso clínico de muitas dessas drogas está sendo avaliada ou já foi.
Em um momento de crise sanitária, todo o tempo ganho em
pesquisas pode fazer a diferença. “Como as taxas de infecção continuam a aumentar
na América e no mundo, permanece a urgência de encontrar medicamentos
acessíveis, eficazes e prontamente disponíveis que possam complementar o uso do
remdesivir, bem como medicamentos que possam ser administrados profilaticamente
ou ao primeiro sinal de infecção ambulatorial”, justifica. // TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE
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