Estudos não comprovam eficácia da ivermectina contra a
covid-19
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia
soltado uma nota no dia 10,
informando que os estudos relacionando a
ivermectina ao tratamento da covid-19 não eram conclusivo
AE Agência Estado
(foto:
Divulgação/Governo Federal)
A ivermectina, usada para tratamento contra parasitas em
seres humanos e animais, é tida como a nova medicação que irá curar - ou
prevenir - a infecção contra o coronavírus. Mesmo sem nenhum estudo conclusivo
comprovando a eficácia do remédio para tratar a covid-19, o Sindicato do
Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo
(Sincofarma) confirma que houve um aumento das prescrições, mas especialistas
alertam para os riscos de uso indevido.
Cientistas australianos publicaram em junho um estudo
científico informando que o remédio conseguiu parar a replicação do vírus em
laboratório. Foi o bastante para que muitos corressem até a farmácia para obter
a medicação que é indicada para tratar de verminose, sarna e bicho geográfico.
Professora associada do departamento de Microbiologia da
UFMG, Giliane de Souza Trindade afirma que é necessário que as pessoas saibam a
diferença de um teste feito em laboratório para outro aplicado em seres vivos.
"As pessoas ignoram isso, ficam procurando uma fórmula mágica. É a mesma
coisa da cloroquina (que também não tem eficácia comprovada)."
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia
soltado uma nota no dia 10, informando que os estudos relacionando a
ivermectina ao tratamento da covid-19 não eram conclusivos.
O texto também afirma que o uso do medicamento para
indicações não previstas na bula é de escolha e responsabilidade do médico
prescritor e que não existem remédios aprovados para prevenção ou tratamento da
doença no Brasil.
"O uso desse remédio cria uma falsa sensação de
segurança, com efeitos alérgicos e alteração no fígado", explica Jean Gorinchteyn,
infectologista do Hospital Emílio Ribas e Albert Einstein.
A auxiliar administrativa Nilza da Silva Gomes, de 49 anos,
moradora de Sorocaba, no interior de São Paulo, tomou a ivermectina como
prevenção contra a covid-19. Seu marido, da mesma idade, e a filha de 15 anos
também fizeram uso do medicamento. "Não sentimos nada diferente, nenhum
efeito colateral", afirmou. "Isso não significa que a gente vai se
descuidar das medidas preventivas, como o distanciamento social e o uso de máscara.
É só uma prevenção a mais", justificou Nilza
Ela contou que o medicamento, em falta nas farmácias, foi
comprado pela sua patroa. "Ela encomendou para a família dela e nos deu as
doses de presente. Como a gente já toma outro remédio para verme anualmente,
achamos que não teria nada demais, mas o propósito era mesmo de prevenção
contra a covid", disse.
Enfermeira que se tratou com cloroquina: ''Só com
acompanhamento médico''
Como a dosagem leva em conta o peso corporal, Nilza e a
filha tomaram dois comprimidos cada. Já o marido fez uso de três. A dosagem foi
repetida depois de 15 dias, no último dia 10.
Nilza disse que sua patroa testou positivo para o vírus
durante o tratamento com ivermectina. "Ela tinha tomado a primeira dose,
quando fez o exame simples e deu positivo. Então ela tomou a segunda dose fez
um novo exame mais completo. Aí deu negativo." Tomado de correio brasiliense
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