ATÉ TINTA PARA
PAREDES VIRA ARMA PARA COMBATER O AEDES AEGYPTI
Trazida pelo Brasil pelo empresário Roberto Lucena, uma
tinta desenvolvida pela empresa espanhola Inesfly promete ser uma arma fatal
para os mosquitos
Agência Estado AFP/Apu Gomes
Aedes aegypti, famigerado mosquito transmissor de dengue,
zika e chikungunya
Armadilhas de garrafa PET, bactéria, aplicativo de celular e
até uma tinta para paredes estão entre as novas estratégias para combater o
Aedes aegypti, famigerado mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya.
2,1 milhões de pessoas tiveram doenças ligadas ao Aedes em
2016
Trazida pelo Brasil pelo empresário Roberto Lucena, uma
tinta desenvolvida pela empresa espanhola Inesfly promete ser uma arma fatal
para os mosquitos. O produto está na reta final dos trâmites de aprovação pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deve chegar às prateleiras
neste ano.
"É uma tinta inseticida", resume Lucena. "Em
viagens e contatos feitos na Espanha, fui apresentado ao produto e convidado a
representá-lo no País. Acreditei imediatamente, não só pela eficácia mas também
pelo apelo no combate dos vetores de doenças como dengue, zika e
chikungunya."
Apesar de novidade por aqui, a tinta existe há mais de dez
anos e já é utilizada em 12 países - muitos deles africanos, onde a ênfase é no
combate aos mosquitos do gênero Anopheles, transmissores da malária. A tinta é
composta por microcápsulas em suspensão, que contêm inseticidas e reguladores
do crescimento de insetos. Esses ingredientes são liberados de modo gradual no
ambiente.
Lucena acredita que, se o produto for bem recebido, em breve
a empresa deve fabricá-lo no Brasil. "Não tenho dúvidas de que este será o
próximo passo", afirma. "Já tenho sido procurado por redes de lojas
de tinta interessadas em contar com o produto tão logo ele seja lançado."
A tinta poderá ser aplicada em um procedimento comum, por qualquer pintor. A
ideia é que o produto chegue ao mercado com preço sugerido de R$ 526,10 (lata
de 4 litros).
Armadilhas
E esta não é a única novidade para a próxima temporada das
chuvas. Um projeto experimental lançado em Rio Branco no início do ano pela
organização não governamental WWF-Brasil deve chegar ao Recife até o fim do
ano. A ideia é engajar a população para a produção de armadilhas para o
mosquito. São simples, feitas de garrafa PET. No interior, uma infusão de grama
serve como atrativo para que fêmeas depositem ali seus ovos.
Uma vez recolhidos, os ovos são fotografados e contados. Em
seguida, tudo vai para um aplicativo, o Aetrapp. "Conforme vamos expandindo
o projeto, esperamos que se torne como o Waze ou o Tinder do Aedes",
compara Marcelo Oliveira, especialista em conservação do WWF-Brasil.
Então, as pessoas poderão saber, por geolocalização, qual o
nível da presença do inseto na sua vizinhança. "Sem falar que os ovos
recolhidos são descartados, ou seja, diminui a reprodução do Aedes na
natureza", afirma o especialista.
Na nova fase do projeto, o app estará conectado às redes
sociais "As pessoas gostam de mostrar engajamento no Facebook",
comenta Oliveira. "Esperamos que, assim, mais gente se anime a participar
do projeto."
O projeto Eliminar a Dengue, esforço internacional no Brasil
capitaneado pela Fundação Oswaldo Cruz, também chega a uma nova fase. Depois de
espalhar mosquitos contaminados com a bactéria Wolbachia pipientis em regiões
do Rio no ano passado, agora a ideia é que até o fim de 2018 tais insetos
estejam em uma região mais abrangente, habitada por 2,5 milhões no Estado.
Presente em mais de
70% dos insetos do mundo, a bactéria Wolbachia não é infecciosa nem é capaz de
infectar vertebrados, incluindo humanos. Mas cientistas da Austrália
demonstraram que ela consegue bloquear a transmissão do vírus da dengue no
Aedes. No mosquito infectado por ela, o vírus da dengue não se estabelece. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo
TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE
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