EXPLORAÇÃO VORAZ DO SOLO PODE INTENSIFICAR A FOME, aponta
relatório
Nações Unidas alerta que, se não mudarmos as práticas de uso
da terra, há o risco de enfrentarmos uma catástrofe alimentar. Os autores
ressaltam, ainda, que a ação humana predatória tem os efeitos intensificados
pelas mudanças climáticas
PO Paloma Oliveto
Segundo o documento
feito por especialistas de mais de 50 países, ao menos 500 milhões de pessoas
vivem em áreas que sofrem desertificação(foto: Orlando Sierra/AFP)
Segundo o documento feito por especialistas de mais de 50
países, ao menos 500 milhões de pessoas vivem em áreas que sofrem
desertificação
(foto: Orlando Sierra/AFP)
A voracidade com que o homem tem explorado o solo é uma
ameaça à segurança alimentar e, caso não modifique os padrões produtivos, boa
parte da população mundial corre o risco de passar fome. Especialmente em
tempos de mudanças climáticas, que intensificam as pressões sem precedentes
impostas por indústria e agropecuária, é preciso agir em curto prazo para
evitar uma catástrofe. Esses são os recados principais de um documento com 1,2
mil páginas elaborado por cientistas e aprovado pelos 195 países-membros da
Organização das Nações Unidas na quarta-feira. Nesta quinta-feira (8/9), o
conteúdo do documento foi divulgado pela ONU.
O relatório é fruto de três anos de trabalho de uma centena
de cientistas de mais de 50 países, especialistas em solo e clima. “Temos que
mudar substancialmente a maneira como utilizamos nossas terras. Precisamos
pensar de maneira muito mais exaustiva como utilizaremos cada hectare. As
terras têm que permitir cultivar nossa comida, proporcionar biodiversidade e
água doce, dar trabalho a bilhões de pessoas e capturar bilhões de toneladas de
carbono”, disse, em uma coletiva de imprensa em Genebra, Piers Forster,
professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e um dos autores do
relatório.
De acordo com o texto, atualmente, 72% da superfície do
planeta livre de gelo é explorada pela humanidade. A intensificação do uso do
solo libera o dióxido de carbono estocado pela vegetação e também causa erosão,
reduzindo a capacidade da terra de suportar o plantio e manter o CO2 livre da
atmosfera, alertam os cientistas no relatório, segundo o qual um terço de todo
o solo já está degradado.
“Hoje, 500 milhões de pessoas vivem em áreas que passam por
desertificação. As pessoas que já vivem em áreas degradadas ou desertificadas
estão sendo afetadas cada vez mais negativamente pelas mudanças climáticas”,
observou Valérie Masson-Delmonte, vice-presidente de um dos três grupos de
trabalho do IPCC. “A forma como temos usado o solo não é sustentável e
contribui para as mudanças climáticas”, disse, lembrando que o aumento da
temperatura se soma às atividades humanas predatórias, o que amplifica mais
ainda a pressão sobre o planeta.
Fome e desperdício
Jim Skea, copresidente de outro grupo de trabalho, destacou
que, como se não bastasse a pressão sobre o solo, até 30% dos alimentos são
perdidos ou desperdiçados. Isso em meio a relatos recentes de que mais de 820
milhões de pessoas estão subnutridas no mundo. Ele lembrou que, com as
estimativas de que a população global chegue a 10 bilhões em 2050, o quadro se
agravará.
Na coletiva de imprensa, Skea destacou que os países devem
encontrar meios de lidar com o desperdício, reduzindo, assim, a pressão sobre o
solo e as emissões resultantes dos gases de efeito estufa decorrentes, inclusive,
do cultivo de espécies para geração de biocombustíveis. “Limitar o aquecimento
global a 1,5ºC ou mesmo a 2ºC envolverá a remoção de dióxido de carbono da
atmosfera, e a terra tem um papel crítico a desempenhar nessa tarefa. As
práticas agrícolas podem ajudar a estocar o carbono nos solos, mas também podem
significar o uso de mais bioenergia com ou sem captura e armazenamento de
carbono.”
Emissão de CO2
De acordo com o
relatório do IPCC, agricultura, silvicultura e outros usos da terra
contribuem para cerca de um quarto das emissões de gases de efeito estufa, fato
que os formuladores de políticas devem considerar ao decidir como devem
investir para se adaptar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. “Reduzir
as emissões de gases de efeito estufa de todos os setores é essencial se
quisermos manter a carga em 2ºC”, disse Debra Roberts, vice-presidente do grupo
de trabalho II. Hans-Otto Pörtner, copresidente do grupo III, ressaltou que
essas medidas têm de ser imediatas. “Não há possibilidade de alguém dizer: ‘Ah,
a mudança climática está acontecendo e nós vamos nos adaptar a ela. A
capacidade de adaptação é limitada.”Continua depois da publicidade
Em nota, Paulo Adário, estrategista sênior de florestas da
Organização Não Governamental Greenpeace, disse que o relatório do IPCC indica
que já não basta zerar as emissões globais de combustíveis fósseis. “É
fundamental zerar o desmatamento, proteger e restaurar nossas florestas e
ecossistemas naturais, que são sorvedouros naturais de CO2, além de substituir
commodities agrícolas por alimentos sustentáveis, reduzindo a produção e o
consumo de carne, hoje o maior vetor de destruição da Amazônia e outros
ecossistemas”.
Segundo o IPCC, o consumo de carne mais do que duplicou nos
últimos 60 anos, à medida que os solos foram convertidos para uso agrícola a um
ritmo sem precedentes na história da humanidade. Hoje, as emissões do sistema
alimentar como um todo, incluindo produção e consumo, representam até 37% do
total global de emissões de gases de efeito estufa induzidas pelo homem.
La explotación voraz del suelo puede intensificar el hambre,
señalan puntos
Las Naciones Unidas advierten que si no cambiamos las
prácticas de uso de la tierra, existe el riesgo de enfrentar un desastre
alimentario. Los autores también señalan que la acción humana depredadora tiene
los efectos intensificados por el cambio climático.
PO Paloma Oliveto
Según expertos de más
de 50 países, al menos 500 millones de personas viven en áreas de
desertificación (foto: Orlando Sierra / AFP)
Según expertos de más de 50 países, al menos 500 millones de
personas viven en áreas de desertificación
(foto: Orlando Sierra / AFP)
La voracidad con la que el hombre ha explotado el suelo es
una amenaza para la seguridad alimentaria y, si no cambia los patrones de
producción, gran parte de la población mundial corre el riesgo de morir de
hambre. Especialmente en tiempos de cambio climático, que intensifican las
presiones sin precedentes impuestas por la industria y la agricultura, es
necesaria una acción a corto plazo para evitar una catástrofe. Estas son las
palabras clave de un documento de 1.200 páginas preparado por científicos y
aprobado por 195 países miembros de las Naciones Unidas el miércoles. Este
jueves (8/9), el contenido del documento fue publicado por la ONU.
El informe es el fruto de tres años de trabajo de cien
científicos de más de 50 países, expertos en suelo y clima. “Tenemos que
cambiar sustancialmente la forma en que usamos nuestra tierra. Necesitamos
pensar mucho más a fondo sobre cómo utilizaremos cada hectárea. La tierra debe
permitirnos cultivar nuestros alimentos, proporcionar biodiversidad y agua
dulce, trabajar para miles de millones de personas y capturar miles de millones
de toneladas de carbono ”, dijo Piers Forster, profesor de la Universidad de
Leeds, en una conferencia de prensa en Ginebra. Reino Unido, y uno de los
autores del informe.Continúa después de la publicidad.
Según el texto, actualmente el 72% de la superficie del
planeta sin hielo es explotado por la humanidad. El uso intensivo de la tierra
libera dióxido de carbono almacenado por la vegetación y también causa erosión,
reduciendo la capacidad de la tierra para apoyar la siembra y manteniendo el
CO2 libre de la atmósfera, advierten los científicos en un informe que un
tercio de todos El suelo ya está degradado.
“Hoy, 500 millones de personas viven en áreas que sufren
desertificación. Las personas que ya viven en áreas degradadas o desertificadas
se ven cada vez más afectadas negativamente por el cambio climático ”, dijo
Valérie Masson-Delmonte, vicepresidenta de uno de los tres grupos de trabajo
del IPCC. "La forma en que hemos estado usando el suelo no es sostenible y
contribuye al cambio climático", dijo, y señaló que el aumento de las
temperaturas se suma a las actividades humanas depredadoras, lo que amplifica
aún más la presión sobre el planeta.
Hambre y desperdicio
Jim Skea, copresidente de otro grupo de trabajo, señaló que,
si la presión sobre el suelo no fuera suficiente, se pierde o desperdicia hasta
el 30% de los alimentos. Esto en medio de informes recientes de que más de 820
millones de personas están desnutridas en el mundo. Recordó que con la
población mundial estimada en llegar a 10 mil millones para 2050, la imagen
empeorará.
En la conferencia de prensa, Skea enfatizó que los países
deberían encontrar formas de lidiar con los desechos, reduciendo así la presión
sobre el suelo y las emisiones de gases de efecto invernadero del cultivo de
especies para biocombustibles. “Limitar el calentamiento global a 1.5 ° C o
incluso 2 ° C implicará la eliminación de dióxido de carbono de la atmósfera, y
la Tierra tiene un papel fundamental que desempeñar en esta tarea. Las
prácticas agrícolas pueden ayudar a almacenar carbono en los suelos, pero
también pueden significar usar más bioenergía con o sin captura y
almacenamiento de carbono ”.
Emisión de CO2
Según el informe del IPCC, la agricultura, la silvicultura y
otros usos de la tierra representan aproximadamente una cuarta parte de las
emisiones de gases de efecto invernadero, un hecho que los responsables de las
políticas deben tener en cuenta al decidir cómo invertir para adaptar y mitigar
los efectos. del cambio climático. "Reducir las emisiones de gases de
efecto invernadero de todos los sectores es esencial si queremos mantener la
carga a 2 ° C", dijo Debra Roberts, vicepresidenta del grupo de trabajo
II. Hans-Otto Pörtner, copresidente del Grupo III, destacó que tales medidas
deben ser inmediatas. “No hay posibilidad de que alguien diga: 'Ah, está
ocurriendo el cambio climático y nos adaptaremos a él. La adaptabilidad es
limitada ".
En un comunicado, Paulo Adario, estratega forestal principal
de la Organización No Gubernamental de Greenpeace, dijo que el informe del IPCC
indica que reducir a cero las emisiones mundiales de combustibles fósiles ya no
es suficiente. "Es esencial eliminar la deforestación, proteger y
restaurar nuestros bosques y ecosistemas naturales, que son sumideros naturales
de CO2, y reemplazar los productos agrícolas con alimentos sostenibles,
reduciendo la producción y el consumo de carne, hoy el mayor vector de
destrucción en la Amazonía y otros ecosistemas ".Continúa después de la
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Según el IPCC, el consumo de carne se ha más que duplicado
en los últimos 60 años, ya que los suelos se han convertido para uso agrícola a
un ritmo sin precedentes en la historia humana. Hoy en día, las emisiones del
sistema alimentario en su conjunto, incluida la producción y el consumo,
representan hasta el 37% de las emisiones globales totales de gases de efecto
invernadero producidas por el hombre.
TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE
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