Com a taxa de transmissão do novo coronavírus acima de 1 e 317.880 infectados pelo vírus, o Distrito Federal vive um momento crítico, chegando a ter todos os leitos de UTI para adultos ocupados. As dez vagas disponíveis na rede pública são para crianças e bebês
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AB Adriana Bernardes
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press )
Há pouco mais de um ano após a chegada do vírus na capital,
os brasilienses começam a semana em um dos cenários mais críticos até agora.
Apesar das medidas restritivas, como o fechamento do comércio e o toque de
recolher, o índice de isolamento social registrado ontem era de 39,73%, segundo
dados da plataforma Inloco. A rede pública de saúde atingiu, nesse domingo à
noite, a capacidade máxima de ocupação dos leitos para adultos de unidade de
terapia intensiva (UTI) voltados para o tratamento da doença (100%).
Apenas nas últimas 24 horas, foram 1.699 novos infectados e
19 mortes notificadas, sendo que três delas ocorreram ontem. Somente no DF, a
covid-19 matou 5.116 pessoas e infectou 317.880 (278.567 são residentes da
capital). Desses, 296.802 recuperaram-se da doença.
Ontem, os leitos de UTI adulto chegaram a ficar todos
ocupados. Recente atualização do InfoSaúde, painel de dados da Secretaria de
Saúde mostrava, até as 19h, que havia apenas 10 leitos disponíveis (sete
pediátricos e três neonatais). Anteriormente, a pasta havia informado que há
perspectiva de abrir 221 novos leitos este mês. Nos hospitais particulares, a
situação não é diferente. Com 98,77% da capacidade atingida, há apenas cinco
leitos disponíveis, sendo quatro adultos e um pediátrico.
O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) decretou, na
quarta-feira passada, bandeira vermelha, limitando o atendimento para os
pacientes em estado grave em decorrência do novo coronavírus.
Um dia antes, vistoria da força-tarefa do Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na unidade de saúde definiu o local
como “um cenário de guerra”. A taxa de transmissão da covid-19 está em 1,01,
como anunciado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), ontem, no Twitter oficial
do chefe do Buriti. Apesar da leve queda, o número ainda é alto e preocupante.
A enfermeira Lídia Rodrigues, 31 anos, trabalha no
pronto-socorro do Hran e relata que a situação dos últimos dias é a pior desde
o início da crise sanitária. “Estamos lotados, a equipe sobrecarregada e os
pacientes todos em situação grave. Todo dia chegam mais pessoas e, mesmo com a
abertura de mais leitos, a situação não melhora”, conta.
“Precisamos passar doze ou seis horas de plantão
paramentados com gorro, capote, máscaras N95 e todos os itens de proteção individual
para nos protegermos e protegermos os pacientes. É exaustante, mas estamos
fazendo nosso melhor”, completa Lídia. A enfermeira foi a primeira a ser
vacinada contra a doença no DF e atua no box emergencial do Hran desde o início
da pandemia.
Gama
O colapso no sistema de saúde foi relatado por um
profissional de saúde do Hospital Regional do Gama (HRG). Ele usou o prontuário
de um paciente para denunciar a situação e descreveu o drama enfrentado pela
equipe médica. No desabafo chocante, afirmou que a unidade de saúde está com
180% de lotação.
O pedido é de socorro. No texto, ao qual o Correio teve
acesso, o profissional alerta: “O bloco respiratório covid-19 do HRG em estado
caótico. Estamos com lotação em 180%. Necessitamos com urgência da liberação de
leitos de UTI e transferência dos pacientes”, desabafou. Ele denuncia: não há
espaço físico, pontos de oxigênio, bombas de infusão, nem sequer ventiladores
mecânicos — equipamentos essenciais para o tratamento de pacientes graves.
Segundo ele, há pontos de oxigênio sendo compartilhados por até três pacientes.
Por fim, o profissional reitera que “todos os pacientes aqui
(HRG) internados estão sob elevadíssimo risco de desfecho negativo, incluindo
óbito”. Fontes revelaram ao Correio que, para tentar desafogar a superlotação
no Hospital do Gama, alguns pacientes estão sendo transferidos ao Hospital da
PM.
A direção do Hospital Regional do Gama (HRG) informou, por
meio de nota oficial, que, devido à grande demanda de pacientes graves, os
pacientes com estado clínico estável e sem gravidade do bloco respiratório
estão aguardando um tempo maior para receberem a visita do médico e não há
paciente desassistido.
A Secretaria de Saúde explicou que as unidades hospitalares
estão apresentando superlotação, com número crescente de pessoas procurando por
atendimento. Todas as unidades da rede pública estão trabalhando intensamente
para que os pacientes sejam atendidos em curto espaço de tempo e da melhor
maneira possível, dentro de um contexto de pandemia.
Variantes
De acordo com a Secretaria de Saúde, pelo menos quatro
variantes da covid-19 circulam no DF. São elas: P1, de Manaus; P2, do Rio de
Janeiro; B.1.128, uma das primeiras cepas a circular no DF; e a B.1.1.143,
outra linhagem também registradas em diversos estados. Estas cepas foram
identificadas pelo Laboratório de Saúde Central do Distrito Federal (Lacen-DF).
Tomado de envio de correio brasiliense
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