Cientistas fazem
avanço rumo à vacina contra o coronavírus
Pesquisadores criam mapa 3D da parte do micro-organismo que
consegue infectar as células humanas. O trabalho inédito poderá ajudar outros
pesquisadores a criarem imunizações e tratamentos eficazes
Jason McLellan (E), líder do estudo, com aluno: equipe
estuda vírus parecidos há muitos anos. O novo trabalho durou menos de um mês(foto:
Vivian Abagiu/Univ. of Texas at Austin)
Pesquisadores da Universidade do Texas (UT) em Austin deram
um passo crítico em direção ao desenvolvimento de uma vacina contra
o novo coronavírus, o COVID-19. Eles anunciaram nesta quarta-feira
(19/2), na revista Science, a criação do primeiro mapa 3D em escala
atômica da parte do micro-organismo que se liga às células humanas e as
infecta. O mapeamento dessa região, chamada proteína spike, é uma etapa essencial
para que cientistas de todo o mundo possam desenvolver imunizações e
medicamentos antivirais para combater o vírus. A equipe também está trabalhando
em um candidato a vacina viável, com base nos resultados da pesquisa.
Jason McLellan, professor-associado da UT Austin, que
liderou o estudo, conta que ele e os demais pesquisadores passaram muitos anos
estudando outros coronavírus, incluindo SARS-CoV e MERS-CoV. Eles já haviam
desenvolvido métodos para adequar a proteína spike em um formato que tornou
mais fácil a análise dessa parte do vírus, com objetivo de usá-la no
desenvolvimento de uma vacina. De acordo com McLellan, a experiência lhes deu
uma vantagem sobre outras equipes que estudam o novo micro-organismo. “Assim que
soubemos que era um coronavírus, sentimos que tínhamos que nos voltar o mais
rápido possível para ele porque poderíamos ser um dos primeiros a obter essa
estrutura. Sabíamos exatamente quais mutações usar”, diz o pesquisador.
A maior parte da pesquisa foi realizada pelos coprimeiros
autores do estudo, o estudante de pós-doutorado Daniel Wrapp e o pesquisador
associado Nianshuang Wang, ambos da UT Austin. Apenas duas semanas após receber
a sequência genômica do vírus de pesquisadores chineses, a equipe projetou e
produziu amostras de sua proteína estabilizada. Foram necessários mais 12 dias
para reconstruir o mapa em escala atômica 3D — chamado estrutura molecular — da
proteína spike e enviar um manuscrito para a revista Science, que acelerou o
processo de revisão por pares, quando outros cientistas passam um pente-fino
nos artigos. As muitas etapas envolvidas nesse processo normalmente levam meses
para serem concluídas.
Resposta imune
Crítica para o sucesso foi a tecnologia de ponta conhecida
como microscopia eletrônica criogênica (cryo-EM), disponível no novo
Laboratório Sauer de Biologia Estrutural da UT Austin. O equipamento permite
que os pesquisadores criem modelos 3D em escala atômica de estruturas
celulares, moléculas e vírus. “Acabamos sendo os primeiros, em parte devido à
infraestrutura do Sauer Lab”, afirma McLellan. “Isso destaca a importância de
financiar instalações básicas de pesquisa.”
A molécula que a equipe produziu e para a qual os cientistas
obtiveram uma estrutura representa apenas a porção extracelular da proteína
spike, mas é suficiente para provocar uma resposta imune nas pessoas e, assim,
servir como vacina. Agora, a equipe planeja usar a molécula para buscar outra
linha de ataque contra o COVID-19, usando o conjunto atômico como uma “sonda”
para isolar anticorpos produzidos naturalmente de pacientes que foram
infectados com o novo coronavírus e se recuperaram.
Em quantidades suficientemente grandes, esses anticorpos
podem ajudar a tratar uma infecção por coronavírus logo após a exposição. Por
exemplo, os anticorpos poderiam proteger soldados ou profissionais de saúde
enviados para uma área com altas taxas de infecção em um prazo muito curto para
que a imunidade de uma vacina tivesse efeito.
Não participante do estudo, o infectologista Benjamin
Neuman, da Texas A&M University-Texarkana, avalia que o trabalho da equipe
de McLellan é um grande avanço no enfrentamento contra o COVID-19. “É uma
bela e nítida estrutura de uma das proteínas mais importantes do coronavírus,
um verdadeiro avanço para entender como o coronavírus encontra e entra nas
células”, diz à agência France-Presse de notícias. // tomado de correio brasiliense
No hay comentarios:
Publicar un comentario