Quanto maior o índice de massa corporal (IMC) de um indivíduo, maior a probabilidade de ele testar positivo para o Sars-CoV-2, mostra estudo israelense. Até quem está com sobrepeso corre mais perigo - nesse caso, o aumento no contágio é de 22%
CB Correio Braziliense
Pesquisa mostra ainda que, a cada ponto a mais no IMC, há um
acréscimo de 2% na possibilidade de o teste para covid dar positivo - (crédito:
Alfredo Estrella/AFP - 2/2/21)
Pesquisas e observações clínicas têm mostrado que o excesso
de peso deixa um paciente com covid-19 mais vulnerável ao agravamento da
doença. Um estudo apresentado na edição deste ano do Congresso Europeu sobre
Obesidade — que acontece, de forma remota, até esta quinta-feira — mostra que a
obesidade e o sobrepeso também podem aumentar o risco de um indivíduo ser
infectado pelo novo coronavírus. Em média, a cada ponto a mais no índice de
massa corporal, o IMC, há um acréscimo de cerca de 2% na possibilidade de se
testar positivo para infecção pelo Sars-CoV-2.
A equipe de cientistas, liderada por Hadar Milloh-Raz, do
Centro Médico Chaim Sheba, em Israel, alerta que pessoas acima do peso e com
outras comorbidades, como hipertensão ou diabetes, estão em uma situação ainda
mais delicada. “À medida que o IMC sobe acima do normal, a probabilidade de um
resultado positivo do teste aumenta, mesmo quando ajustado para uma série de
variáveis do paciente. Além disso, algumas das comorbidades associadas à
obesidade parecem estar associadas a um risco aumentado de infecção”, escrevem,
em comunicado.
O estudo foi conduzido no maior complexo hospitalar do
Oriente Médio. No início da pandemia, o Centro Médico Chaim Sheba adotou a
política de que todos os pacientes internados fossem testados para covid-19
independentemente dos sintomas apresentados ou do motivo da admissão. Entre 16
de março de 2020 e 31 de dezembro de 2020, 26.030 pessoas foram testadas, sendo
que 1.178 apresentaram um resultado positivo para a infecção pelo novo
coronavírus, o equivalente a 4,5% dos pacientes.
A equipe também mediu o IMC de todos hospitalizados e
considerou outras informações que poderiam interferir no quadro de
vulnerabilidade. São elas: idade, sexo e presença de comorbidades, incluindo
insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus, hipertensão, doença
isquêmica do coração, acidente vascular cerebral e doença renal crônica.
As análises mostram que, considerando indivíduos sem
problemas com a balança, o risco de infecção entre obesos não só aumenta como
fica maior conforme a gravidade do excesso de peso. Pacientes classificados com
sobrepeso (IMC entre 25 e 29,9) apresentaram risco 22% maior de testar
positivo. Naqueles com obesidade grau 1 (IMC de 30 a 34,9), a taxa subiu para
27%, com grau 2 (IMC de 35 a 39,9), para 38%, e com grau 3 (IMC igual ou maior
que 40), para 86%.
A equipe também encontrou associações positivas e negativas
entre a probabilidade de testar positivo para o Sars-CoV-2 e a presença de
comorbidades ligadas à obesidade. Em hipertensos, por exemplo, o risco é seis
vezes maior. O diabetes, por sua vez, foi associado a um aumento de 30%. Por
outro lado, a ocorrência de AVC, doença isquêmica do coração e doença renal
crônica parece reduzir o risco: em 39%, 55% e 45%, respectivamente. Os autores
não explicam, no estudo, as razões ligadas às quedas.
Gordura abdominal
Também apresentado no congresso europeu, um estudo mostra
que a gordura abdominal pode ser melhor que o IMC para avaliar a necessidade de
uma pessoa com covid-19 precisar de internação hospitalar. Os cientistas, do
Policlinico San Donato, na Itália, chegaram à conclusão analisando ambos os
métodos de mensuração com o escore de gravidade da radiografia de tórax (CXR),
que avalia o desempenho pulmonar de um indivíduo. O CXR pode ter um máximo de
18 pontos, sendo, nesse estudo, um escore alto definido como oito ou mais
pontos.
A equipe avaliou dados de 215 pacientes internados no
hospital italiano. Aqueles com obesidade abdominal apresentaram escores de
gravidade CXR significativamente maiores (mediana 9), em comparação ao sem
obesidade abdominal (mediana 6). De uma forma geral, pacientes com obesidade
abdominal tinham risco 75% maior de um escore de gravidade CXR mais alto — e,
portanto, um pior resultado relacionado à covid-19, quando comparados aos sem
esse tipo de complicação na barriga.
Ao olhar para o método tradicionalmente usado, o IMC, os
cientistas não perceberam diferenças estatisticamente significativas nas
pontuações entre aqueles com peso normal, sobrepeso ou obesidade geral. “A
obesidade abdominal pode predizer um escore alto de gravidade na radiografia de
tórax melhor do que a obesidade geral em pacientes hospitalizados com covid-19.
Portanto, no hospital, a circunferência da cintura deve ser medida, e os
pacientes com obesidade abdominal devem ser monitorados de perto”, defendem.
90% das mortes
Um estudo divulgado, neste mês, pela Federação Mundial de
Obesidade mostra que 90% dos óbitos por covid-19 ocorreram em países com altas
taxas de obesidade. Ou seja, das 2,5 milhões de mortes pelo Sars-CoV-2, 2,2
milhões foram registradas em nações com altos níveis de obesidade. Em média, a
taxa de mortalidade pela doença desencadeada pelo novo coronavírus é 10 vezes
maior nos locais em que mais da metade da população está acima do peso. O
estudo é resultado de um cruzamento de dados da Johns Hopkins University, nos
Estados Unidos, e do Observatório de Obesidade, ligado à Organização Mundial da
Saúde. Os autores defendem que pessoas com obesidade façam parte dos grupos
prioritários de vacina.
TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE
No hay comentarios:
Publicar un comentario