viernes, 11 de enero de 2019

MUDANÇAS NO SONO PODEM ACUSAR O ALZHEIMER E AJUDAR EM EXAME PRECOCE


Processo começa antes do declínio cognitivo, segundo americanos. A descoberta pode ajudar na criação de um exame precoce para a doença
PO Paloma Oliveto
Silenciosa e sem pressa, a doença de Alzheimer começa a provocar alterações no cérebro até duas décadas antes que os sintomas característicos, como perda de memória e confusão, surjam. Muito antes que o declínio cognitivo se manifeste, o acúmulo da molécula beta-amioloide vai formando placas de gordura entre os neurônios. Mais tarde, ocorrem os emaranhados da proteína tau, o que provocará a atrofia de importantes regiões cerebrais. É nessa fase que a enfermidade, que afeta 35 milhões de pessoas de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), começa a ser diagnosticada.
Embora ainda não existam medicamentos que ajam diretamente no controle da patologia, especialistas entendem que há urgência em se buscar marcadores do Alzheimer antes que as substâncias acumuladas no cérebro provoquem o declínio cognitivo. Para fazer esse diagnóstico precoce, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Washington aposta em um exame simples e não invasivo que, ao detectar alterações nos padrões de sono, prediz o risco da doença antes ou imediatamente depois de os primeiros sintomas se manifestarem. Os cientistas apresentaram o resultado de um teste com mais de 100 pessoas na revista Science Translational Medicine.
Brendan Lucey, professor de neurologia e diretor do Centro de Medicina do Sono da universidade americana, explica que a baixa qualidade do sono é uma característica do Alzheimer. Os pacientes costumam acordar cansados e, à noite, os sintomas pioram, dificultando ainda mais o descanso. A associação disso com a doença ainda é motivo de estudos. “Acredita-se atualmente que a relação seja de duas vias. Primeiro, distúrbios no sono podem aumentar o risco de se desenvolver o Alzheimer Segundo, mudanças na atividade sono/ vigília podem ser devido à patologia da doença. Nosso artigo se foca nesse aspecto da relação”, conta.
De acordo com Lucey, o estudo mostrou que idosos com menor registro de ondas lentas, uma atividade do sono profundo necessária para a consolidação das memórias e para se acordar bem-disposto, têm níveis maiores da proteína tau no cérebro. Em excesso, essa substância destrói os neurônios e causa emaranhados de tecidos danificados entre importantes regiões cerebrais. “Vimos essa relação em pessoas que eram normais do ponto de vista cognitivo ou com alterações muito suaves. Isso significa que uma atividade de ondas lentas reduzida pode ser o marcador da transição entre a cognição normal e a alterada”, diz a também autora do estudo Gretchen P. Jones, diretora do Departamento de Neurologia da Universidade de Washington. “Medir a atividade do sono de forma não invasiva pode ser uma nova forma de rastrear a doença antes ou logo depois de as pessoas desenvolverem problemas de memória e pensamento”, afirma.  TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE

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