Uma segunda mulher está grávida de um bebê editado
geneticamente após os experimentos do cientista chinês He Jiankui
AF Agência France-Presse
Jiankui provocou polêmica em novembro de 2018, ao anunciar o
nascimento de gêmeas com o DNA modificado para que sejam imunes ao vírus da
aids(foto: Agência France Presse )
Uma segunda mulher está grávida de um bebê editado
geneticamente após os experimentos do cientista chinês que afirmou ter criado
os primeiros bebês do mundo com técnicas de edição de genoma, confirmaram nesta
segunda-feira (21) as autoridades chinesas citadas pela agência Xinhua,
acrescentando que o pesquisador será alvo de uma investigação policial.
He Jiankui provocou polêmica na comunidade científica
mundial em novembro de 2018, ao anunciar o nascimento de gêmeas com o DNA
modificado para que sejam imunes ao vírus da aids.
He Jiankui informou depois, em um fórum em Hong Kong, que
havia "outra provável gravidez".
Uma investigação do governo provincial de Guangdong (sul)
confirmou desde então a existência desta pessoa, que continua grávida, indicou
a agência Xinhua.
Esta mulher, assim como as gêmeas da primeira gravidez,
estarão sob observação médica, declarou um investigador ao meio estatal.
Segundo os resultados da investigação, He Jiankui "produziu
falsos documentos de avaliação ética", montou "de forma privada"
uma equipe de pesquisa que incluía cientistas estrangeiros e utilizou
"tecnologia cuja segurança e eficácia são duvidosas".
Os investigadores afirmaram à Xinhua que o cientista
"busca a fama" e que utilizou seus "próprios fundos" para
realizar o projeto.
No total, havia oito casais voluntários para a experiência,
segundo os pesquisadores, e um deles desistiu durante o processo.
Condenação
internacional imediata
A condenação da comunidade científica chinesa e do mundo foi
generalizada após o anúncio, em novembro. Os detalhes da experiência nunca
foram verificados de forma independente.
O governo chinês tinha exigido a suspensão das atividades
científicas do pesquisador dias depois de que o estudo foi anunciado
publicamente.
Este tipo de edição genética aplicada a humanos é proibida
na grande maioria dos países, inclusive na China.
He Jiankui será "tratado [...] de acordo com a
lei" e seu caso "vai ser transferido aos órgãos encarregados da
segurança pública", indicou a Xinhua nesta segunda-feira.
Na cúpula do genoma em novembro em Hong Kong, o cientista
disse que estava "orgulhoso" de ter alterado os genes do bebê, dados
os estigmas que afetam os pacientes com aids no país.
O protesto público contra seu experimento permitiu também
trazer à luz a crescente epidemia de aids na China, que registrou um aumento
drástico de novos casos nos últimos anos. He Jiankui, formado na universidade
americana de Stanford, disse ter utilizado a técnica CRISPR/Cas9, que atua como
uma tesoura, retirando e substituindo partes indesejáveis do genoma. As gêmeas
nasceram, disse, após uma fertilização in vitro feita a partir de embriões
editados antes de serem implantados no útero da mãe.
Esta técnica é extremamente controversa, principalmente
porque as modificações poder ser transmitidas às gerações futuras e afetar o
conjunto do patrimônio genético.
Depois da polêmica, a comunidade científica pediu um tratado
internacional sobre a edição genética. // TOMADO DE CORREIO BRAZILENSE
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