Duas moléculas presentes no sangue de pessoas que foram
curadas da Covid-19 conseguem impedir que o Sars-Cov-2 infecte as células.
Resultados laboratoriais animam pesquisadores chineses, que planejam iniciar
testes com humanos em seis meses
VS Vilhena Soares
Pesquisa começou com a análise de 206 anticorpos: a equipe
identificou dois após estudar quase 10% da amostra(foto: AFP / Douglas MAGNO)
Cientistas da China detectaram mais uma abordagem com
potencial de combater o vírus causador da Covid-19. Os
investigadores observaram, em laboratório, uma resposta extremamente eficaz de
alguns anticorpos contra o Sars-Cov-2. O plano da equipe é testar “o mais
rápido possível” as moléculas em animais e, logo em seguida, em humanos.
Iniciado em janeiro, o estudo é conduzido por cientistas da
Universidade Tsinghua, em Pequim, que contaram com a ajuda de especialistas do
Terceiro Hospital Popular em Shenzhen, também na China. O grupo analisou
anticorpos coletados de amostras sanguíneas de oito pessoas infectadas pelo
vírus da Covid-19 e que foram curadas da doença. A partir do material, a
equipe isolou 206 anticorpos monoclonais devido à forte capacidade de se ligar
ao novo coronavírus e a suas proteínas.
Em seguida, foram realizados novos testes para detectar se
os anticorpos realmente podiam impedir que o vírus entrasse nas células
humanas. Entre os primeiros 20 anticorpos testados, quatro conseguiram bloquear
a entrada viral. Desses, dois são considerados “extremamente bons” na função,
segundo os pesquisadores.
Os anticorpos promissores interrompem uma ação essencial
para que o vírus infecte células. “Eles impedem a interação entre o
receptor-binding domain (RBD viral) e o receptor celular ACE2,
interferindo, assim, na entrada viral”, explicaram os cientistas em artigo
publicado na plataforma on-line bioRxiv.
Ação conjunta
A equipe, agora, está focada em identificar os anticorpos
mais poderosos entre os 206 separados e, possivelmente, combiná-los para
potencializar suas forças no combate ao novo coronavírus. Se os resultados
forem positivos, a equipe acredita que outros especialistas poderão produzir
essas moléculas, aumentando o material a ser usado em novas pesquisas
científicas.
Líder do estudo e pesquisador da Universidade de Tsinghu,
Linqi Zhang estima que os anticorpos serão testados em humanos em seis meses.
Segundo ele, as expectativas da equipe são grandes. “A especificidade e as
características dos anticorpos detectadas nessa investigação requerem uma
análise mais aprofundada. No entanto, os diversos e potentes anticorpos
neutralizantes identificados são candidatos promissores para intervenções
profiláticas e terapêuticas em Sars-Cov-2”, frisou.
O pesquisador enfatiza ainda que anticorpos não são uma
vacina, mas são uma grande aposta da ciência contra complicações. “A
importância dos anticorpos já foi comprovada no mundo da medicina há décadas.
Eles podem ser usados para tratar câncer, doenças autoimunes e infecciosas”,
ilustrou. Segundo Linqi Zhang, as moléculas poderiam ser dadas a pessoas
mais vulneráveis à infecção pelo novo coronavírus. “Normalmente, leva cerca de
dois anos para que um medicamento chegue perto da aprovação para uso em
pacientes, mas, com a pandemia da Covid-19, as coisas estão se movendo mais rapidamente”,
justificou.
Outros especialistas pedem mais cautela com esse tipo de
abordagem. “Há várias etapas que, agora, precisam ser seguidas antes que os
anticorpos possam ser usados como tratamento para pacientes com coronavírus”,
destacou, em comunicado, Ben Cowling, especialista em doenças infecciosas da
Universidade de Hong Kong. “Mas é realmente emocionante encontrar esses
tratamentos em potencial e ter a chance de testá-los. Se conseguirmos encontrar
mais candidatos, teremos um tratamento melhor.”
Tomado de correio brasiliense
nota: fue sugerido al ministro de salud de Argentina, ya que hay experiencia de tratamiento con suero de convalescientes en el caso de fiebre hemorragica o mal de los rastrojos de argentina
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