Produção do kit de
detecção do Coronavírus na Fiocruz Foto: Bernardo Portella
Bernardo Mello e
Roberto Maltchik
RIO - A Organização
Mundial da Saúde (OMS) oficializou, nesta quarta-feira, a indicação do
Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo da Fiocruz (Instituto
Oswaldo Cruz) como laboratório de referência para o combate ao novo
coronavírus nas Américas. O laboratório da Fiocruz, que já era referência
junto à OMS para vírus do tipo Influenza, estava encarregado pelo governo
federal de testar amostras e capacitar outras instituições do país para também
realizarem exames de Covid-19.
A partir de agora, a
Fiocruz poderá receber amostras de Covid-19 de outros países da região para
promover o sequenciamento genético do novo coronavírus,
identificar mutações e aprofundar estudos que possam levar ao
desenvolvimento de uma vacina e ao aprimoramento de diagnósticos,
além de testes de medicamentos.
Além do laboratório
da Fiocruz, apenas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), ligado ao
governo dos Estados Unidos, atua como referência da OMS no combate ao novo
coronavírus no continente americano. Segundo a chefe do laboratório da
Fiocruz, Marilda Siqueira, a indicação por parte da OMS coloca o
Brasil em posição de maior destaque na comunidade internacional em esforços na
área de saúde pelo enfrentamento do vírus, que já causou mais de 1,4 milhão de
casos em todo o mundo. A liderança brasileira na América Latina também
incentiva, de acordo com Siqueira, o intercâmbio de conhecimento e metodologias
com países vizinhos.
- Tudo isso faz com
que os dados gerados no Brasil tenham força e representatividade para
influenciar as análises globais sobre a situação dos vírus influenza e, agora
também, do coronavírus - afirmou a pesquisadora. - Isso também significa um
compromisso não só do laboratório, mas também do país, para que mantenha uma
vigilância epidemiológica e laboratorial do Covid-19 sempre com estratégia e metodologia
atualizadas, mantendo o padrão que levou a este status de referência.
A Fiocruz havia sido
escolhida pela OMS, no fim de março, para liderar um ensaio clínico no Brasil,
envolvendo 18 hospitais de 12 estados, com o objetivo de avaliar questões como
o uso de medicamentos no combate ao coronavírus. A instituição vem fazendo
testes, por exemplo, sobre a eficácia contra o Covid-19 de medicamentos usados
no tratamento do vírus HIV.
No início do ano, em
meio ao avanço de casos de Covid-19 na China, o laboratório da Fiocruz
instaurou protocolos de diagnóstico do novo coronavírus junto à OPAS
(Organização Pan-Americana de Saúde). A partir daí, o laboratório atuou no
treinamento e capacitação de outros centros de diagnóstico no país, como o
Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, que detectou o primeiro caso confirmado de
coronavírus no país, em 26 de fevereiro, e publicou dois dias depois o primeiro
sequenciamento do vírus na América do Sul.
No total, a Fiocruz
atuou na capacitação de ao menos 13 laboratórios no país para testagem e
diagnóstico de Covid-19, além de outros nove países da América Latina. Com a
oficialização como referência no continente, a Fiocruz poderá receber amostras
inclusive para confirmações de óbitos e apoio a países com menor estrutura,
como o Equador, que vive um avanço de casos e uma sobrecarga do seu sistema de
saúde.
Tomado de extra enviado por face de elizabet Oliveira
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