lunes, 21 de julio de 2014

DEGRADACIÓN AMBIENTAL EN SACO DA MANGUEIRA RGS BRASIL


Estudo aponta situação crítica do Saco da Mangueira  Fabio Dutra/JA Realidade de degradação ambiental motivou a professora do Instituto de Oceanografia (Furg), Maria da Graça Zepka Baumgarten, juntamente a
acadêmica de Oceanologia, Vivian Freitas Aguiar, a desenvolver a pesquisa Rio Grande fica numa área peninsular e, de acordo com informações do site da Prefeitura Municipal, o Saco da Mangueira é uma enseada com, aproximadamente, 32 quilômetros quadrados. "Em suas margens, encontram-se banhados salgados, campos litorâneos, dunas e arroios de sua microbacia hidrográfica. Essas áreas rasas são consideradas vitais para o estuário da Lagoa dos Patos, tendo em vista a alta produtividade que exibe e a sua importância como abrigo e alimentação para a fauna local, viveiro de espécies, principalmente, o camarão e outras também comercializáveis, que as utilizam como criadouro. Portanto, o Saco da Mangueira possui intensas potencialidades, sendo de extrema importância para o setor pesqueiro da cidade. Em seu entorno, habita uma considerável população de pessoas, e muitas delas dedicam-se à atividade pesqueira como profissão ou como complemento a outras atividades", está registrado no site. Mas, quais as condições atuais desse recurso natural que é de tamanha importância para o nosso Município?
Hoje, as margens do Saco da Mangueira que circundam a cidade estão ocupadas pelos fundos de vários condomínios, de residências de vários níveis sociais, de instalações comerciais e de muitas ocupações clandestinas. Na margem oposta à cidade, está o Distrito Industrial do Rio Grande. O Saco da Mangueira é, teoricamente, protegido pela legislação ambiental, pois, em 1995, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) classificou suas águas como Classe B, determinando, oficialmente, que as águas da enseada só poderão receber efluentes tratados. Entretanto, não é o que vem acontecendo. O engenheiro mecânico, hidráulico e de saneamento João Ivo Avelandra de Souza, de 75 anos, há muito tempo vem denunciando a situação degradante que encontra na enseada. Segundo ele, a cidade literalmente "virou as costas para o Saco da Mangueira".  Essa realidade de degradação ambiental motivou a professora do Instituto de Oceanografia, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Maria da Graça Zepka Baumgarten, juntamente com a acadêmica de Oceanologia, Vivian Freitas Aguiar, a desenvolver a pesquisa "Identificação dos principais locais de lançamento de efluentes nas margens da enseada estuarina Saco da Mangueira". O projeto contou também com a colaboração dos acadêmicos Horácio Rodrigo Rodrigues e Marco Antônio Oliveira. Lançamento de efluentes Ao longo de 2013 e 2014, eles avaliaram toda a margem da enseada, identificando e georreferenciando (localização precisa) os locais de lançamento de efluentes. Estes foram mapeados, caracterizados e fotografados. Além disso, em cada efluente, foi feita uma análise química qualitativa instantânea usando um kit analítico portátil, para avaliar o nível de contaminação por matéria orgânica. Foram identificados 51 efluentes, sendo apenas dois fluviais naturais e 49 de origem antrópica (ação humana), sendo 14 industriais, 8 domésticos, 21 domésticos ligados clandestinamente na rede pluvial e seis pluviais. Deste total de efluentes, 49 % são lançados com contaminação e 51% sem contaminação. "Os locais dos lançamentos dos efluentes foram plotados no mapa do Saco da Mangueira, onde cada efluente foi identificado com um círculo azul, sendo que quanto mais forte o tom do azul, maior a contaminação do efluente", explicou Maria da Graça.  Ao analisar a documentação fotográfica obtida de todos efluentes, a professora comentou: "entre tantas fotos de efluentes, chama a atenção as de uma valeta que deságua no Saco da Mangueira, na área do Distrito Industrial. Ela fica ao lado de uma indústria de grande porte, onde nos informaram que a valeta servia para drenagem pluvial da planta industrial. Entretanto, nos dias da avaliação no nosso estudo, não ocorreu chuva, e a água que corria na valeta era escura, oleosa, com alto nível de contaminação". A pesquisa aponta que o número de efluentes sendo lançado no Saco da Mangueira mais que duplicou desde o último levantamento efetuado, em 1993, pela Universidade. "Isso é consequência do crescimento demográfico não planejado ao qual a cidade vem sofrendo, e da carência de uma rede de coleta de esgotos mais abrangente, já que, segundo dados oficiais, essa rede contempla apenas cerca de 33% da Cidade", destacou. Cabe salientar que, de acordo com dados do IBGE, Rio Grande conta com 206 mil habitantes. Saúde ambiental do local Um dos problemas mais graves apontado em relação à saúde ambiental das águas da enseada é o excesso de matéria orgânica liberada por estes efluentes identificados. A degradação microbiológica desse material na água resulta na liberação de um excesso de compostos químicos que favorecem a proliferação de colônias de cianobactérias oportunistas, conhecidas na região como "ranho de marinheiro", devido à consistência gelatinosa e verde. "Estas florações acumulam-se nas margens do Saco da Mangueira e acabam depositando-se no fundo da água, diminuindo a oxigenação e proporcionando a formação de gases e compostos tóxicos para os seres vivos naturais". É importante ressaltar que o local é de extrema importância para o setor pesqueiro da cidade, como bem destaca o site oficial da Prefeitura Municipal. Maria da Graça ressaltou que o diagnóstico gerado pela pesquisa evidencia a urgência da adoção de ações mais efetivas de fiscalização municipal e estadual, além do estabelecimento de políticas públicas que visem à identificação e à cobrança de quem é o responsável jurídico ou físico do problema detectado em cada local do Saco da Mangueira. "Nisso se inclui o grave crescimento do aterro das margens da enseada, com pneus e entulhos, na área que circunda a Cidade".  "O ideal é que fossem impedidos, diminuídos ou pelo menos amenizados os lançamentos clandestinos de efluentes contaminados na enseada e estes aterros clandestinos, visando melhorar a qualidade das suas águas, tanto para o interesse econômico, social e paisagístico como para a Cidade", conclui a professora. Problema é antigo O engenheiro João Ivo Avelandra de Souza destaca que há 50 anos a situação vem se agravando. "Minha preocupação é com o fenômeno de engordamento das margens. Estão mudando a configuração da orla. Se continuar assim, acredito que em 30 ou 40 anos não exista mais o Saco da Mangueira". lamenta o engenheiro.  Souza é inventor do Aerovor, um equipamento que é capaz de recuperar os meios hídricos poluídos, como lagos e rios, devolvendo-lhes suas condições originais. "É preciso, urgentemente, tratar todos os efluentes antes que eles sejam lançados no Saco da Mangueira", ressaltou. Resgate da qualidade dos recursos hídrocos é um desafio Para a secretária de Município de Meio Ambiente, Miriam Balestro Floriano, um dos desafios do contrato assinado com a Corsan é o resgate da qualidade dos recursos hídricos da Cidade. "E o Saco da Mangueira é uma das prioridades. É uma área de grande importância ambiental", destacou a secretária. Segundo Miriam, o novo contrato assinado entre o Município e a Corsan prevê um Fundo para Saneamento Ambiental e uma das prioridades será o tratamento dos efluentes que chegam ao Saco da Mangueira. A secretária informou que, em relação ao lançamento de efluentes contaminados por parte de condomínios que ficam na margem da enseada, há algumas notificações feitas pela Secretaria. "Na nossa gestão, não licenciamos nenhum projeto que não atenda à questão de saneamento. Inclusive o Ministério Público Federal está desenvolvendo um trabalho em relação a isso", informou a secretária, ressaltando ainda que um dos grande problemas são as redes de esgoto clandestinas. O prefeito Alexandre Lindenmeyer disse que não tinha conhecimento da pesquisa desenvolvida pela Furg, mas disse que será extremamente importante para mapear as prioridades no que se refere a tratamento de esgoto do Município. Lindenmeyer confirmou que apenas 33% da cidade é contemplada com rede de esgoto, mas que há investimentos do PAC que deverão permitir que essa rede passe a contemplar de 48 a 49%. Por Eduarda Toralles tomado de agora de rgs br 

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