Principais alvos da covid-19 são o pulmão e as vias respiratórias, mas vírus tem surpreendido por seu variado ataque, do cérebro aos rins
Mariana Alvim - @marianaalvim - Da BBC News Brasil em São Paulo
Embora ainda haja muitas perguntas em aberto sobre o
coronavírus que parou o mundo há quase um ano, cientistas conseguiram neste
período correr contra o tempo e trazer muitas respostas sobre a nova doença —
algumas delas surpreendentes.
Por exemplo, a de que a covid-19,
descrita desde o início como uma doença respiratória, não ataca apenas os
pulmões.
Conforme o coronavírus foi se espalhando pelo mundo e
adoecendo mais pessoas — até aqui, infectando pelo menos 88 milhões no planeta
—, médicos e pesquisadores começaram a constatar que órgãos tão diferentes como
coração, cérebro e rins também podiam ser afetados, às vezes fatalmente, pelo
coronavírus.
O patógeno também já causou problemas
em dedo dos pés, foi detectado no testículo e ainda nas lágrimas de
pacientes — mas é importante lembrar que ser encontrado em uma parte do corpo
ou no ambiente não necessariamente significa adoecimento ou transmissibilidade.
Em relação aos chamados órgãos vitais, porém, a doença tem
gerado incógnitas, pesquisas científicas e, em alguns casos, grande
preocupação. Por isso, a BBC News Brasil procurou artigos científicos e
pesquisadores brasileiros para responder o que se sabe até aqui sobre as
consequências da covid-19 em cinco órgãos fundamentais para a nossa
sobrevivência: pulmões, coração, rins, fígado e cérebro.
Vale lembrar que a definição de quais são os órgãos vitais é
variada, mas de acordo com os entrevistados, estes cinco estão mais perto de um
consenso de serem fundamentais para a continuidade da vida e insubstituíveis,
considerando as intervenções médicas existentes.
1. Pulmões
Apesar de afetar outras partes do corpo, ainda são "as
vias respiratórias e os pulmões" os principais alvos da covid-19, lembra a
pesquisadora Marisa Dolhnikoff, professora associada da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenadora dos Estudos em Autópsia da
Covid-19 no Hospital das Clínicas da faculdade.
Tudo começa quando uma pessoa sadia entra em contato com
gotículas do vírus, como através da tosse ou espirro de alguém infectado, ou
ainda por meio do contato com uma superfície contaminada com essas partículas.
A partir daí, o vírus começa a "hackear" as células das vias
respiratórias (canais que conduzem o ar aos pulmões, como o nariz e a traqueia)
e dos pulmões, transformando-as em fábricas de coronavírus que se espalham por
mais células.
Tosse, coriza e espirros podem surgir por conta do ataque às
vias respiratórias. Esses sintomas também podem ser reflexo do acometimento dos
pulmões — mas, segundo Dolhnikoff, o sinal mais claro de que este órgão vital
foi afetado é a falta de ar.
Um estudo
publicado em junho na revista científica Lancet, com dados de 257 pacientes
em Nova York (EUA), mostrou que a falta de ar foi o sintoma mais frequente na
entrada no hospital, registrado em 74% dos infectados, seguido por febre (71%)
e tosse (66%).
Ainda segundo a pesquisadora da USP, um outro sinal
importante vem das tomografias — quando elas mostram mais de 50% da área dos
pulmões acometida pelo coronavírus, este é um indicador de gravidade e de
insuficiência respiratória, que demanda suporte como a ventilação mecânica.
Ambos pulmões costumam ser afetados juntos.
ourtesy
of Havelhoehe Community Hospital/HandoutRaio X mostra pulmões de idosa de 84
anos, internada em hospital de Berlim, comprometidos pela covid-19
Tanto nas vias respiratórias quanto nos pulmões, o
coronavírus encontra um facilitador — células contendo receptores da proteína
ECA-2, uma espécie de chave que permite o início da infecção.
"Nos casos mais graves, há também infecção dos
alvéolos, estruturas responsáveis pela troca gasosa nos pulmões — a captação de
O2 do ar para o sangue, e liberação de CO2", explicou por e-mail à BBC
News Brasil a pesquisadora.
É por isso que os pulmões são vitais — eles nos dão,
literalmente, o ar que respiramos. O órgão absorve o oxigênio externo e o
distribui para todo o corpo através do sangue e, na via contrária, recolhe o
gás carbônico dispensado após vários processos dentro do corpo.
"Quando infectadas, as células dos alvéolos sofrem
alterações importantes que levam à sua morte, desencadeando um processo de
inflamação e edema pulmonar (excesso de líquido) que impedem as trocas gasosas,
culminando com a insuficiência respiratória", completa Dolhnikoff, cuja
equipe no Hospital das Clínicas está realizando desde o início da pandemia um
método inovador de autópsias minimamente invasivas, de forma a evitar o
contágio no contato com corpos, para fins de pesquisa.
Além da infecção das células das vias respiratórias e dos
alvéolos, em uma segunda frente, os vasos sanguíneos também são atacados. Isso
leva ao aumento da coagulação e à formação de trombos (conjunto de sangue
coagulado), que dificultam a passagem de sangue nos alvéolos. Com isso, as
trocas gasosas são mais uma vez comprometidas.
Ainda no início da pandemia, em abril, a equipe que está
trabalhando com autópsias na USP publicou no
periódico científico Journal of Thrombosis and Haemostasis os
resultados destas análises em dez pacientes, demonstrando alvéolos amplamente
danificados e pequenos trombos no pulmão — cuja formação devido à covid-19 era
pouco conhecida naquele momento.
Quando o quadro pulmonar é muito grave, incluindo um
conjunto de indicadores como a insuficiência respiratória e a inflamação
sistêmica, ele pode configurar a síndrome do desconforto respiratório aguda
(ARDS, na sigla em inglês).
2. Coração
Getty Images/OsakaWayne StudiosNos quadros mais graves, é frequente que o coração seja afetado — podendo levar a óbito
Se os pulmões realizam as trocas gasosas, é o coração que
bombeia o sangue com oxigênio para o corpo e que volta para os pulmões com
sangue repleto de gás carbônico.
E, nos quadros mais graves, este órgão muscular e vital é
significativamente afetado — podendo levar a óbito.
Um estudo de
referência, publicado em fevereiro de 2020 com dados de 138 pacientes
hospitalizados em Wuhan, mostrou que 16,7% deles desenvolveram arritmia e 7,2%
lesão cardíaca aguda — ou seja, dois problemas de saúde atingindo o coração.
Aqueles que precisaram ir para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
apresentaram estes quadros com mais frequência.
"Na covid-19, o coração pode ser atingido em até 40%
dos casos graves", aponta Marisa Dolhnikoff, acrescentando outras
consequências da covid-19 no coração como a miocardite (inflamação no coração),
tromboses arteriais e infarto do miocárdio.
"Pessoas com comorbidades — diabetes, hipertensão,
obesidade e cardiopatias prévias — têm maior risco de manifestação cardíaca na
covid-19."
Estudos de várias partes do mundo mostram problemas no
coração como uma das comorbidades mais comuns entre pacientes graves infectados
— um boletim
do Ministério da Saúde de dezembro revelou que, no Brasil, as
cardiopatias (doenças no coração) foram o fator de risco mais frequente entre
pessoas que morreram por covid-19 no país, seguidas por diabetes.
Dolhnikoff explica que as células cardíacas também têm
receptores da proteína ECA-2, ativadas no ataque direto do vírus ao órgão.
Mas o órgão pode ser afetado também pela inflamação
sistêmica, reação exagerada do corpo que leva a diversas alterações
prejudiciais como a baixa de oxigênio e à chamada tempestade de citocinas —
substâncias agressivas que o sistema imunológico libera para atacar um invasor,
mas que, em excesso, podem acabar atacando partes vitais para nossa
sobrevivência, como o coração.
A partir da autópsia e de exames referentes ao caso de uma
menina de 11 anos que perdeu a vida para a covid-19, Dolhnikoff e sua equipe
conseguiram demonstrar o ataque do vírus a diversas células do coração, nas
quais foram encontradas partículas do vírus. A resposta inflamatória agravou o
problema, levando à falência cardíaca e morte.
O pulmão da criança também foi afetado, mas os cientistas
identificaram o coração como o órgão mais comprometido pelo vírus.
Os resultados foram publicados
no periódico internacional Lancet Child & Adolescent Health.
3. Rins
Getty Images/SCIEPRORins sofrem juntos e 'silenciosamente', explica nefrologista
Assim como acontece com o coração, quando os rins são
afetados pela covid-19, o nível de alerta é aumentado.
"A lesão renal é incremental, compõe o quadro de um
doente mais complexo. São doentes muito graves. Quando a doença é avassaladora,
ela é avassaladora", resume o nefrologista José Suassuna, chefe do Setor
de Nefrologia do Hospital Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (Hupe/Uerj).
Os rins são vitais por regularem a concentração de água no
sangue e por eliminarem detritos tóxicos do corpo.
No artigo publicado no periódico Lancet envolvendo 257
pacientes em Nova York, 31% desenvolveram lesões agudas neste órgão e
precisaram das chamadas terapias de substituição renal, que incluem
intervenções como a hemodiálise — este procedimento, em linhas gerais,
substitui o órgão no trabalho de filtrar o sangue.
Neste grupo nos Estados Unidos, 14% já tinham alguma doença
crônica afetando os rins antes da covid-19.
"Grupos de risco como obesos, diabéticos, pessoas com
doenças cardiovasculares e idosos muitas vezes já têm algum grau de
comprometimento renal — então, quando infectados pelo coronavírus, não partem
do 0. Eles já estão na metade do caminho e caminham mais rapidamente para a
insuficiência renal aguda e para a necessidade de suporte", explica
Suassuna, destacando porém que há casos em que o paciente não tem fatores de
risco mas tem os rins comprometidos.
Getty
Images/AkiromaruCasos de lesão aguda nos rins comumente levam à necesidade de
intervenções como a hemodiálise, que substitui o órgão na filtragem do sangue
De acordo com o nefrologista, os rins também têm receptores
ECA-2, mas as evidências até agora indicam que possivelmente não é este ataque
direto do vírus ao órgão o principal motivo de acometimento dos rins.
Mais uma vez, a inflamação exacerbada do corpo ao
coronavírus parece ter um papel importante.
Uma evidência disso é a conexão entre os pulmões e o rins, a
chamada cross talk entre os órgãos.
"É uma ligação cruzada, a situação em que o
acometimento de um órgão determina o de outro. Na covid-19, isso tem se
mostrando entre rins e pulmões, assim como pulmões e coração. O envolvimento
pulmonar mais grave se associa a um risco muito maior para os rins. Há uma
associação grande entre entubar e a insuficiência renal", aponta Suassuna,
explicando que quando há esta insuficiência nos rins, o paciente deixa de
urinar, precisando de suporte.
Além disso, outra explicação para o acometimento simultâneo
de vários órgãos na fase mais avançada da infecção é a baixa oxigenação.
"A covid-19 nos deixa com uma oxigenação como se
estivéssemos subindo o Himalaia, mesmo estando a nível do mar. Uma parte
funcional do rim, que ajuda a produzir a urina, já vive como se estivesse no
Everest — no que a gente chama de hipoxia, uma oxigenação muito baixa",
diz o médico, também professor da UERJ.
"O rim é um órgão muito sensível às quedas de
oxigenação prolongadas porque já vive na beira do precipício. E à piora da
oxigenação se soma a tempestade de citocinas, um mecanismo importante da
disseminação do dano da covid do pulmão para o resto do corpo."
- Covid-19:
o que muda (ou não) no combate à pandemia com a nova variante do
coronavírus no Brasil
- Mortes
por covid-19 no Brasil estão 50% acima do que apontam dados oficiais,
calculam especialistas
Apesar de seu adoecimento ser um indicador de gravidade, os
rins também podem ser afetados em casos mais leves, explica Suassuna.
Entretanto, talvez isso nunca se manifeste em sintomas, mas apenas exames
específicos de urina e de alteração da função renal.
"Os rins, em qualquer doença, sofrem em silêncio — e
covid-19 não é uma exceção", explica Suassuna, acrescentando que esse
órgão é afetado bilateralmente, ou seja, adoece tanto do lado esquerdo quando
direito.
"Não tem grande manifestação de sintomas, a maior parte
dos sinais só aparece no laboratório. Temos pacientes iniciando diálise que não
sentem nada, apenas quando já têm menos 10% da função renal. De repente, param
de urinar."
4. Fígado
Getty Images/Jonathan KnowlesFígado 'não é comumente nem intensamente comprometido, como ocorre com outros órgãos, como os pulmões, o coração e os rins', explica o hepatologista Edmundo Lopes
Exames também já detectaram, em alguns pacientes, alterações
no fígado — que tem entre suas funções eliminar toxinas do corpo, regular o
açúcar no sangue e ajudar na digestão de gorduras.
Entretanto, diferente de outros órgãos, tais alterações não
necessariamente significam o adoecimento do órgão.
"As enzimas hepáticas (substâncias produzidas pelo
órgão) estão elevadas em cerca de 15 a 60% dos casos de COVID-19, o que sugere
acometimento do fígado. Porém, estas alterações das enzimas em geral não
provocam sintomas", explica o hepatologista Edmundo Lopes, médico do
Hospital das Clínicas e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
"Apesar destes distintos mecanismos de agressão ao
fígado durante a covid-19, ele não é comumente nem intensamente comprometido,
como ocorre com outros órgãos, como os pulmões, o coração e os rins", diz.
"As explicações para esta 'menor' agressão ao fígado ainda não estão bem
elucidadas."
Os distintos mecanismos de agressão mencionados por Lopes
passam, mais uma vez, pelos efeitos da inflamatória sistêmica no corpo e
também, no caso desse órgão responsável por lidar com substâncias
potencialmente tóxicas, por eventuais danos provocados pelos medicamentos
usados contra a covid-19.
A ação direta do vírus sobre o órgão também é uma
possibilidade, até porque as células hepáticas chamadas de colangiócitos têm
receptores ECA-2. Entretanto, segundo o professor da UFPE, essa via direta
"nunca foi muito bem demonstrada" na ciência.
"As evidências sugerem que o processo inflamatório
(tempestade de citocinas) parece ter um papel relevante na agressão ao fígado,
já que os pacientes mais graves e que apresentam maiores indícios de atividade
inflamatória nos exames laboratoriais são os que apresentam mais frequentemente
e mais intensamente alterações das enzimas hepática", escreveu o
hepatologista por e-mail à BBC News Brasil.
5. Cérebro
Getty ImagesCovid-19 leve tem deixado efeitos neurológicos como maior ansiedade e cansaço e, nos casos graves, derrame e convulsões
Se tem um órgão que os entrevistados dizem estar rodeado de
incógnitas sobre seu acometimento pela covid-19, é o cérebro.
Fato é que diversos estudos e relatos de casos já mostraram
que ele pode ser afetado, dos quadros leves aos graves.
A pesquisadora Clarissa Yasuda, médica e professora do
departamento de neurologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que
o diga: ela mesma teve covid-19 em agosto e conta ainda sentir consequências
relacionadas ao cérebro, como sono, fadiga e alterações na memória.
Ela e colegas publicaram em outubro um estudo
em estágio pré-print (sem a chamada revisão dos pares, etapa padrão em
que outros especialistas analisam um estudo e decidem se ele será publicado ou
não em uma revista científica) com dados sobre 81 pessoas que tiveram covid-19
leve e se recuperaram.
Esses voluntários foram submetidos a exames de ressonância
magnética, que detectaram alterações no córtex, a parte mais externa do cérebro
e fundamental para processos envolvendo a memória, linguagem, entre outros.
Questionários e testes cognitivos também mostraram que, em
média 60 dias após o diagnóstico da covid-19, os pacientes ainda apresentavam
dor de cabeça (40%), fadiga (40%), alteração de memória (30%), ansiedade (28%),
depressão (20%), perda de olfato (28%) e paladar (16%), entre outros.
Aliás, Yasuda lembra que a perda destes sentidos é
considerada pelos especialistas um sintoma neurológico — precisamos do cérebro
para sentir gostos e cheiros.
"Acho que não estava na conta de ninguém imaginar que
pessoas que não foram internadas, que seriam quadros 'leves', pudessem ficar
com uma gama de alterações neurológicas incapacitantes, como observamos não só
aqui mas no mundo inteiro", diz a neurologista, fazendo a ressalva de que
o grupo de voluntários estudados foi formado por pessoas que já estavam
relatando sintomas neurológicos, então há uma inclinação de que estes sejam
mais frequentemente registrados do que se o estudo envolvesse uma população
mais ampla.
"Além desses casos leves (que estão mostrando
consequências prolongadas), há o grupo de alterações neurológicas por covid-19
que surgem na fase aguda e que podem ser bem graves — como derrame, encefalite,
convulsão e redução do nível de consciência. Em alguns casos, os derrames
aumentam a chance de AVC (acidente vascular cerebral). Nâo sabemos se estes
efeitos serão transitórios ou se deixarão sequelas."
Parte da equipe que está trabalhando com autópsias no Hospital
das Clínicas da FMUSP, o médico Amaro Nunes Duarte Neto relata que uma
alteração muito comum observada nos cérebros de pessoas que morreram após a
infecção pelo coronavírus é a lesão dos neurônios.
"São lesões cerebrais decorrentes da hipóxia (oxigenação
diminuída) pelo acometimento pulmonar grave na covid-19, não atribuídas
diretamente ao vírus", explicou por e-mail o pesquisador.
Isto porque, como em outros órgãos, os efeitos da covid-19
não necessariamente ocorrem devido ao ataque direto do coronavírus, mas sim
pelas consequências da resposta inflamatória do corpo e de alterações na
circulação do sangue, entre outros.
Por exemplo, Duarte Neto relata também a observação, nas
autópsias, de microsangramentos nos vasos que irrigam o órgão, além da hipertrofia
dos astrócitos — células em torno dos vasos cerebrais e que dão suporte
fundamental para os neurônios.
Na publicação em pré-print da qual Yasuda foi uma das
autoras, a equipe demonstrou que os astrócitos foram o principal alvo do
coronavírus no cérebro. Isto também a partir de 26 autópsias minimamente
invasivas, realizadas por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da USP.
Mesmo que nem todo efeito neurológico do coronavírus seja
atribuído ao seu ataque direto, os pesquisadores entrevistados dizem que há
sinais de que o patógeno chega até o cérebro através do nariz, pelo mesmo
caminho que um aroma "faz" para chegar até lá.
Ainda assim, "o conhecimento sobre o mecanismo de lesão
do vírus Sars-CoV-2 no sistema nervoso central ainda é pouco esclarecido",
diz o pesquisador da USP.
A professora Clarissa Yasuda concorda.
"É muita coisa que a gente não sabe, muita coisa para
ser estudada: o quanto desses quadros neurológicos tem um componente
inflamatório, o quanto é autoimune, o quanto é um ataque direto do vírus.
Ninguém tem uma resposta, mas acho que é uma combinação disso tudo."
Tomado de correio brasiliense
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