Em entrevista ao CB.Saúde, endocrinologista Michele Borba explicou que diversidade de alimentos é a chave para esta dieta escolhida como a mais eficiente por quatro vezes consecutivas
JG Jéssica
Gotlib
Endocrinologista acredita que atendimento em equipe
multidisciplinar pode ser um grande aliado na perda de peso - (crédito: Marcelo
Ferreira/CB/D.A Press)
Escolher uma boa dieta é um dos principais fatores que
contribuem para o sucesso nos planos de quem quer emagrecer. “70% do tratamento
(para a obesidade) é a restrição calórica”, enfatizou a endocrinologista
Michele Borba, do Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão
Arterial da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. E, nessa corrida pela
melhor ferramenta para a perda de peso, existe uma dieta que é preferida por
especialistas da área.
“A gente teve agora, em trabalhos, ranqueamento das melhores
dietas de 2021. E a dieta que pelo quarto ano consecutivo mostrou melhores
resultados é a do mediterrâneo”, comentou em entrevista ao CB.Saúde — parceria
entre o Correio e a TV Brasília — desta
quinta-feira (7/1).
Isso porque essa rotina alimentar é composta por alimentos
variados, sobretudo vegetais e carnes magras. “É uma dieta que vai colocar como
base as leguminosas, as oleaginosas, que são as castanhas. Essa dieta se baseia
muito nisso, na gordura boa, na gordura do azeite, peixe, carnes brancas. A
gente deveria usar a carne vermelha uma ou duas vezes por semana”, detalhou a
médica.
Mas, para conseguir executar o planejamento de maneira
eficaz, é preciso fazer adaptações. “A dieta do brasileiro não é assim”, pontua
lembrando que, no país, a maior parte da população prefere consumir carnes
vermelhas quase todos os dias da semana.
Além do costume, outro empecilho para o sucesso da dieta
mediterrânea pode ser o valor de alguns de seus elementos principais, como
peixes. Apesar disso, introduzir alimentos mais baratos, como sardinhas, podem
fazer com que o cardápio se adapte às várias condições de vida. “A gente pode
trazer para qualquer poder econômico, poder aquisitivo, uma dieta melhor”,
coloca.
Quando as dietas fazem mal
A quantidade de pessoas obesas mais que dobrou entre 2003 e
2019: foi de 12,2% para 26,8%, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde divulgada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quando se fala em
sobrepeso, a taxa é ainda mais alta. Mais de 60% dos brasileiros com idade
acima de 20 anos tinha excesso de peso em 2019, de acordo com o mesmo
levantamento.
Isso faz com que muito mais gente busque fórmulas e soluções
milagrosas, receitas da moda e maneiras fáceis de emagrecer. Ao CB.Saúde,
Michele Borba explicou que é
preciso planejamento e estabelecer metas realistas na hora de mudar o
cardápio. “As metas plausíveis são fundamentais e elas têm que partir do
paciente. Não adianta você levar o seu pai ao médico para fazer uma dieta se
ele não quer emagrecer”, exemplifica.
Outro ponto ressaltado pela médica é que fórmulas mais
restritivas, podem promover uma perda rápida de peso, mas acabam gerando outros
problemas. “Essas dietas (muito proteicas, com muita gordura, jejum
intermitente) costumam dar mais irritabilidade porque você se priva de coisas
ou de situações como comer um carboidrato que dá um certo prazer. Essas dietas
costumam piorar um pouquinho o colesterol”, lembra.
Ainda assim, segundo ela, não se pode dizer que essas
restrições sejam ruins. “Aí vai de como cada paciente se adapta, porque tem
gente que se adapta bem ao jejum intermitente, por exemplo. (...) Agora eu
posso me adaptar a isso, mas eu posso também ser um paciente que quer uma
resposta mais rápida. Daí o planejamento”, coloca.
Atenção multifatorial
Para ela, o apoio de uma equipe multidisciplinar, com
psicólogos, nutricionistas e médicos especialistas, pode ser fundamental para o
sucesso do tratamento. “O paciente precisa chegar ao profissional e receber
acolhimento e o incentivo com planejamento. À medida que ele vai percebendo que
é capaz, ele consegue traçar um caminho”, argumenta.
Segundo a endocrinologista, o fator psicológico é, muitas
vezes, um relevante pilar do emagrecimento. “Se eu sou uma pessoa que tem o
hábito de beliscar o dia todo, eu preciso construir junto com o médico
especialista e psicólogo como burlar o meu belisco. Se eu sou uma pessoa com
comportamento compulsivo, eu preciso da ajuda do emocional”, pondera.
Tomado de correio brasiliense
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