Texto cai na Assembleia, mas não encerra dilema sobre uso de
agrotóxicos no RS
Fetag alega perda de competitividade e altos custos, enquanto alguns
produtos se voltam para a produção orgânica
Nestor Tipa Júnior
Mesmo com a retirada do projeto que ampliava a permissão para uso de
agrotóxicos no Rio Grande do Sul, o Estado tem atualmente 896 produtos desse
tipo com comércio autorizado, conforme lista da Fundação Estadual de Proteção
Ambiental (Fepam). Apesar da variedade de agroquímicos liberados, alguns
agricultores pedem que o debate sobre a legislação seja ampliado, para
competirem em igualdade com produtores de outros Estados, enquanto outros
aprofundam a escolha por cultivos orgânicos, que dispensam esse tipo de
produto.
Na terça-feira, o deputado Ronaldo Santini (PTB) retirou da pauta de
votação o projeto de lei que permitia a entrada no território gaúcho de
agrotóxicos proibidos no país de origem. Na Assembleia Legislativa, diante de
um grupo que protestava contra a iniciativa, Santini sugeriu ter mudado de
ideia definitivamente:
– Obrigado por me ajudarem a enxergar.
Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande
do Sul (Fetag), Elton Weber argumentou que, embora as substâncias continuem
proibidas no Estado, ainda não existe controle sobre os alimentos importados
que usam os mesmos princípios ativos.
– Hoje esses produtos são proibidos aqui, mas importamos alimentos dos
outros Estados e do Uruguai que usam esses agrotóxicos. Temos de tomar cuidado
por não nos tornarmos uma ilha – advertiu Weber.
Chefe do departamento de defesa fitossanitária da Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM), Dionísio Link explica que o uso dos agrotóxicos começou
com o objetivo de matar as pragas que atacam as lavouras, mas a crescente
pressão por maior produtividade agrícola fez com que o uso indiscriminado
aumentasse.
– Muitas vezes, quem planta pensa em colocar uma dose a mais para
proteger a lavoura das pragas, mas esse pouco a mais pode ser o suficiente para
matar uma pessoa. Os agrotóxicos não têm efeito só sobre os insetos, mas também
no ambiente e nos seres humanos – salientou Link, lembrando que outro problema
é a falta de proteção dos próprios agricultores na aplicação dos agroquímicos.
Uma opção crescente tem sido a produção orgânica. O agricultor Jamir
Vigolo, de Antônio Prado, produz uvas e tomates sem agrotóxicos. A decisão veio
depois de ver um colega morrer por causa de intoxicação.
– Isso me chamou a atenção, e a partir daí apareceu a oportunidade de
trabalhar com orgânicos. Consigo dormir tranquilo, pois sei que meu produto não
está fazendo mal a uma criança, por exemplo – ressaltou o agricultor.
O número de gaúchos cadastrados no Ministério da Agricultura como
produtores de orgânicos é de 1.450 desde a entrada da nova lei que regula o
setor, em vigor a partir de janeiro de 2011.
Tomado de ZERO HORA RGS br
No hay comentarios:
Publicar un comentario