O FUTURO DA TERRA
Estudo levanta o valor ecossistêmico e a importância
econômica do Bioma Pampa
Pecuária é vocação e responsável pela sua manutenção, diz
Nabinger
ANTONIO PAZ/JC Apaixonado pelo campo nativo "desde
guri", o agrônomo Carlos Nabinger dedicou sua vida a mostrar o valor
ecossistêmico do Bioma Pampa e a importância da sua preservação. Nascido em
Cachoeira do Sul e criado em São Gabriel, Nabinger voltou seus estudos à área
da ecofisiologia vegetal, especialmente às espécies forrageiras - plantas que
servem de alimento aos animais.
Nabinger tem uma visão considerada inovadora por acreditar
que "a pecuária é a vocação do campo gaúcho e uma das responsáveis pela
sua manutenção", logo, não pode ser ignorada ao falar em conservação do
ambiente nativo. "Mas se esse bioma é a base da nossa cultura, nossa
origem econômica, por que a gente está partindo para a destruição?",
questiona. Basicamente, diz Nabinger, a pecuária de corte da forma como é
praticada no Rio Grande do Sul não tem controle adequado da carga animal, com
excesso de pastoreio e carga animal além da capacidade de suporte, o que leva a
um desequilíbrio na diversidade de espécies.
Sustentando o descaso com a vegetação nativa, está o
pensamento de que as plantas forrageiras não são suficientes para a dieta do
gado de corte. Exatamente o contrário do que os estudos de Nabinger apontam.
"A carne de campo nativo é mais rica em C.L.A (ácido linoleico conjugado),
substâncias anticarcinogênicas e tem uma proporção de ômega 6 e ômega 3 muito
maior do que na carne proveniente de outra alimentação e ainda melhor do que a
do salmão de cativeiro", explica o professor do Departamento de Plantas
Forrageiras da Ufrgs.
"A própria academia acha que é mais interessante
confinar, suplementar e que os campos nativos não são capazes de permitirem o
crescimento do animal até seu abate. Na verdade hoje tem que falar em soja, que
é o que movimenta o capital financeiro. A gente é considerado meio fora da
casinha", brinca. Falar em preservação ambiental e em um modelo de
desenvolvimento econômico mais sustentável ainda desperta preconceitos, afirma
o pesquisador.
A compreensão sobre o potencial das plantas forrageiras para
a inocuidade alimentar, o meio ambiente e o crescimento econômico dos
produtores caminha a passos lentos, mas contínuos. Recentemente, a reunião dos
quatro países sul-americanos que apresentam o Bioma Pampa - Brasil, Uruguai,
Argentina e Paraguai - deu origem à Alianza de los Pastizales. Além de um grupo
de discussão entre produtores, pesquisadores e instituições de ensino, a
aliança desenvolveu um selo que certifica a carne produzida sob um protocolo
criado e supervisionado pelo Conselho de Certificação de Carne do Pastiçal
(CCCP).
Conforme dados recentes, apenas 30% da cobertura original do
Bioma Pampa está preservada. O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é uma das
iniciativas mais recentes na tentativa de incluir os produtores de todo País na
tarefa de cuidar do ambiente. No caso do Bioma Pampa, o projeto determina que
20% dos campos têm de ser conservados em vegetação original.
Contudo, há ao menos duas falhas no projeto. A primeira é
que não há interlocução com a academia para a determinação de que área deve ser
protegida, qual o valor ideal e demais pontos. TOMADO DE JOURNAL DO COMERCIO DE
RGS BR
No hay comentarios:
Publicar un comentario