martes, 23 de agosto de 2016

ESTUDO LEVANTA O VALOR ECOSSISTÊMICO E A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO BIOMA PAMPA EM RIO GRANDE DO SUL BRASIL

 O FUTURO DA TERRA
Estudo levanta o valor ecossistêmico e a importância econômica do Bioma Pampa
Pecuária é vocação e responsável pela sua manutenção, diz Nabinger 
ANTONIO PAZ/JC Apaixonado pelo campo nativo "desde guri", o agrônomo Carlos Nabinger dedicou sua vida a mostrar o valor ecossistêmico do Bioma Pampa e a importância da sua preservação. Nascido em Cachoeira do Sul e criado em São Gabriel, Nabinger voltou seus estudos à área da ecofisiologia vegetal, especialmente às espécies forrageiras - plantas que servem de alimento aos animais.
Nabinger tem uma visão considerada inovadora por acreditar que "a pecuária é a vocação do campo gaúcho e uma das responsáveis pela sua manutenção", logo, não pode ser ignorada ao falar em conservação do ambiente nativo. "Mas se esse bioma é a base da nossa cultura, nossa origem econômica, por que a gente está partindo para a destruição?", questiona. Basicamente, diz Nabinger, a pecuária de corte da forma como é praticada no Rio Grande do Sul não tem controle adequado da carga animal, com excesso de pastoreio e carga animal além da capacidade de suporte, o que leva a um desequilíbrio na diversidade de espécies.
Sustentando o descaso com a vegetação nativa, está o pensamento de que as plantas forrageiras não são suficientes para a dieta do gado de corte. Exatamente o contrário do que os estudos de Nabinger apontam. "A carne de campo nativo é mais rica em C.L.A (ácido linoleico conjugado), substâncias anticarcinogênicas e tem uma proporção de ômega 6 e ômega 3 muito maior do que na carne proveniente de outra alimentação e ainda melhor do que a do salmão de cativeiro", explica o professor do Departamento de Plantas Forrageiras da Ufrgs.
"A própria academia acha que é mais interessante confinar, suplementar e que os campos nativos não são capazes de permitirem o crescimento do animal até seu abate. Na verdade hoje tem que falar em soja, que é o que movimenta o capital financeiro. A gente é considerado meio fora da casinha", brinca. Falar em preservação ambiental e em um modelo de desenvolvimento econômico mais sustentável ainda desperta preconceitos, afirma o pesquisador.
A compreensão sobre o potencial das plantas forrageiras para a inocuidade alimentar, o meio ambiente e o crescimento econômico dos produtores caminha a passos lentos, mas contínuos. Recentemente, a reunião dos quatro países sul-americanos que apresentam o Bioma Pampa - Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai - deu origem à Alianza de los Pastizales. Além de um grupo de discussão entre produtores, pesquisadores e instituições de ensino, a aliança desenvolveu um selo que certifica a carne produzida sob um protocolo criado e supervisionado pelo Conselho de Certificação de Carne do Pastiçal (CCCP).
Conforme dados recentes, apenas 30% da cobertura original do Bioma Pampa está preservada. O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é uma das iniciativas mais recentes na tentativa de incluir os produtores de todo País na tarefa de cuidar do ambiente. No caso do Bioma Pampa, o projeto determina que 20% dos campos têm de ser conservados em vegetação original.
Contudo, há ao menos duas falhas no projeto. A primeira é que não há interlocução com a academia para a determinação de que área deve ser protegida, qual o valor ideal e demais pontos. TOMADO DE JOURNAL DO COMERCIO DE RGS BR


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