Grandes corporações e pequenos negócios puxam o movimento de
responsabilidade ambiental
FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
Fernanda Wenzel, especial para o JC
Pressionadas por consumidores e investidores, as empresas se
preocupam cada vez mais com os impactos ambientais de suas atividades. No Rio
Grande do Sul, grandes corporações e pequenos negócios puxam a frente desse
movimento. A onda ambiental, que começou a ganhar força nos anos 1990, chega a
2020 no auge de sua potência.
Para serem reconhecidas como sustentáveis, as companhias
precisam mudar de verdade - de dentro para fora."Houve um amadurecimento
na maneira como as empresas entendem a sustentabilidade", afirma Isabela
Domenici, sócia da Ricca Sustentabilidade, consultoria empresarial especializada
no tema. Cada vez mais, a responsabilidade ambiental deixa de ser vista como um
assistencialismo separado do restante do negócio para entrar na estratégia da
corporação.
Cada empresa tem que se preocupar com os impactos que o seu
negócio produz no mundo - e não estamos falando apenas dos impactos ambientais.
O meio ambiente responde por apenas uma das três letras da sigla ASG, que
entrou de vez no dicionário corporativo. Nos manuais de responsabilidade
empresarial, os temas sociais e de governança tornaram-se indissociáveis da
pauta ecológica.
Junto com a sigla surgiram diversas ferramentas para medir e
comunicar em detalhes os impactos e as ações de mitigação das empresas, sendo
os relatórios de sustentabilidade as mais conhecidas. No Brasil, o documento é
obrigatório para as companhias públicas e/ou sociedades de economia mista, e
para as empresas do setor elétrico.
Mas cada vez mais corporações o fazem voluntariamente - e
não só por uma questão de marketing."As questões sociais e ambientais
impactam no negócio. Não se trata de uma agenda positiva, e sim de riscos e
oportunidades, e, para melhor gerir essa agenda, você tem que ter
informação", afirma Sônia Favaretto, presidente do Conselho Consultivo da
GRI no Brasil - entidade que criou o modelo de relatório de sustentabilidade
mais usado no mundo.
Por enquanto, a prática de publicar informações
socioambientais é mais comum entre as grandes companhias brasileiras - em
especial as que vendem ações na bolsa. O maior exemplo é a Natura, empresa de
cosméticos que se tornou benchmark de sustentabilidade pela atuação junto a
comunidades da Amazônia.
O Rio Grande do Sul também tem bons exemplos para mostrar,
de empresas que fazem questão de prestar contas anualmente de seus impactos e
iniciativas na área ambiental. São organizações que entenderam que, em breve,
ser sustentável deixará de ser um diferencial. Será questão de sobrevivência.
Conheça 10 grupos do RS que publicam de forma voluntária
relatórios de sustentabilidade
Diversas empresas do RS fazem a publicação de relatórios de
forma anual ou integrada
REPRODUÇÃO/JC
REPRODUÇÃO/JC
- Braskem
- Publica relatórios de sustentabilidade desde 2004. Em 2018, a
empresa aumentou em 30% os investimentos em produtos e processos mais
sustentáveis.
- BSBios
- A empresa de energia renovável publica relatórios de
sustentabilidade desde 2017. Em 2019, o destaque foi o reaproveitamento de
materiais, de modo que menos de 0,97% dos resíduos foi para aterros.
- CMPC
- A multinacional do setor de celulose publica relatórios integrados
desde 2010. Em 2019, investiu R$ 100 milhões em um sistema de drenagem
pluvial para monitoramento e tratamento da água da chuva. A obra fica
pronta em setembro.
- Gerdau
- Publica o relato integrado desde 2000, e o último se refere a 2018.
Um dos destaques é a transformação do subproduto do processo de produção
de aço em fertilizantes, segundo princípios da economia circular.
- Renner
- Publica relatórios integrados desde 2014. Em 2019, a empresa
produziu 46,7 milhões de peças com o Selo Re Moda Responsável, o que
representa 31% do total de produtos do ano.
- SLC
Agrícola - Publica relatórios de sustentabilidade desde 2016 e, em
2019, adotou relatório integrado. A empresa, que produz soja, algodão e
milho, mantém 99,4 mil hectares de áreas preservadas e apoia projetos como
Cabeceiras do Pantanal e Conservação da Biodiversidade no Cerrado.
- Sicredi
- Publica relatórios de sustentabilidade desde 2012. No último,
destaque para o financiamento de R$ 11,2 bilhões em economia verde.
Da capacidade instalada de energia solar no Estado em 2019, 45% foi
financiada pelo Sicredi.
- Kepler
Weber - Publica relatórios de sustentabilidade desde 2012 (só não
publicou em 2017). Em 2019, a empresa conseguiu zerar o envio de resíduos
perigosos para aterro industrial. Do total de energia elétrica consumida,
68% veio de fontes renováveis.
- BRK
Ambiental - A empresa de saneamento criada em 2017 publicou seu
primeiro relatório anual em 2019. Destaque para o projeto em parceria com
a ONG Water.org, que oferece crédito barato para que as famílias de baixa
renda tenham acesso a água e saneamento.
- Randon
- Publica relatórios de sustentabilidade desde 2008, mas não de forma
periódica. Em 2018, o grupo investiu R$ 12 milhões em ações de
preservação e conservação ambiental.
Minidicionário de sustentabilidade empresarial
- ASG: Sigla
para aspectos ambientais, sociais e de governança. Também é muito usada em
inglês como ESG: environmental, social and corporate governance.
- Governança
corporativa: É um conjunto de processos, políticas e regulamentos
que garantem a confiabilidade da empresa diante de seus acionistas,
clientes e investidores.
- GRI: Do
inglês, Global Reporting Initiative (Iniciativa Global de Relatórios).
Entidade internacional que estabelece os parâmetros e indicadores a serem
seguidos em um relatório de sustentabilidade.
- Frameworks: Diretrizes
gerais definidas por organizações como a GRI ou o Conselho Internacional
de Relatórios Integrados.
- Stakeholder: Palavra
em inglês usada para designar qualquer pessoa que tenha alguma relação com
a empresa. Pode ser um investidor, consumidor, funcionário, fornecedor,
acionista ou um morador da comunidade onde o negócio está inserido.
- CEBDS: Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. É uma
associação formada por 60 dos maiores grupos empresariais do País. Promove
o desenvolvimento sustentável por meio da articulação junto aos governos e
à sociedade.
- Economia
circular: Confecção de novos produtos a partir de materiais
usados. Evita o descarte em aterros e aumenta o ciclo de vida dos
recursos.
TOMADO DE JOURNAL DO COMERCIO DE RGS BR
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