Análise:
Apagões estão mais frequentes e devem aumentar
ADRIANO PIRES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Um novo
apagão atingiu o país. Nove Estados do Nordeste e parte do Norte tiveram
interrompido o fornecimento de energia a partir da 0h14 de sexta-feira (27).
Trata-se da terceira interrupção em menos de 30 dias, sendo o Nordeste atingido
pela segunda vez no período.
Noite do
apagão teve calote, falta de água e transferência de bebê
Os apagões
estão se tornando frequentes e, considerando a sazonalidade, a quantidade e a
frequência das ocorrências, tendem a aumentar.
Na
contabilidade de desligamentos de outubro estão duas ocorrências em Brasília e
uma interrupção que atingiu cidades do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste e do
Norte, devido a um incêndio em transformador da subestação de Furnas, em Foz do
Iguaçu, no Paraná.
Ainda, em 22
de setembro, 11 Estados das regiões Norte e Nordeste ficaram por 30 minutos sem
energia.
Os recentes
apagões, em diferentes localidades, evidenciam problemas na transmissão e na
distribuição.
Os leilões
de energia, ao comercializar empreendimentos de geração em regiões distantes
dos grandes centros, contribuem para a construção de linhas de transmissão
longas e, consequentemente, difíceis de serem gerenciadas e mantidas.
Tal fato,
associado a uma fiscalização insuficiente do setor, levou à inadequação dos
investimentos em manutenção, motivada pela dúvida sobre o destino das
concessões do setor elétrico.
Agora, com a
nova MP do setor, que usa a renovação das concessões como instrumento para a
modicidade tarifária, receia-se que a tarifa, cujo cálculo está a cargo da
Aneel, não assegure remuneração adequada às empresas, prejudicando os
investimentos em expansão, modernização e manutenção das redes de transmissão e
distribuição.
Para
garantir a confiabilidade do sistema, o governo deveria incentivar o aumento da
cogeração, além de maiores estímulos à inserção do smart grid (transformação da
rede elétrica em rede inteligente) na distribuição.
Apesar de
tais eventos terem sido inicialmente tratados como fatos pontuais, o ministro
interino de Minas e Energia admitiu que "eventos como esses não são
normais e a coincidência então é que é mais anormal ainda". Dessa forma, a
robustez e segurança do sistema elétrico brasileiro entram em xeque.
ADRIANO
PIRES é diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura.
Tomado de
Folha de San Pablo br
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