Escrito por
Estadão Conteúdo
Um oleoduto
do Terminal Marítimo Almirante Barroso (Tebar), pertencente à
Transpetro/Petrobrás, provocou um vazamento de óleo no início da noite da
última sexta-feira, 5, e uma quantidade ainda não calculada vazou no mar no
Canal de São Sebastião, litoral norte de São Paulo e atingiu ao menos duas
praias até o meio dia deste sábado, 6. O oleoduto está localizado no píer de
atracação dos navios petroleiros, que transportam os produtos descarregados das
embarcações para tanques de armazenamento. O Tebar responde por 55% do petróleo
consumido no País.
O acidente
acontece no momento em que a Petrobrás tenta aprovar no Conselho Estadual do
Meio Ambiente (Consema) o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (Eia/Rima)
para ampliação do píer, projeto que é reprovado por grande parte dos moradores
de São Sebastião e Ilhabela devido aos possíveis impactos ambientais.
Um
verdadeiro "exército" formado por homens da Petrobrás e de empresas
terceirizadas tentou impedir que o produto chegasse às praias da região central
por meio de boias de contenção, espalhadas no entorno do píer, que tem
capacidade para atracação de quatro navios petroleiros. No lado sul as boias
foram instaladas a cerca de 150 metros do píer e, do lado norte, a cerca de 300
metros do local do vazamento. Várias embarcações passaram toda a madrugada e
manhã deste sábado monitorando as manchas no canal e realizando o cerco com as
boias de contenção.
Prejuízos.
Em terra, durante toda a madrugada deste sábado, centenas de homens foram
espalhados nas praias da região central de São Sebastião para identificar
possíveis manchas na areia utilizando lanternas. O trabalho de contenção
acontece entre o centro de São Sebastião e a Praia do Arrastão, a quatro
quilômetros do local do acidente. A partir das 6h40 de sábado, aproveitando a
luz do dia, técnicos realizaram voos de helicóptero para avaliar a dimensão do
vazamento.
Diversos
barcos de pesca e de recreação foram atingidos pelo óleo. O pescador Manoel
Moreira teve seu barco manchado pelo óleo. "Além disso, não pude tirá-lo
da água pois ele está preso no cerco feito com as boias de contenção pela
Petrobrás", lamentou. Segundo ele, o prejuízo por ter ficado um dia sem
trabalhar foi de R$ 1,5 mil. "Sem contar o prejuízo do barco, com o custo
que terei para limpá-lo e pintá-lo".
A área
delimitada para a contenção do vazamento fica no centro de São Sebastião, onde
estão concentradas residências, hotéis, pousadas, escolas e a Avenida da Praia,
ponto turístico gastronômico e histórico. As praias monitoradas durante a
madrugada de sábado foram a do Centro, Porto Grande, Pontal da Cruz e Arrastão.
Manchas
Os esforços
para evitar que óleo atingisse as praias foram em vão. Às 8h de sábado as
manchas começaram a atingir as praias do Porto Grande e Deserta, que tiveram
areia e a parte da costeira tomada por óleo que variava nas cores preta e
colorida. Trabalhadores aplicavam na areia um produto para absorver o óleo, mas
a quantidade que chegou até as praias era grande. A areia contaminada está
sendo retirada da praia. Turistas evitaram os locais ao observarem uma verdadeira
"operação de guerra". O cheiro do óleo era sentido em toda a região
central de São Sebastião e bairros adjacentes, levadas pelos ventos.
O
secretário do Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipolito do Rego, disse
que toda a sua equipe está percorrendo as praias para identificar os locais
atingidos. "Até nossos agentes que estavam de folga estão atuando e
fotografando para que possamos posteriormente aplicar as multas". Agentes
da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) também acompanhavam os
trabalhos.
O
presidente da Associação dos Municípios Produtores de Gás Natural, Petróleo,
Possuidores de Gasodutos, Oleodutos, Áreas de Tancagem e Estação de Bombeamento
no Estado de São Paulo (Amprogás), Antonio Luiz Colucci, que também é prefeito
de Ilhabela, vizinha a São Sebastião, lamentou o ocorrido. "O pior
prejuízo já ocorreu, que é a vida marinha do Canal de São Sebastião que foi
atingida. Isso é irreversível. Além disso, a pesca também foi prejudicada pelo
vazamento", disse ele, que colocou sua equipe de prontidão caso o óleo
atinja as praias de Ilhabela.
Segundo a
Transpetro, as equipes de contingência foram acionadas assim que o vazamento
foi identificado. Ainda de acordo com a empresa, o produto que vazou do
oleoduto é combustível marítimo e as causas do acidente estão sendo apuradas.
Tomado de diário
de comercio de Brasil
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