Programas de inclusão
avançam, e pobreza cai no Rio
• De 2007 a
2012, população com renda per capita mensal de até R$ 120 recuou 44,6%, como
mostra o IBGE
Vencendo a miséria. Alex com o filho Samuel e a mulher,
Aline: ele deixou as ruas e mora m apartmento, em TriagemMônica Imbuzeiro /
Agência O Globo
RIO - Nascido numa família pobre de Campo Grande, na Zona
Oeste do Rio, órfão de pai com 15 dias de vida, Alex dos Santos Mendonça passou
a morar na rodoviária do bairro ainda menino. Ele fazia parte de um grupo de
crianças que dormia sob as marquises do terminal. Matavam a fome cheirando
cola. Mais tarde, deixou as ruas e foi morar com a avó em Sepetiba. Sentiu
falta da liberdade e voltou à vida ao relento. Há três anos, passou a ocupar um
barraco na base no Morro da Chacrinha, na Tijuca. Viciou-se em crack. O médico
assegurou que sua vida estava por um triz.
Em agosto passado veio a guinada: Alex passou a morar num
confortável apartamento de dois quartos em Triagem, na Zona Norte. Divide o
teto com a mulher, Aline de Jesus Gomes, de 23 anos, e com um dos quatro
filhos, Samuel, de 2.
O condomínio foi construído pelo programa Minha Casa Minha
Vida, do governo federal, em parceria com a prefeitura. Esta investiu R$ 102
milhões no Bairro Carioca, que tem área de lazer e creche. A família de Alex
sobrevive hoje com uma renda mensal de R$ 600. Ele e a mulher vendem balas na
rua. O programa Bolsa Família, para o qual a família foi cadastrada há um ano,
responde por 23% do total da renda (R$ 142).
Histórias como a de Alex têm se tornado cada dia mais comuns
no Rio. De 2007 a 2012, a população com renda per capita mensal de até R$ 120 —
a linha da pobreza considerada pela ONU — recuou 44,6%, como mostra a última
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2012, do IBGE. Com isso,
a cidade praticamente já cumpriu a meta de reduzir à metade o índice, objetivo
que deveria ser atingido somente em 2015.
Cidade teve queda superior à registrada no Brasil em 2012
Na avaliação do economista e presidente do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri, os enormes avanços nacionais
em redução da pobreza podem ser atribuídos aos programas de transferência de
renda direta, principalmente o Bolsa Família.
O economista sustenta que o Rio tem conseguido ainda mais
avanços com a complementação de renda feita pelo Cartão Família Carioca, criado
pela prefeitura em dezembro de 2010: hoje são 146 mil famílias (ou 540 mil
cariocas) beneficiadas.
— Eu costumo dizer que 2012 foi um ano extraordinário em
redução da pobreza. O número de pessoas na linha de pobreza extrema, ou seja,
famílias com renda mensal de R$ 75, caiu mais fortemente no Rio (recuo de
25,8%) do que no Brasil (queda de 15,9%). Embora a desigualdade não tenha se
reduzido significativamente em nível nacional, houve uma queda de pobreza
violenta. No Brasil, a renda dos 5% mais pobres cresceu 20,7% no ano passado.
E, no Rio, cresceu 21%. A meta de redução de pobreza proposta em 2009, mas
usando 2007 como ponto de partida, praticamente foi cumprida — diz Neri.
220 mil famílias incluídas
Vice-prefeito e secretário de Desenvolvimento Social,
Adilson Pires afirma que a cidade deve atingir a marca de 220 mil famílias
incluídas no Cartão Família Carioca.
— Com isso, estaremos eliminando a pobreza extrema. É
obrigação do poder público usar recursos para tirar as pessoas da linha de
pobreza.
Para Alex Mendonça, que deixou a miséria e ganhou
apartamento, sobreviver com dignidade é importante, mas ainda não o suficiente.
Há quatro anos sem consumir crack, ele planeja voos mais altos: sonha em
aprender a tocar violino e ter um trabalho de carteira assinada.
Aposentada há duas décadas, desde que foi atingida por uma
bala perdida na região lombar, Selma Ferreira dos Santos, de 49 anos, viveu
dois anos num precário alojamento com a filha, Naira, de 15 anos, na comunidade
Serra do Sol, em Santa Cruz. O local não tinha saneamento.
Em 23 de agosto passado, foi transferida para um apartamento
em Campo Grande, pelo programa Minha Casa Minha Vida. Chorou de emoção.
— Há dez anos, passei a receber um auxílio-acidente do INSS,
de R$ 649 por mês. Antes disso, a minha mãe ajudava com a aposentadoria dela.
Agora posso pensar em melhorar de vida.
Tomado de
http://oglobo.globo.com/ de Brasil
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