Brasil prepara plano para ampliar mão de obra estrangeira
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
O governo quer fazer do Brasil um país mais aberto a imigrantes
estrangeiros do que nações como Canadá e Austrália, famosas por buscar
ativamente esse tipo de mão de obra.
A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República vai propor em março uma série de medidas para elevar a entrada de mão
de obra estrangeira qualificada no Brasil e aumentar a competitividade do país,
informou à Folha Ricardo Paes de Barros, secretário de Ações
Estratégicas da SAE.
Visto
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Escassez de mão de obra qualificada é maior no Nordeste e em Brasília
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Entre as propostas em estudo, adiantou Paes de Barros, está
o fim da exigência de contrato de trabalho para conceder visto para
profissionais altamente qualificados.
Um estrangeiro com um doutorado em engenharia no MIT
(Instituto de Tecnologia de Massachusetts), por exemplo, poderia emigrar para o
Brasil sem um contrato de trabalho fechado e prospectar empregos aqui. Hoje,
ele só consegue visto de trabalho quando já tem contrato.
Outra proposta é permitir que estudantes de faculdades
conceituadas do exterior façam "summer job" em empresas brasileiras,
como meio de atrair essa mão de obra.
O "summer job" é um estágio de férias, tradicional
em pós-graduações no exterior e muito usado para recrutar os alunos mais
destacados.
Outra medida, diz Paes de Barros, é flexibilizar regras ao
estrangeiro que muda de emprego ou cargo no Brasil. "Hoje, um estrangeiro
contratado pela Vale para trabalhar no Rio precisa refazer todo o processo no
Ministério do Trabalho se for trabalhar na Vale no Espírito Santo, por exemplo,
ou se for promovido pela mesma empresa", afirma o secretário.
O Brasil é um dos poucos locais que exigem que o estrangeiro
saia do país quando arruma emprego em outra empresa, para iniciar novo processo
de pedido de visto.
Paes de Barros defende também que cônjuges e filhos de
imigrantes estrangeiros qualificados tenham permissão para trabalhar no Brasil.
"Queremos transformar o Brasil em um dos países mais
modernos e ágeis na atração de imigrantes e, para ser mais atrativos que
Canadá, Austrália e EUA, precisamos abrir muito nosso mercado", diz PB.
"Não deixar a mulher do imigrante dar aulas de inglês ou o filho dele
trabalhar prejudica a mobilidade desse trabalhador estrangeiro."
COMPETITIVIDADE
Segundo Paes de Barros, por causa da complexidade do
processo, muitas empresas no país nem tentam contratar estrangeiros, apesar de
não encontrarem um funcionário de qualificação semelhante no Brasil. "A
dificuldade de trazer imigrantes qualificados afeta a competitividade do
Brasil", diz.
Hoje, 0,3% da população brasileira é de imigrantes. Segundo
dados do Censo, o número de estrangeiros no país encolheu na última década, de
683 mil em 2000 para 593 mil em 2010. E 43% deles têm mais de 60 anos. No
mundo, a média de imigrantes na população é 3%; na América Latina, fora o
Brasil, fica em 1,5%; nos EUA, em 15%.
"Nós somos muito mais fechados do que o resto da
América Latina. Precisamos aumentar muito nosso fluxo migratório, pelo menos
até [chegar a] 3% da população", afirma o secretário.
Ele reconhece que isso vai levar no mínimo 20 anos.
"Para atrair esses estrangeiros, precisamos tornar o processo de entrada
mais simples e as opções para vir trabalhar no Brasil mais amplas."
TOMADO DE FOLHA DE SAN PABLO BR
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