Copa pode criar foco mundial de dengue, afirma sanitarista
RAFAEL GARCIA DE SÃO PAULO
A revista britânica
"Nature", publicação científica mais importante da Europa, destaca
hoje um artigo do sanitarista Simon Hay, um dos maiores especialistas do mundo
em dengue, dizendo que o Brasil pode se tornar um foco global de transmissão da
doença em 2014.
No texto "Febre do futebol pode virar uma dose de
dengue", o cientista da Universidade de Oxford afirma que três cidades-sede
da Copa --Salvador, Fortaleza e Natal-- vão passar pelo pico da temporada de
transmissão da doença durante o torneio.
Turistas terão orientação para evitar dengue na Copa, diz
ministério
Hay, que liderou estudos globais sobre dengue, diz que a Fifa
e o Brasil deveriam ser mais proativos em orientar turistas estrangeiros.
O cientista defende que uma campanha global para educação
dos turistas tenha início logo, pois em 6 de dezembro o sorteio define onde as
seleções vão jogar.
Muitos turistas começam a planejar suas viagens a partir daí
e precisam receber informação sobre como identificar sintomas da doença e
orientações para usar repelente e roupas compridas.
O cientista sugere que haja reforço em ações de combate ao
mosquito nessas cidades, com fumigação de inseticidas perto dos estádios.
Segundo Hay, autoridades de saúde local também precisam
estar atentas para o risco de torcedores trazerem novas variedades do vírus da
dengue para dentro do país.
"Certamente, com muitas pessoas chegando, existe o
risco de novos tipos do parasita serem trazidos. A probabilidade de eles se
estabelecerem é então relacionada à quantidade de mosquitos no local", diz
o cientista à Folha. "Se o controle for intenso antes da Copa, isso iria
beneficiar não só torcedores de fora, mas brasileiros também."
Segundo o infectologista brasileiro Artur Timerman, a
preocupação não é exagero, e o governo precisa ser mais transparente. "Em
2013, podemos estarmos vivendo nosso maior surto de dengue", diz. O último
levantamento federal indica que o país já teve até agora 1,46 milhão de casos
relatados em 2013, com 573 mortes, índice maior que os dos três anos
anteriores. TOMADO DE FOLHIA DE SAN PABLO BR
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