AMAZÔNIA DESMATADA JÁ
É O TRIPLO DA ÁREA DE SP
· por Mauricio
Tuffani · em Amazônia, Ambiente, Divulgação, Política ambiental · Deixe
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Imagem elaborada com base em dados obtidos por satélites
para o sistema Prodes (Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por
Satélite), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. (Licença Creative
Commons 3.0)
Devastação florestal acumulada na região dobrou entre 1988 e
2013, alcançando uma extensão equivalente também à metade do estado do Amazonas
e ao triplo do Reino Unido.
Na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente anunciou que os
desmatamentos na Amazônia brasileira de agosto de 2013 e janeiro de 2014 caíram
19% em relação ao mesmo período de 2012 a 2013. Baseada em dados
do sistema Deter
(Desmatamento em Tempo Real), que são obtidos por satélites para apoiar
ações de fiscalização e controle de degradações de diversos tipos, essa boa
notícia não vale para Mato Grosso, onde a devastação aumentou, como bem
destacou o jornalista Marcelo Leite em seu comentário “Mato curto e grosso“, na edição de domingo da Folha
de S. Paulo.
Mas outra má notícia sobre a Amazônia é a da extensão de seu
desmatamento acumulado, que passou de 377,6 mil km2 em 1988
para 759,2 mil km2 em 2013. Essa superfície corresponde
aproximadamente à metade do estado do Amazonas (1,57 milhão de quilômetros
quadrados) e ao triplo da área do estado de São Paulo (248,2 mil km2),
que é pouco maior que a do Reino Unido (243,1 mil km2).
Divulgação seletiva
Esses dados de desmatamentos acumulados não têm sido
anunciados pelo governo, mas podem ser obtidos do sistema Prodes (Monitoramento da
Floresta Amazônica Brasileira por Satélite). Realizado sistematicamente
desde 1988 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), esse sistema
também emprega imagens de satélites, mas detecta apenas desflorestamentos do
tipo “corte raso”, e não de devastações de diversos tipos, como as registradas
pelo Deter.
Apesar de sua magnitude, o desmatamento bruto acumulado da
Amazônia não tem sido divulgado pelo governo, a não ser em séries anuais que
começam em 1988, mas sem mostrar sua situação naquele ano. O dado de 377,6 mil
km2 está no relatório
do Prodes de 1990-1991.
Tempos agitados
Em 1988 foram concluídos os trabalhos da Assembleia Nacional
Constituinte, iniciados no ano anterior. A devastação da Amazônia se
intensificou nesse período, pois estavam sendo construídos princípios
constitucionais para fortalecer a legislação ambiental, inclusive com previsão
de sanções penais e ações de responsabilização civil para danos ao meio
ambiente. Naqueles anos, cosmonautas soviéticos a bordo da estação espacial Mir
ficaram impressionados com as grandes queimadas amazônicas que eram visíveis
para eles a olhos nus. Muitas delas ocorreram em áreas agrícolas, mas o próprio
Inpe reconheceu que 40% da extensão atingida por esses incêndios era coberta
por florestas.
Acusações de omissão em relação à Amazônia, feitas por
governantes de outros países e por entidades internacionais, puseram o governo
brasileiro na defensiva. Os estudos sobre os desmatamentos da Amazônia até 1988
foram feitos em 1989, último ano da gestão do presidente José Sarney (PMDB).
Foi um período muito complicado e tenso dessa linha de pesquisa no Brasil. Mas
isso será assunto para outro artigo. TOMADO DE UNIVERSIDAD CIENCIA Y AMBIENTE
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