martes, 8 de abril de 2014

GRANDES HOSPITALES DE BRASIL EN PROBLEMAS


Relatório aponta os problemas dos grandes hospitais do país Paciente reclamou da quantidade de baratas no hospitais
ANDRÉ DE SOUZA  -BRASÍLIA - Os grandes hospitais públicos brasileiros de urgência e emergência sofrem com problemas como a carência de leitos, filas de espera e falta de profissionais, equipamentos e investimentos. Em alguns casos, falta até mesmo água para beber e dar a descarga. As conclusões são de relatório feito pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e por outras entidades ligadas à saúde, após visita a oito grandes hospitais de diferentes cidades. No Rio de Janeiro, foi observada a situação do Hospital Municipal Souza Aguiar.
- Foi mera percepção do óbvio - afirmou o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), coordenador do grupo de trabalho da CDHM que visitou os hospitais.
Além do Souza Aguiar, foram visitados o Hospital Arthur Riberio de Saboya, em São Paulo; Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador; Pronto Socorro João Paulo II, em Porto Velho; Pronto Socorro Municipal Mario Pinotti, em Belém; Hospital de Base, em Brasília; Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre; e Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá.
"Foram observados extremos em que a atenção à urgência e emergência apresentava um nível satisfatório, embora ainda com problemas a solucionar (como na unidade de SP), até degradante caso que se assemelhava a uma 'enfermaria de guerra', em que além de pacientes 'internados em macas' nos corredores da emergência, havia aqueles 'internados em colchões sobre o chão' (como na unidade de RO)", destaca o relatório.
Um dos casos que chamou a atenção do deputado foi a do Pronto Socorro Municipal Mario Pinotti, em Belém, onde a falta de água foi classificada como uma situação surreal.
- Em Belém, no dia da visita, não tinha água no bebedouro, água no chuveiro. A descarga não estava funcionando por falta de água - afirmou Jordy.
O Souza Aguiar, no Rio, também chamou a atenção do deputado. Segundo ele, uma das feridas do acidente com o bondinho de Santa Teresa reclamou da quantidade de baratas.
- À noite, ela ficava acordada, porque, com a quantidade de baratas, ela ficava apreensiva para impedir que esses insetos chegassem aos pacientes.
O relatório produzido pela CDHM destacou quatro casos testemunhados pela comissão no Souza Aguiar. Um deles trata de um menino de três anos, vindo de ambulância de Jacarepaguá, em busca de um cirurgião pediátrico para uma cirurgia de urgência. "Já havia passado por outros dois hospitais públicos municipais. Não encontrando o especialista, estava sendo recusado pelo Souza Aguiar também. A Comissão apelou à direção e ele foi atendido por um profissional habilitado", diz o relatório.
Houve outro caso envolvendo criança que precisou de intervenção da CDHM. "Mãe chega com seu filho de ouvido inflamado e febre, pele com escaras, vinda de Niterói, encaminhada pelo serviço de saúde de lá. Não pode ser atendida. Mais uma vez a CDHM intervém e pede solução. A criança é encaminhada para atendimento ambulatorial", aponta o relatório.
"Os deputados concluem que são graves os problemas na cidade do Rio. Sugerem que a CDHM retorne ao município para visitar outros hospitais, entrevistar gestores do sistema e realizar audiência pública", conclui o relatório.
Jordy reclamou principalmente do subfinanciamento. Segundo ele, nos últimos dez anos, foram aprovados R$ 53 bilhões de investimentos da União em saúde, mas somente R$ 5,5 bilhões foram efetivamente gastos. Ele também defendeu que 10% da receita orçamentária seja destinada para o setor, conforme prevê uma proposta em tramitação no Congresso.
Filme para pedir mais recursos
Junto com o relatório, foi divulgado um filme de uma campanha publicitária do CFM exigindo mais recursos para a saúde. O filme também diz que é preciso abandonar as medidas paliativas e adotar medidas concretas. Questionado se entre elas está o Mais Médicos - programa do governo federal que traz médicos de fora, principalmente de Cuba, para atuar no Brasil e que enfrentou forte oposição do CFM - o presidente da entidade, Roberto d'Ávila, respondeu:
- Não somente. Todas as medidas que não são definitivas, que não são programas de Estado provisórios.
O relatório faz várias recomendações ao Executivo, entre elas aumentar o número de leitos, monitorar filas de espera, agilizar exames e obrigar efetivamente os planos de saúde a ressarcir o SUS pelos serviços públicos que eles utilizam.
- Os planos de saúde não têm encontro de contas com o SUS. Apesar de ter portarias, resoluções do ministério, geralmente isso é interditado via judicialização, à medida que a alegação feita é que o sistema de saúde é universal, é porta aberta. Portanto não é cabível esse tipo de questionamento, o que agride nosso entendimento - disse Jordy, acrescentando: - Estamos fazendo o SUS financiar plano de saúde. E os planos de saúde financiando time de futebol "y otras cositas más". Quer dizer, é uma inversão completa do sistema.
TOMADO DE O GLOBO DE BR 

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