Um século atrás, surgia a hora oficial no
Brasil
Observatório
Nacional lembra a origem dos fusos horários no país
Visita
ilustre: Albert Einstein (centro) visita Observatório Nacional em 1925
RIO. Até
100 anos atrás, o Brasil não contava com fusos horários. O relógio era ditado
segundo conveniências regionais. O país só pôs ordem no tempo em 1913, quando
um decreto estabeleceu a Hora Legal Brasileira (HLB), partilhando o território
em quatro fusos, do Acre aos arquipélagos de Trindade e Fernando de Noronha.
A história
dos fusos começou a ser escrita em 1884, quando os EUA sediaram a Conferência
Internacional do Meridiano. O encontro reconheceu uma linha que passaria por
Greenwich, na Inglaterra, como a referência das longitudes do planeta. Era
exatamente naquele ponto que se dividia os hemisférios ocidental e oriental.
A origem
das longitudes, porém, só foi referendada em 1912, na Primeira Conferência
Internacional da Hora. Como o planeta precisa de uma hora para girar 15 graus,
este é o espaço, na esfera terrestre, ocupado por cada fuso. O Brasil adotou o
sistema de fusos no ano seguinte.
Mas as
linhas criadas a partir da conferência não são necessariamente retas. Podem
haver alguns deslizes dentro de cada faixa. Do contrário, o Pará, por exemplo,
seria dividido em dois fusos. Por praticidade, o governo brasileiro preferiu
colocá-lo inteiramente com o mesmo horário.
— Ainda
assim, não foi possível inserir todo o país em apenas um fuso. O Brasil é
grande demais — explica Ricardo José de Carvalho, chefe da Divisão Serviço da
Hora do Observatório Nacional (ON).
Atualmente,
o Brasil tem três fusos. O mais próximo a Greenwich corresponde apenas aos
arquipélagos de Trindade e Fernando de Noronha. O intermediário e mais amplo
abrange 20 estados, além do Distrito Federal. A terceira faixa e mais
“atrasada” é ocupada por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima,
Acre e Amazonas.
— Só na
última década o Brasil aboliu o quarto fuso, que valeu por quase um século e
contava apenas com o Acre e o Oeste de Rondônia — lembra Carvalho. — Agora,
eles estão anexados à terceira faixa.
A hora é
gerada por um conjunto de relógios atômicos — um equipamento cuja referência é
o átomo de césio. A oscilação deste átomo gera o segundo atômico; sua
aglomeração compõe minutos, horas e dias.
Há, no
país, 12 relógios atômicos, sendo nove no Observatório Nacional. Suas medições
são comparadas e a média obtida é a HLB.
Carvalho
fará uma palestra sobre a HLB hoje, na sede do Observatório (Rua General José
Cristino 77, São Cristóvão), seguida pela exibição do filme “A medida do
tempo”. Começa às 14h. Em ponto.
Tomado de o globo de
br
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