Brasil vai começar a
explorar gás não convencional sem ter regras de produção
Nos EUA, riscos ao meio ambiente provocam luta por regras
mais rígidas de exploração
Erosão. O uso inadequado dos aditivos químicos provoca
deslizamentos em campo de shale gas nos Estados Unidos Fac Tracker/Divulgação /
Fac Tracker/Divulgação
PITTSBURGH E RIO- Uma década após o avanço da exploração do
shale gas (gás não convencional) nos EUA, a pressão para reduzir os impactos
sociais e ambientais está longe do fim. Diversas organizaçõe não-governamentais
vêm, agora, questionando os índices de poluição do ar e da água divulgados por
empresas e pelo próprio governo. Na lista de reivindicações, estão ainda
pedidos para a criação de padrões mais restritivos para a exploração e a
divulgação dos produtos químicos misturados à água que são usados na perfuração
dos poços, em um processo chamado de fraturamento hidráulico.
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Segundo essas organizações, países como o Brasil, onde a
fase exploratória do gás não convencional deve começar ainda neste ano, podem
aproveitar a experiência americana para evitar problemas ambientais, como a
contaminação do aquífero e do solo. Apesar de a Agência Nacional do Petróleo
(ANP) ter realizado o primeiro leilão com foco em gás em terra em novembro de
2013, quando foram arrematados 72 blocos em cinco bacias, ainda não foram
definidas as regras para a produção de shale gas, que estão em fase de
conclusão.
— Muito se fala do crescimento do shale gas, mas pouco se
fala das preocupações com o meio ambiente. Nossa proposta é fazer com cuidado.
Queremos mostrar como evitar os riscos. Se o Brasil quer isso, é só fazer — diz
Susan Legros, diretora-executiva do Centro de Desenvolvimento Sustentável do
Shale (CSSD).
O CSSD vem pressionando o governo para criar normas mais
rígidas para a exploração do gás não convencional. Susan defende o descarte
zero da água usada no processo, já que hoje o governo da Pensilvânia, por
exemplo, permite o descarte com níveis mínimos de produtos químicos tóxicos.
Outra importante regra defendida pelo CSSD é a reciclagem mínima de 90% da água
usada na perfuração. Susan lembra que as leis estaduais não exigem patamar
mínimo. A diretora ainda critica o fato de o uso do diesel ser liberado pelos
governos durante o processo de fraturamento. Por isso, sugere a proibição do
combustível.
— Temos de cobrar melhorias no processo — explica.
Além de Susan, Raina Rippel, que dirige o Projeto de Saúde
Ambiental do Sudoeste da Pensilvânia, iniciativa criada para ajudar as pessoas
com problemas de saúde oriundos da exploração, alerta para o fato de que, em
média, são usados até 55 aditivos químicos durante a perfuração. Ela afirma
que, além de não serem divulgadas as características desses produtos, por ser
considerado segredo industrial, não há estudos mostrando quais são os
resultados dessa combinação para a saúde humana.
— Sem essa divulgação, é impossível relacionar o shale gas
aos problemas de saúde da população. A única exceção é a emissão de poluentes
do diesel. Todos sabemos que o revestimento dos poços tem uma vida útil, assim,
em algum momento, há riscos de vazamento de substâncias tóxicas. O ar também
está sob ataque. As medições atuais feitas pelo governo federal não são suficientes,
e isso precisa ser melhorado. Os governos não têm uma política de saúde pública
para entender o que está acontecendo — explica Raina.TOMADO DE O GLOBO DE BR
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