domingo, 10 de marzo de 2019

COMEÇAR ATIVIDADES FÍSICAS EM QUALQUER IDADE PODE REDUZIR RISCO DE MORTE


Começar a praticar exercícios físicos em qualquer idade pode reduzir o risco de morte, mostra estudo americano feito com mais de 315 mil idosos
VS Vilhena Soares
 (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
 As atividades físicas são conhecidas como as melhores aliadas da saúde. Mas é comum achar que, com o passar dos anos, elas não rendem os mesmos resultados ao organismo e podem até gerar problemas, como lesão e infarto. Uma pesquisa americana acaba de mostrar o contrário. Os pesquisadores analisaram dados de mais de 315 mil idosos e observaram um risco menor de morte nos que praticaram exercício físico entre os 15 e 61 anos. Os resultados do trabalho foram publicados na última edição da revista Jama.
Os autores explicam que já está bem estabelecido que a participação na atividade física na meia-idade (de 40 a 60 anos) está associada a benefícios substanciais à saúde, como menor risco de morte por qualquer causa, eventos cardiovasculares e câncer. “No entanto, ainda se sabe pouco sobre as vantagens do envolvimento a longo prazo (da adolescência à idade adulta) e se os indivíduos precisam ser ativos em todas as idades para obter os ganhos documentados para a meia-idade. Foi assim que nossa ideia surgiu”, conta ao Correio Pedro F. Saint-Maurice, pesquisador do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NIH, em inglês) e principal autor do estudo.
Para decifrar melhor o tema, os cientistas analisaram padrões de atividade física de 315 mil adultos americanos desde o período da adolescência (15 a 18 anos) até a meia-idade (40 a 61 anos) e fatores físicos associados ao risco de morte, como hipertensão e sobrepeso. Os dados foram retirados de estudos sobre a saúde de aposentados. A equipe americana baseou-se no tempo de atividade física feita pelos participantes, incluindo relatos dos exercícios realizados durante a juventude.
Os pesquisadores observaram que os participantes que mantiveram as taxas de atividade física moderada — pelo menos 150 minutos por semana de atividade aeróbica moderada ou 75 minutos por semana de exercício de intensidade vigorosa — apresentaram menor risco de mortalidade para todas as causas analisadas, como câncer e infarto.
O aumento da atividade física dos 40 aos 61 anos, para os adultos menos ativos, também resultou em menor risco de morte. Para a equipe, os dados mostram que a atividade física gera resultados positivos mesmo em uma fase da vida mais avançada, o que serve como incentivo para que pessoas sedentárias mudem seus hábitos.
“Achamos que esses resultados são muito relevantes para a comunidade médica e para mensagens de saúde pública. A ideia de que é benéfico permanecer ativo durante toda a vida adulta e de que não é tarde demais para começar a ser ativo, particularmente durante o fim da vida, pode ter implicações importantes”, frisa o autor do estudo. “Por exemplo, indivíduos que já estão ativos podem ser aconselhados a manter os níveis de atividade, enquanto aqueles que ficaram inativos durante a maior parte da vida adulta, agora, podem ser informados de que ainda obtêm benefícios substanciais à saúde mudando hábitos”, complementa Saint-Maurice.
Câncer
Julian Machado, ortopedista do Hospital Santa Lúcia e diretor científico da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia do Distrito Federal (SBOT-DF), chama a atenção para outra relação detectada no estudo americano: o aumento da sobrevida em pessoas que tiveram câncer e que realizavam exercícios frequentemente. “Isso é um ponto que precisa ser explorado. Claro que existem casos em que a atividade física não é recomendada, mas isso não ocorre sempre. É bom mantê-la em conjunto com outras atividades de recuperação, como a quimioterapia. Ultimamente, usa-se muito também os imunoterápicos, que exigem a realização de exercícios”, ressalta.
Para Saint-Maurice, também é preciso conduzir novos estudos com o intuito de entender de forma mais detalhada quais os efeitos gerados pela atividade física em cada fase da vida. “Trabalhos futuros devem explorar os mecanismos de saúde associados ao aumento e à diminuição da atividade física em diferentes idades. Trabalharei para agregar valor a esse tópico”, adianta.
O ortopedista Juliam Machado faz uma sugestão. “Seria interessante abrir outras frentes de estudo e observar, por exemplo, quais atividades são melhores para grupos mais velhos, acima de 60 anos.” Para o especialista, a mensagem mais importante do estudo é a necessidade de não deixar os exercícios de lado em qualquer fase da vida. “Esse trabalho ressalta o quanto é necessário fazer atividades físicas. É importante achar uma  de que a pessoa goste, que tenha a ver com o biotipo e o objetivo dela. Apenas assim se tem uma vida mais saudável”, ressalta.
"Aqueles que ficaram inativos durante a maior parte da vida adulta, agora, podem ser informados de que ainda obtêm benefícios substanciais à saúde mudando hábitos”
Pedro F. Saint-Maurice, pesquisador do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos e principal autor do estudo
 Sempre benéfico
 Amplo estudo mostra que exercícios físicos fazem bem à saúde de pessoas de todas as idades, mesmo quando iniciados tardiamente
 1. Os cientistas analisaram padrões de atividades físicas de 315 mil idosos americanos no período desde a adolescência (15 a 18 anos) até a meia-idade (40 a 61 anos) e fatores físicos associados ao risco de morte, como hipertensão e sobrepeso
 2. O estudo baseou-se no tempo que os participantes dedicavam a atividades físicas, incluindo relatos dos exercícios realizados durante a juventude
 3. Aqueles que mantiveram as taxas de atividade física moderada — pelo menos 150 minutos por semana de atividade aeróbica ou 75 minutos por semana de intensidade vigorosa — apresentaram menor risco de mortalidade para todas as causas consideradas, como câncer e infarto
 4. Para os adultos menos ativos, o aumento da atividade física na meia-idade também resultou em menor risco de morte
 5. Também constatou-se maior sobrevida entre os participantes que tiveram câncer e praticavam exercícios frequentemente 
 6. Os resultados sugerem que manter a atividade física moderada desde a adolescência está associado a um risco menor de morte, e que os benefícios surgem mesmo quando se está em etapas mais avançadas da vida  
Tomado de correio brasiliense

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