Começar a praticar exercícios físicos em qualquer idade pode
reduzir o risco de morte, mostra estudo americano feito com mais de 315 mil
idosos
VS Vilhena Soares
(foto: Marcelo
Ferreira/CB/D.A Press)
As atividades físicas são conhecidas como as melhores
aliadas da saúde. Mas é comum achar que, com o passar dos anos, elas não rendem
os mesmos resultados ao organismo e podem até gerar problemas, como lesão e
infarto. Uma pesquisa americana acaba de mostrar o contrário. Os pesquisadores
analisaram dados de mais de 315 mil idosos e observaram um risco menor de morte
nos que praticaram exercício físico entre os 15 e 61 anos. Os resultados do
trabalho foram publicados na última edição da revista Jama.
Os autores explicam que já está bem estabelecido que a
participação na atividade física na meia-idade (de 40 a 60 anos) está associada
a benefícios substanciais à saúde, como menor risco de morte por qualquer
causa, eventos cardiovasculares e câncer. “No entanto, ainda se sabe pouco
sobre as vantagens do envolvimento a longo prazo (da adolescência à idade
adulta) e se os indivíduos precisam ser ativos em todas as idades para obter os
ganhos documentados para a meia-idade. Foi assim que nossa ideia surgiu”, conta
ao Correio Pedro F. Saint-Maurice, pesquisador do Instituto Nacional do Câncer
dos Estados Unidos (NIH, em inglês) e principal autor do estudo.
Para decifrar melhor o tema, os cientistas analisaram
padrões de atividade física de 315 mil adultos americanos desde o período da
adolescência (15 a 18 anos) até a meia-idade (40 a 61 anos) e fatores físicos
associados ao risco de morte, como hipertensão e sobrepeso. Os dados foram
retirados de estudos sobre a saúde de aposentados. A equipe americana baseou-se
no tempo de atividade física feita pelos participantes, incluindo relatos dos exercícios
realizados durante a juventude.
Os pesquisadores observaram que os participantes que
mantiveram as taxas de atividade física moderada — pelo menos 150 minutos por
semana de atividade aeróbica moderada ou 75 minutos por semana de exercício de
intensidade vigorosa — apresentaram menor risco de mortalidade para todas as
causas analisadas, como câncer e infarto.
O aumento da atividade física dos 40 aos 61 anos, para os
adultos menos ativos, também resultou em menor risco de morte. Para a equipe,
os dados mostram que a atividade física gera resultados positivos mesmo em uma
fase da vida mais avançada, o que serve como incentivo para que pessoas
sedentárias mudem seus hábitos.
“Achamos que esses resultados são muito relevantes para a
comunidade médica e para mensagens de saúde pública. A ideia de que é benéfico
permanecer ativo durante toda a vida adulta e de que não é tarde demais para
começar a ser ativo, particularmente durante o fim da vida, pode ter
implicações importantes”, frisa o autor do estudo. “Por exemplo, indivíduos que
já estão ativos podem ser aconselhados a manter os níveis de atividade,
enquanto aqueles que ficaram inativos durante a maior parte da vida adulta,
agora, podem ser informados de que ainda obtêm benefícios substanciais à saúde
mudando hábitos”, complementa Saint-Maurice.
Câncer
Julian Machado, ortopedista do Hospital Santa Lúcia e
diretor científico da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia do
Distrito Federal (SBOT-DF), chama a atenção para outra relação detectada no
estudo americano: o aumento da sobrevida em pessoas que tiveram câncer e que
realizavam exercícios frequentemente. “Isso é um ponto que precisa ser
explorado. Claro que existem casos em que a atividade física não é recomendada,
mas isso não ocorre sempre. É bom mantê-la em conjunto com outras atividades de
recuperação, como a quimioterapia. Ultimamente, usa-se muito também os
imunoterápicos, que exigem a realização de exercícios”, ressalta.
Para Saint-Maurice, também é preciso conduzir novos estudos
com o intuito de entender de forma mais detalhada quais os efeitos gerados pela
atividade física em cada fase da vida. “Trabalhos futuros devem explorar os
mecanismos de saúde associados ao aumento e à diminuição da atividade física em
diferentes idades. Trabalharei para agregar valor a esse tópico”, adianta.
O ortopedista Juliam Machado faz uma sugestão. “Seria
interessante abrir outras frentes de estudo e observar, por exemplo, quais
atividades são melhores para grupos mais velhos, acima de 60 anos.” Para o
especialista, a mensagem mais importante do estudo é a necessidade de não
deixar os exercícios de lado em qualquer fase da vida. “Esse trabalho ressalta
o quanto é necessário fazer atividades físicas. É importante achar uma de
que a pessoa goste, que tenha a ver com o biotipo e o objetivo dela. Apenas
assim se tem uma vida mais saudável”, ressalta.
"Aqueles que ficaram inativos durante a maior parte
da vida adulta, agora, podem ser informados de que ainda obtêm benefícios
substanciais à saúde mudando hábitos”
Pedro F. Saint-Maurice, pesquisador do Instituto Nacional
do Câncer dos Estados Unidos e principal autor do estudo
Sempre benéfico
Amplo estudo mostra que exercícios físicos fazem bem à
saúde de pessoas de todas as idades, mesmo quando iniciados tardiamente
1. Os cientistas analisaram padrões de atividades
físicas de 315 mil idosos americanos no período desde a adolescência (15 a 18
anos) até a meia-idade (40 a 61 anos) e fatores físicos associados ao risco de
morte, como hipertensão e sobrepeso
2. O estudo baseou-se no tempo que os participantes
dedicavam a atividades físicas, incluindo relatos dos exercícios realizados
durante a juventude
3. Aqueles que mantiveram as taxas de atividade física
moderada — pelo menos 150 minutos por semana de atividade aeróbica ou 75
minutos por semana de intensidade vigorosa — apresentaram menor risco de
mortalidade para todas as causas consideradas, como câncer e infarto
4. Para os adultos menos ativos, o aumento da
atividade física na meia-idade também resultou em menor risco de morte
5. Também constatou-se maior sobrevida entre os
participantes que tiveram câncer e praticavam exercícios frequentemente
6. Os resultados sugerem que manter a atividade física
moderada desde a adolescência está associado a um risco menor de morte, e que
os benefícios surgem mesmo quando se está em etapas mais avançadas da vida
Tomado de correio brasiliense
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