Após testes com voluntários e a realização de exames de
imagem neurais, pesquisadores americanos comprovam cientificamente a relação,
resultado do aumento da atividade cerebral nas regiões ligadas à sensibilidade
VS Vilhena Soares
foto: Valdo Virgo/CB/D.A Press)
É normal ouvir de pessoas que passam uma noite em
claro reclamações de cansaço e desconforto físico no dia seguinte. Essa ligação
entre danos no sono e dores é conhecida, porém existem poucas evidências
científicas que comprovem essa relação. Para entender melhor essa interligação
entre os dois problemas, cientistas americanos realizaram dois experimentos com
voluntários. Como resultado, eles constataram que, após um período de privação
de sono, a atividade cerebral aumenta nas regiões sensíveis à dor, enquanto a
atividade é reduzida em áreas responsáveis por modular a percepção dos
estímulos dolorosos. As descobertas foram publicadas na revista especializada
Journal of Neuroscience.
Estudos anteriores, feitos pelos autores da pesquisa e também por outros cientistas, ajudaram a revelar que o sono desempenha um papel central no bom funcionamento do cérebro, inclusive no aprendizado, na memória e na emoção. No entanto, segundo os investigadores, o que era cada vez mais óbvio é que o sono não é importante apenas para o cérebro, e sim para todo o corpo. “Isso foi o que inicialmente nos atraiu, como cientistas, a estudar a dor, um processo complexo que envolve tanto o cérebro como o corpo, e o sono está intimamente ligado a ele. Qualquer pessoa com dor lombar crônica ou persistente sabe que, quando se machucam, não dormem bem. E quando não dormem bem, se machucam mais no dia seguinte”, disse ao Correio Adam Krause, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. “A dor, então, representa esse nexo fascinante de cérebro, corpo e sono”, complementou.
Em dois trabalhos, um realizado em laboratório e outro on-line, Krause e sua equipe observaram como o cérebro processa a dor de forma diferente quando os indivíduos são privados de sono. Na primeira pesquisa, os pesquisadores mantiveram adultos jovens saudáveis acordados durante a noite no laboratório. Eles observaram durante uma tarefa de sensibilidade o aumento da atividade no córtex somatossensorial primário, relacionado à sensação de dor, e funcionamento reduzido em regiões do corpo estriado e do córtex insular, regiões neurais responsáveis por modular a percepção dos estímulos dolorosos.
Já no segundo estudo, os participantes revelaram aumento de dor durante o dia, depois de relatarem um sono de má qualidade na noite anterior. Os pesquisadores destacaram que as descobertas reforçam a relação entre dormir mal e sentir dor. “Estudos futuros ainda precisarão examinar mais profundamente a qualidade química e elétrica do sono, a fim de identificar exatamente quais aspectos protegem mais as pessoas da dor elevada, mas esses dados já nos ajudarão a construir recomendações específicas de sono para a dor”, detalhou Adam Krause. “Além disso, a dor crônica e persistente é a que representa as piores condições. Por isso, mais trabalho será feito para entender o papel da interrupção do sono nessa categoria”, ressaltou o cientista.
Rafael Vinhal, médico do sono e psiquiatra, destaca que a pesquisa americana mostra dados importantes, que reforçam uma ligação já conhecida na área médica. “Já temos vários estudos relacionando o sono e a dor, mostrando até uma interligação com a fibromialgia, uma doença que se caracteriza por dores físicas fortes. Nesse estudo, temos esses exames de imagens, que revelam mais detalhes importantes que nos ajudam a entender de maneira mais profunda essa combinação”, detalhou o especialista brasileiro. “Com esses dados, conseguimos observar de forma mais clara essa relação e isso pode facilitar no combate dos dois problemas”, complementou o médico.
Estudos anteriores, feitos pelos autores da pesquisa e também por outros cientistas, ajudaram a revelar que o sono desempenha um papel central no bom funcionamento do cérebro, inclusive no aprendizado, na memória e na emoção. No entanto, segundo os investigadores, o que era cada vez mais óbvio é que o sono não é importante apenas para o cérebro, e sim para todo o corpo. “Isso foi o que inicialmente nos atraiu, como cientistas, a estudar a dor, um processo complexo que envolve tanto o cérebro como o corpo, e o sono está intimamente ligado a ele. Qualquer pessoa com dor lombar crônica ou persistente sabe que, quando se machucam, não dormem bem. E quando não dormem bem, se machucam mais no dia seguinte”, disse ao Correio Adam Krause, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. “A dor, então, representa esse nexo fascinante de cérebro, corpo e sono”, complementou.
Em dois trabalhos, um realizado em laboratório e outro on-line, Krause e sua equipe observaram como o cérebro processa a dor de forma diferente quando os indivíduos são privados de sono. Na primeira pesquisa, os pesquisadores mantiveram adultos jovens saudáveis acordados durante a noite no laboratório. Eles observaram durante uma tarefa de sensibilidade o aumento da atividade no córtex somatossensorial primário, relacionado à sensação de dor, e funcionamento reduzido em regiões do corpo estriado e do córtex insular, regiões neurais responsáveis por modular a percepção dos estímulos dolorosos.
Já no segundo estudo, os participantes revelaram aumento de dor durante o dia, depois de relatarem um sono de má qualidade na noite anterior. Os pesquisadores destacaram que as descobertas reforçam a relação entre dormir mal e sentir dor. “Estudos futuros ainda precisarão examinar mais profundamente a qualidade química e elétrica do sono, a fim de identificar exatamente quais aspectos protegem mais as pessoas da dor elevada, mas esses dados já nos ajudarão a construir recomendações específicas de sono para a dor”, detalhou Adam Krause. “Além disso, a dor crônica e persistente é a que representa as piores condições. Por isso, mais trabalho será feito para entender o papel da interrupção do sono nessa categoria”, ressaltou o cientista.
Rafael Vinhal, médico do sono e psiquiatra, destaca que a pesquisa americana mostra dados importantes, que reforçam uma ligação já conhecida na área médica. “Já temos vários estudos relacionando o sono e a dor, mostrando até uma interligação com a fibromialgia, uma doença que se caracteriza por dores físicas fortes. Nesse estudo, temos esses exames de imagens, que revelam mais detalhes importantes que nos ajudam a entender de maneira mais profunda essa combinação”, detalhou o especialista brasileiro. “Com esses dados, conseguimos observar de forma mais clara essa relação e isso pode facilitar no combate dos dois problemas”, complementou o médico.
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Auxílio
Os pesquisadores acreditam que melhorar a qualidade do sono
pode gerar consequências boas no organismo. “Como a maioria de nós é
cronicamente insatisfeita, dar tempo para um ‘sono suficiente’ pode ter impacto
positivo não apenas para a dor, mas para um amplo conjunto de condições de
saúde”, frisou Krause. O autor do estudo ressaltou que a dor crônica representa
uma das condições de saúde mais onerosas e debilitantes, e novas pesquisas
elucidarão o papel do sono interrompido na transição de uma lesão aguda para
dor crônica ou persistente. “É uma das nossas esperanças que, ao tratar o sono,
isso pode ser uma maneira de parar o desenvolvimento ou reduzir o peso da dor
crônica”, afirmou.
Outra expectativa da equipe de pesquisa é usar os dados vistos no trabalho científico para melhorar a qualidade de vida de pessoas internadas em hospitais. “O lugar onde as pessoas estão mais doloridas é o mesmo lugar onde elas dormem mais, o ambiente hospitalar. Acreditamos que as descobertas em nosso estudo devam encorajar novas práticas em ambientes de tratamento de pacientes internados. Por exemplo, desligar as luzes à noite, permitindo que o paciente durma ininterruptamente, em vez de acordá-lo repetidamente para testes não cruciais, seriam algumas medidas benéficas”, frisou Krause.
Para Vinhal, mais dados podem ajudar a refinar tratamentos de combate a dor. “Esses especialistas ressaltam como é importante observar a qualidade do sono em hospitais, o que eu concordo. Além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, outro ponto de ganho está relacionado à economia. O sistema público de saúde gasta bastante com analgésicos. Se for possível reduzir esse consumo, será bastante positivo”, ressaltou o médico. “Acredito também que mais pesquisas podem ajudar a entender melhor essa relação e, dessa forma, a maneira de combater essas dores por meio da observação da qualidade do sono pode ter mais eficácia no futuro”, complementou o brasileiro.
Palavra de especialista Cuidados necessários
“Uma noite maldormida pode atrapalhar os ciclos do sono, principalmente o segundo, no qual temos a reparação. Se durante o dia você sofre inflamações, é nessa etapa que ocorre o reparo residual, uma recuperação diária e extremamente necessária. Mesmo que existam dicas gerais a respeito de como dormir, elas não servem para todos, pois o ideal é saber como a pessoa se sente confortável e, a partir daí, criar estratégias para que ela consiga uma boa noite. Por exemplo, quem dorme de bruços, não pode usar nada, nem travesseiros. Já para quem dorme de lado, se indica um travesseiro no meio das pernas. Tudo isso para se ter um melhor alinhamento. Outro ponto importante é o tipo de colchão escolhido. Depende muito das características físicas da pessoa. Por isso, caso a pessoa tenha dores que a incomodem, é importante buscar também um especialista para que ele possa dar as melhores indicações.”
Carlos Magno, osteopata da clínica Ibphysical, em Brasília // TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE
Outra expectativa da equipe de pesquisa é usar os dados vistos no trabalho científico para melhorar a qualidade de vida de pessoas internadas em hospitais. “O lugar onde as pessoas estão mais doloridas é o mesmo lugar onde elas dormem mais, o ambiente hospitalar. Acreditamos que as descobertas em nosso estudo devam encorajar novas práticas em ambientes de tratamento de pacientes internados. Por exemplo, desligar as luzes à noite, permitindo que o paciente durma ininterruptamente, em vez de acordá-lo repetidamente para testes não cruciais, seriam algumas medidas benéficas”, frisou Krause.
Para Vinhal, mais dados podem ajudar a refinar tratamentos de combate a dor. “Esses especialistas ressaltam como é importante observar a qualidade do sono em hospitais, o que eu concordo. Além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, outro ponto de ganho está relacionado à economia. O sistema público de saúde gasta bastante com analgésicos. Se for possível reduzir esse consumo, será bastante positivo”, ressaltou o médico. “Acredito também que mais pesquisas podem ajudar a entender melhor essa relação e, dessa forma, a maneira de combater essas dores por meio da observação da qualidade do sono pode ter mais eficácia no futuro”, complementou o brasileiro.
Palavra de especialista Cuidados necessários
“Uma noite maldormida pode atrapalhar os ciclos do sono, principalmente o segundo, no qual temos a reparação. Se durante o dia você sofre inflamações, é nessa etapa que ocorre o reparo residual, uma recuperação diária e extremamente necessária. Mesmo que existam dicas gerais a respeito de como dormir, elas não servem para todos, pois o ideal é saber como a pessoa se sente confortável e, a partir daí, criar estratégias para que ela consiga uma boa noite. Por exemplo, quem dorme de bruços, não pode usar nada, nem travesseiros. Já para quem dorme de lado, se indica um travesseiro no meio das pernas. Tudo isso para se ter um melhor alinhamento. Outro ponto importante é o tipo de colchão escolhido. Depende muito das características físicas da pessoa. Por isso, caso a pessoa tenha dores que a incomodem, é importante buscar também um especialista para que ele possa dar as melhores indicações.”
Carlos Magno, osteopata da clínica Ibphysical, em Brasília // TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE
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