Resultado vem de políticas de diminuição do uso de combustíveis fósseis
e de estímulo a fontes renováveis, segundo cientistas britânicos. Demanda maior
por energia nos últimos anos, porém, ameaça o cenário
CB Correio Braziliense
Captação de energia eólica na França, um dos países que mais lançam
CO2: acordo firmado em 2015 prevê aumento da temperatura em até 2ºC(foto: Remy
Gabalda/AFP)
Captação de energia eólica na França, um dos países que mais lançam
CO2: acordo firmado em 2015 prevê aumento da temperatura em até 2ºC
(foto: Remy Gabalda/AFP)
As medidas tomadas pelos países
desenvolvidos para frear as mudanças climáticas começam a ter os resultados
percebidos. Segundo um estudo divulgado na última edição da revista Nature Climate
Change, políticas de diminuição do uso de combustíveis fósseis e de estímulo a
energias renováveis levaram à redução das emissões de dióxido de carbono (CO2)
no grupo de nações que representam 28% dos emissores globais. Reino Unido,
Estados Unidos, França e Alemanha fazem parte da lista. Os autores do estudo
não descartam a influência da crise financeira global de 2008-2009, que reduziu
a demanda por energia, mas consideram que as medidas energéticas e climáticas
adotadas por esses países fizeram uma diferença significativa.
“Nossas descobertas sugerem que
as políticas para combater a mudança climática estão ajudando a diminuir as
emissões em muitos países. Há um longo caminho a percorrer para reduzir as
emissões globais para perto de zero, que é o que é necessário para impedir a
mudança climática”, ressalta, em comunicado, Corinne Le Quéré, do Centro
Tyndall de Pesquisa sobre Mudança Climática da Universidade de East Anglia
(UEA), no Reino Unido, e principal autora do estudo.
A equipe analisou as razões por
trás das emissões de CO2 nos países em que as emissões diminuíram
significativamente entre 2005 e 2015. O cenário foi comparado com o de nações
em que o houve o fenômeno contrário, e os cientistas concluíram que, mesmo com
a influência da crise econômica, a adoção de políticas de eficiência energética
surtiu resultados. “Nossas descobertas aumentam a fina camada de esperança. Até
agora, 18 países nos mostraram como a ambição política e a ação sobre
eficiência energética, energias renováveis e metas climáticas podem funcionar”,
diz Charlie Wilson, também da UEA.
Segundo os autores, os dados
obtidos sugerem que os esforços para reduzir as emissões estão em andamento em
muitos países, mas precisam ser expandidos e aprimorados para cumprir as metas
definidas no Acordo de Paris. O pacto costurado em dezembro de 2015 na capital
francesa determina que, até 2050, o aumento médio na temperatura fique até 2ºC
acima dos níveis pré-industriais e, desejavelmente, atinja no máximo 1,5°C.
Entre 2005 e 2015, porém, as emissões globais de CO2 aumentaram, em média, 2,2%
por ano.
Economia reaquecida
Coautor do artigo, Glen Peters, do Centro Internacional de Pesquisa do
Clima, na Noruega, alerta que o fenômeno continua e demanda medidas mais
substanciais. “As emissões globais de dióxido de carbono aumentaram em 2017 e
2018, sugerindo que a rápida introdução de energia renovável não foi suficiente
para impedir o crescimento do uso de combustíveis fósseis”, ressalta. “A
política de energia e clima tem sido bem-sucedida no apoio às energias
renováveis e à eficiência energética, mas, para realizar políticas
significativas de apoio às reduções de emissões, são necessárias medidas
punitivas”.
Um estudo divulgado no fim do
ano passado pelo Global Carbon Project mostra que, em 2017, as emissões
aumentaram 1,6% e que, em 2018, o crescimento estimado era de 2,7% — um recorde
histórico. À época, Pep Canandell, diretor do projeto de pesquisa
internacional, argumentou que a capacidade das energias renováveis instaladas
não é suficiente para cobrir o crescimento da demanda global de energia. “A
economia está crescendo bem, e de uma forma muito coordenada entre os blocos
econômicos mais importantes do mundo (…) Portanto, usinas de carvão que vinham
funcionando abaixo de sua capacidade (a maioria na China) aumentaram sua
produção”, explicou.
"A política de energia e clima tem sido bem-sucedida no apoio às
energias renováveis
e à eficiência energética, mas, para realizar políticas significativas
de apoio às reduções de emissões, são necessárias medidas punitivas”
Glen Peters, coautor do artigo e pesquisador do Centro Internacional de
Pesquisa do Clima, na Noruega
Checape dos oceanos
O monitoramento atual dos sistemas biológicos marinhos abrange uma
pequena fração do oceano, geralmente próxima à costa, o que limita a capacidade
de analisar e prever os efeitos das mudanças climáticas na biodiversidade
marinha. Usando um modelo computacional avançado, uma equipe internacional de
cientistas, liderados pelo Centro Nacional de Pesquisa Científica da França,
identificou alterações biológicas sem precedentes no oceano global. Segundo
eles, a solução abrange a cobertura de vigilância e poderá permitir a rápida
identificação de mudanças biológicas capazes de impactar fortemente a
biodiversidade marinha e os serviços ecossistêmicos associados, como pesca,
aquicultura e ciclo de carbono.
Na abordagem criada, os
pesquisadores projetaram um grande número de espécies simuladas, exibindo uma
ampla gama de respostas às variações da temperatura natural. Essas
“pseudoespécies”, que evitam flutuações térmicas além da faixa de tolerância,
formam “pseudocomunidades” e, gradualmente, colonizam todas as regiões
oceânicas. Testado para 14 áreas, o modelo previu com precisão as mudanças
biológicas reais observadas no campo desde a década de 1960.
Também permitiu chamar a atenção
para um aumento recente e inaudito no número de “surpresas climáticas”. Segundo
os autores, essas mudanças biológicas abruptas provavelmente podem ser
atribuídas ao El Niño, às anomalias de temperatura do Atlântico e do Pacífico e
ao aquecimento do Ártico. Detalhes do trabalho foram divulgados na revista
Nature Climate Change. Tomado de correio
braziliense
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