martes, 12 de febrero de 2019

DESCOBERTAS QUASE 2 MIL BACTÉRIAS DA FLORA INTESTINAL


 Descobertas quase 2 mil bactérias da flora intestinal
Por isso, há grupos de pesquisadores que se dedicam ao desafio de descobrir novas espécies
espalhadas pelas nossas entranhas.
CB Correio Braziliense
(foto: Spencer Phillips/EMBL-EBI)
Milhares de micróbios vivem no intestino humano. Para o bem e para o mal. O que faz com que esse microbioma seja alvo de estudos científicos diversos, sinalizando, por exemplo, como seres microscópicos podem influenciar o desenvolvimento de doenças, ajudar em processos de emagrecimento e até desencadear comportamentos, como os que dificultam a interação social. Apesar da amplitude de temas explorados, essas bactérias ainda não são completamente conhecidas pela ciência. Por isso, há grupos de pesquisadores que se dedicam ao desafio de descobrir novas espécies espalhadas pelas nossas entranhas.
Uma equipe composta por cientistas do Instituto Europeu de Bioinformática do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL) e do Wellcome Sanger Institute, no Reino Unido, acaba de identificar quase 2 mil delas. Segundo eles, o resultado do trabalho, divulgado na versão on-line da revista Nature, é considerado um avanço no projeto de criação de uma espécie de banco de dados da flora intestinal. “Uma pesquisa como esta está nos ajudando a criar um modelo do intestino humano que, no futuro, poderá nos ajudar a entender melhor a saúde e a doença e até mesmo orientar o diagnóstico e o tratamento de enfermidades gastrointestinais”, diz, em comunicado, Trevor Lawley, pesquisador do instituto britânico e um dos líderes do estudo.
Há muitas razões que fazem como que alguns micro-organismos que integram o microbioma intestinal permaneçam desconhecidos por muito tempo. Entre elas estão a baixa abundância dessas bactérias na víscera do tubo digestivo e a incapacidade de sobreviver fora dele. Usando métodos computacionais, os pesquisadores conseguiram reconstruir 92.143 genomas de 1.952 espécies bacterianas,  ampliando, assim, a possibilidade de estudá-las. O resultado do trabalho expande substancialmente o repertório de espécies conhecidas da microbiota intestinal humana coletiva, com um aumento de 281% na diversidade filogenética. “Nosso trabalho revela a diversidade bacteriana intestinal inculta, proporcionando uma resolução sem precedentes para a caracterização taxonômica e funcional da microbiota intestinal”, ressaltam os autores.
Porém, para o aprofundamento das análises, essas espécies ainda precisam ser cultivadas em laboratório, já que o método utilizado por eles, a metagenômica, independe dessa condição. “Os métodos computacionais nos permitem entender as que ainda não podemos cultivar em laboratório. Usar a metagenômica para reconstruir os genomas bacterianos é um pouco como reconstruir centenas de quebra-cabeças depois de misturar todas as peças, sem saber como a imagem final deve ficar, e depois de remover completamente algumas peças da mixagem para torná-la um pouco mais difícil “, afirma, em comunicado, Rob Finn, líder de grupo de cientistas do EMBL. Segundo ele, agora, a equipe trabalha em uma fase em que se pode usar uma série de ferramentas computacionais para complementar e até mesmo guiar o trabalho em laboratório.
Mais representatividade
Embora os pesquisadores estejam se aproximando de criar uma lista abrangente dos micróbios comumente encontrados no intestino, eles analisaram principalmente amostras de moradores dos Estados Unidos e da Europa, o que dificulta a construção de um banco de dados mais representativo. Segundo Rob Finn, faltam informações sobre outras regiões do mundo, e as que eles analisaram, de sul-americanos e africanos, indicam que a composição da flora intestinal humana deve ser mais diversificada do que o imaginado.
“Os poucos conjuntos de dados a que tivemos acesso revelaram uma diversidade significativa não presente nas populações anteriores. Isso sugere que coletar dados de populações sub-representadas é essencial, se quisermos obter um quadro verdadeiramente abrangente da composição do intestino humano”, avalia. Alexandre Almeida, participante do estudo, conta que a equipe usou bancos de dados públicos mais abrangentes de bactérias gastrointestinais e que os métodos de análise empregados permitirão o aprofundamento do estudo. “Eles são altamente reprodutíveis e podem ser aplicados em conjuntos de dados maiores e mais diversificados, permitindo futuras descobertas.”
Avaliação coletiva
É a análise genômica da comunidade de micro-organismos de um ambiente usando técnicas que não dependem do cultivo em laboratório. Por essa abordagem, se extrai o DNA de todos os organismos presentes no local em questão, o que leva ao sequenciamento do material genético de todos os seres presentes no local. Técnicas da bioinformática permitem comparar os resultados a informações já conhecidas, resultando na identificação das, até então, desconhecidas. // tomado de correio brasiliense

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