Brasil está entre os
10 países que mais investem em energias renováveis
Com o aumento da capacidade de produção de energia eólica em
2014, o Brasil voltou à listados 10 países
que mais investem em energias
renováveis no mundo, segundo dados do relatório de Tendências Globais em
Investimentos em Energias Renováveis, divulgado em março, pelo Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
De acordo com o relatório, em 2014, os investimentos em
energias limpas no Brasil aumentaram 93% em relação ao ano anterior, chegando a
US$ 7,6 bilhões. Desse total, US$ 6,2 bilhões (84%) foram investidos em energia
eólica. Com isso, o Brasil voltou à lista dos maiores investidores em energias
renováveis no mundo. O país ficou em sétimo lugar em números absolutos,
precedido pela China, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha e Canadá.
Completam a lista a Índia, a Holanda e a África do Sul.
Os investimentos globais, segundo o relatório, subiram 17%
em 2014. A China, que direcionou US$ 83,3 bilhões para energias renováveis
(fundamentalmente energia solar e eólica), responde por 31% do total investido
no mundo. O Brasil, em 2014, aumentou sua participação de 2% para 3% do total
de investimentos globais.
Depois da energia eólica, que concentrou a maior parte dos
investimentos, o setor renovável que recebeu mais recursos no Brasil foi o de
biocombustíveis, com US$ 574 milhões. Há sete anos, no entanto, os
investimentos em biocombustíveis chegavam a US$ 8,3 bilhões.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica
(ABEEólica), as matrizes energéticas renováveis estão cada vez mais
competitivas e a tendência é que a alternativa eólica ganhe cada vez mais
espaço. "O Brasil começou a investir em energia eólica em 2009 e desde
então foram realizados diversos leilões competitivos - isto é, sem subsídios.
No início desse processo, o país tinha contratado apenas 1,4 gigawatts. Depois
dos leilões, foram contratados 14 gigawatts que estão em operação, ou em
processo de instalação, o que é um número muito expressivo", afirma.
Hoje, de acordo com a ABEEólica, a energia eólica responde
por 4,5% da matriz elétrica brasileira, com 6 gigawatts instalados. O
investimento de US$ 7,6 bilhões do Brasil pode parecer um investimento modesto
comparado aos US$ 83,3 bilhões da China. No entanto, a Associação explica que é
preciso ter cuidado com as comparações de números absolutos com a China.
"A China aumenta anualmente em 100 gigawatts sua capacidade instalada no
setor energético, enquanto toda a capacidade instalada no Brasil é de 130
gigawatts. Mas temos que levar em conta que, na China, 70% da matriz energética
corresponde ao uso de carvão, uma fonte fóssil não renovável", diz.
No entanto, o Brasil é o país com a maior parcela de
recursos renováveis em sua matriz energética. Apenas 20% da energia do País é
proveniente de fontes fósseis. "Tivemos muito investimento em
termelétricas, especialmente entre 2005 e 2008. Mas, depois de 2009, os
investimentos se concentraram em energias renováveis, que estão cada vez mais
competitivas. Hoje, somos o país mais renovável do mundo, tanto na matriz energética
em geral, como na matriz elétrica. Isso se deve aos nossos recursos naturais,
que fazem com que no Brasil as energias renováveis sejam mais vantajosas que as
fósseis. Nos outros países, é preciso subsidiar a contratação de fontes eólicas
e solares", explica a ABEEólica.
Num edital público veiculado no final do mês de março, para
um leilão de contratação de hidrelétricas, os preços estabelecidos foram de R$
155 por megawatt/hora para fontes hidrelétricas, de R$ 179 por megawatt/hora
para fontes eólicas e de R$ 210 por megawatt/hora em fontes de carvão.
A Associação Brasileira de Energia Eólica afirma que o
Brasil está na trajetória certa, muito adequada para a contratação das energias
renováveis complementares. “O País não tem uma política específica de energias
renováveis (mesmo porque elas são competitivas), mas com o avanço das
tecnologias e as reduções que elas causaram nos custos, o setor de energia
eólica cresceu 1300% em 2013", diz.
Atualmente, a energia eólica é a segunda fonte de energia
mais competitiva e a segunda mais contratada desde 2004. Segundo a ABEEólica em
breve, a energia eólica será a segunda maior fonte na matriz energética,
perdendo apenas para a hidrelétrica. “A projeção é que, entre 2020 e 2022, até
14% da nossa matriz energética seja eólica", coloca.
O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) enfatiza que
as conclusões do relatório são coerentes com o que se tem observado no mercado.
"Com exceção da energia hidrelétrica, o Brasil está investindo
praticamente tudo em energia eólica. Basta observar os últimos leilões, o
aumento de capacidade instalada e os inúmeros empreendimentos para verificar
isso. Por outro lado, é de se lamentar que estejamos investindo tão pouco em
biomassa", afirmou.
De acordo com IEMA, a queda dos investimentos em
biocombustíveis e etanol tem relação com a estagnação dos investimentos na
renovação dos canaviais. "O investimento em etanol caiu muito em função da
conjuntura do mercado de açúcar e dos preços da gasolina, que foram reduzidos
por uma política econômica do governo federal", explicou.
Segundo o Instituto, a maior preocupação levantada pelo
relatório é o baixo investimento em energia solar. "Chama a atenção que
tenhamos um investimento quase desprezível em energia solar, que teve um
impulso grande em vários países com área muito menor e em latitudes muito menos
privilegiadas. O Brasil poderia ser muito mais ambicioso nesse setor".
Reforça que vários leilões para contratação de fontes de energia solar foram
marcados para 2015. "O boom da energia eólica começou assim. Não temos
garantia nenhuma, mas pode-se supor que estejamos dando um primeiro passo na
adoção da energia solar", afirma.
A coordenação do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças
Climáticas da Universidade de São Paulo (USP), enfatiza que o Brasil terá que
continuar seus investimentos em fontes alternativas, para enfrentar a
vulnerabilidade às mudanças do clima. Argumenta que existem vários projetos
hidrelétricos sendo desenvolvidos no País, mas muitos deles utilizam a
tecnologia conhecida como "fio de água": sem reservatórios, a
produção de energia depende diretamente da quantidade de água local. "Ao
longo dos últimos anos temos acompanhado a variabilidade climática no planeta
e, mais recentemente, temos sentido isso não somente em regiões mais sensíveis
à falta de água, como o Nordeste, mas também em regiões como o Sudeste e o Sul.
O investimento em outras fontes de geração de energia pode minimizar a
vulnerabilidade da produção de energia em relação à variabilidade do clima.
Investir em energia eólica e solar é não somente importante, mas tornou-se
essencial nas perspectivas atuais", declara. TOMADO DE ENVIO DE PREFESSOR
RESIDUOS SOLIDOS DE BR
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