Desmatamento na Amazônia está em alta, indica ONG
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
Mais um sistema de monitoramento indica que o desmatamento
na Amazônia pode ter voltado a subir. A ONG Imazon (Instituto do Homem e do
Meio Ambiente da Amazônia) viu aumento de 103% no acumulado entre agosto de
2012 e junho de 2013, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Só em junho, o SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento),
feito via satélite, detectou 184 km² de
desmatamento ou degradação, um aumento
de 437% sobre o mesmo mês de 2012.
No fim do ano passado, o Brasil comemorou a mais baixa taxa
de desmate desde que o monitoramento começou, em 1988. No entanto, os números
preliminares mais recentes indicam uma tendência contrária.
Nos últimos meses, dados do governo também indicam uma tendência
de aumento.
Números do sistema Deter,o sistema de monitoramento em tempo
real do do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostraram uma alta
significativa. Em maio de 2013, 465 km² foram possivelmente afetados --um
aumento de 370% sobre maio de 2012.
"O aumento na tendência de desmatamento está detectado
tanto nos dados do governo como nos do Imazon. Acho que não resta muita dúvida
de que algo está acontecendo", diz Adalberto Veríssimo, pesquisador do
Imazon e um dos autores do estudo. "Não foi um aumento leve."
Ambos os dados ainda não são definitivos. O monitoramento
feito por eles é prejudicado pela presença de nuvens, além de a resolução de
imagem ser limitada.
Os números oficiais do desmatamento na Amazônia usados pelo
governo são os do Prodes, também do Inpe, mas que faz uma detecção mais
refinada e só é divulgado uma vez por ano.
"E está muito bom assim. É um número consolidado,
reflete um ciclo. Desmatamento não é inflação para ser divulgado mês a
mês", avalia Dalton Valeriano, coordenador do programa de monitoramento do
Inpe.
NUVENS
O pesquisador criticou a metodologia do Imazon e afirmou que
os números do Deter, do próprio Inpe, não foram feitos para serem um sistema de
comparação, mas sim uma forma de alertar o Ibama rapidamente.
"Ainda não dá para falar em aumento. Esse sistema não
se diferencia degradação e áreas totalmente desmatadas. Isso é um dos pontos
importantes, sem contar os erros que podem ser provocados pela cobertura de
nuvens", completa ele.
O diretor de proteção ambiental do Ibama, Luciano Menezes de
Evaristo, diz que o órgão tem seguido firme na fiscalização.
"Não vou negar que existe uma pressão [de
desmatamento]. Mas nós estamos conseguindo controlar isso. Da mesma maneira que
fizemos no ano passado."
O diretor destaca que, em 2013, o Ibama manteve a
fiscalização intensa mesmo no período de chuvas, o que dificultou o escoamento
de madeira ilegal.
"Pode até ser que consigam desmatar um pouco, mas não
conseguem completar o ciclo nem retirar a madeira", diz Evaristo.
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