Medida destrava
recursos para unidades de conservação ambiental
O orçamento discricionário do ICMBio em 2017, ou seja,
tirando a folha de pagamento e custeio, é de R$ 200 milhões
Agência Brasil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski, diz que a medida
vai fortalecer a gestão e viabilizar a consolidação de várias unidades no país
Após longa negociação entre o governo federal, o Ministério
do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), foi publicada esta semana a Medida Provisória (MP) nº 809, que define
novas regras para a aplicação de recursos da compensação ambiental e aumenta o
prazo para a contratação de brigadistas em unidades de conservação nacionais.
O presidente do
ICMBio, Ricardo Soavinski, disse que o órgão está comemorando muito a medida, considerada
a mais importante do ano. Ele avalia que a nova regra vai fortalecer a gestão e
viabilizar a consolidação de várias unidades no país.
“Quando são somadas as possibilidades de mais recursos e as
de ampliação do tempo e do escopo de atuação desses brigadistas em cada parque
e em cada reserva, ganhamos outra dimensão, muda completamente nossa dimensão
de gestão e de trabalho. Ou seja, teremos mais dinheiro para infraestrutura e
custeio e mais capacidade de gestão, ampliando nossos quadros com contratação
local. Para nós, é a medida mais importante dos últimos tempos.”, disse.
Soavinski explicou que a nova regra deve destravar R$ 1,2
bilhão, atualmente represados. “Isso é o que já está em carteira, acumulado, ou
seja, aquilo que já nos devem. Fora as novas obras que vão acontecendo a cada
mês e a cada ano.”, explicou. Do total, cerca de 800 milhões serão destinados à
regularização fundiária em unidades de conservação, que precisam ser
indenizadas. O restante será investido na melhoria da infraestrutrura de
administração, proteção, visitação, educação ambiental e pesquisa.
O orçamento discricionário do ICMBio em 2017, ou seja,
tirando a folha de pagamento e custeio, é de R$ 200 milhões.
Entenda a mudança
A compensação ambiental é um mecanismo financeiro criado
para contrabalançar os impactos ambientais previstos ou já ocorridos na
implantação de empreendimentos. É uma indenização paga pelos empreendedores
pela degradação e que incorpora os custos sociais e ambientais identificados no
processo de licenciamento.
Pela regra anterior, cabia às empresas executar diretamente
as atividades de compensação nas unidades de conservação indicadas. A norma era
de difícil aplicação, pois geralmente era exigido o cumprimento de uma lista
grande de atividades, necessárias para a implantação de uma unidade. “Aí uma
empresa, vamos supor, uma hidrelétrica ou uma petrolífera, tem que ir lá
implantar uma unidade de conservação, mas essa não é a expertise dela”, diz o
presidente do ICMBio.
A partir da MP, os empreendedores passam a ter opção de
depositar os recursos da compensação ambiental em uma instituição financeira
pública e assim quitar suas obrigações. “A partir daí, o ICMBio faz o plano de
trabalho, passa para a instituição financeira e ela executa, acompanhada por
nós.”
Segundo ele, o problema não era que as empresas se negassem
a pagar, mas que tinham dificuldade de cumprir as exigências e reclamavam que
era muito complicado fazer a execução direta. “Foi daí que surgiu a ideia de
preparar essa medida provisória e discutir com o governo, no sentido de
desonerar as empresas de ter que fazer. Para nós, a vantagem é que as unidades
ganham mais agilidade. Em vez da empresa ir lá e fazer, ela deposita o recurso
nesse fundo que foi criado.”
Ainda não está definido como o novo modelo vai funcionar,
mas é o ICMBio quem vai determinar a forma de aplicação dos recursos. Ricardo
Soavinski informou que a área responsável foi orientada a se dedicar
integralmente ao assunto, e a expectativa é de que as regras para o uso dos
recursos sejam publicadas em uma Instrução Normativa que deve sair “nos
próximos dias”.
Brigadistas
A MP aumentou de seis meses para dois anos o prazo para a
contratação de brigadistas em unidades de conservação administradas pelo ICMBio
e ampliou o escopo de atividades que eles podem exercer nas unidades. Todos os
anos, o órgão contrata cerca de mil brigadistas.
Segundo o presidente, o tempo de contratação previsto
anteriormente, de três meses, renovável por mais três meses, era curto demais
para fazer a prevenção e depois o combate a incêndios. “A mudança vai tornar o
trabalho deles mais efetivo e o custo também deve cair por causa da economia
com a compra de EPIs e a capacitação.”
O presidente destaca que as contratações ocorrem nas
localidades próximas de cada parque ou reserva. “É emprego local e cria uma
sinergia entre a comunidade e a unidade de conservação”, afirma Ricardo
Soavinski.
Com a medida, os brigadistas também poderão exercer outras
funções. “Às vezes, a gente faz a prevenção e depois fica esperando os
possíveis focos de incêndio. Nesse meio-tempo, os brigadistas agora poderão
ajudar na educação ambiental, na manutenção de trilhas, enfim, fazer uma série
de atividades nos parques que a legislação anterior não permitia”. TOMADO DE
CORREIO BRAZILIENSE
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