jueves, 5 de febrero de 2015

ENCALLE DE BALLENAS muchos en RGS Brasil


 Rio Grande do Sul está entre os Estados com maior índice de encalhe de cetáceos
Presenças ilustres em águas gaúchas, animais marinhos estão sofrendo com a pesca ilegal, a poluição e o tráfego de embarcações. Assim, além de nascer, muitas baleias também estão morrendo no Estado por Lara Ely Foto: Leonardo Azevedo / Arte ZH Quem consegue ver um rabo de baleia riscar o horizonte, rente ao mar, mantém a imagem eternizada. Quem não tem essa sorte, e cruza com o mamífero gigante morto na praia, pode não imaginar o roteiro percorrido pelo animal até chegar ali. Nos últimos anos, cachalotes,jubartes, francas, espadartes, brydes, minkes e diversas espécies de golfinhos anunciaram-se aos olhos dos banhistas do Rio Grande do Sul.
Acordo coloca RS na rota internacional de baleias                                               
O cadáver que jaz na orla é, muitas vezes, uma vítima das atividades humanas nos oceanos – acaba jogado na costa depois de acidentes com redes ou embarcações, intoxicado pela poluição marinha ou desorientado pelos altos níveis de ruídos, a poluição sonora. Thiago Nóbrega Lisbôa, coordenador do Projeto Baleias do Rio Grande do Sul, explica:
– As baleias e os golfinhos são extremamente auditivos. Essas criaturas se orientam, se comunicam e até mesmo encontram sua comida através de sons. O tráfego de embarcações, assim como a exploração petrolífera marinha, gera ruídos muito potentes que muitas vezes estouram os tímpanos desses animais. Esses sons confundem os cetáceos (baleias e golfinhos) e os afetam até o ponto de poder provocar a sua morte.
Arte: Leonardo Azevedo
Nem todos os casos viram estatísticas, mas o litoral gaúcho apresenta um dos maiores índices de encalhes de cetáceos do Brasil. Mesmo protegidas da caça desde 1986 pela Comissão Baleeira Internacional, as baleias e golfinhos seguem em risco. A coincidência da rota de navios com as rotas migratórias é um dos principais motivos para os encalhes no Estado.
– A colisão, quando acontece, não é reportada, e muitas vezes a carcaça sequer chega à beira da praia – acrescenta Thiago Lisbôa.
Baleias são registradas no Litoral gaúcho
Quando vão parar na areia, os animais encalhados se tornam fonte de dados importantes para pesquisadores como a bióloga Aurélea Mader, da Ardea Consultoria Ambiental, e Sandro Bonatto, da faculdade de Biociências da PUCRS. A análise, segundo ela, permite investigar se a morte foi causada por acidente, contaminação ou aproximação das redes para disputa dos peixes com os pescadores, por exemplo. Bonatto realiza catálogos genéticos para conhecer graus de parentesco entre visitantes.
– Uma vez, uma jubarte ficou encalhada e o pessoal conseguiu colocá-la de volta no mar. O registro do perfil genético permitiu saber, oito anos mais tarde, que o mesmo animal sobreviveu e retornou às águas brasileiras – explica o pesquisador.
 Mineração do mar
 Aurélea identifica outra razão para os cetáceos gostarem tantos das águas gaúchas: a abundância de alimento devido à junção das correntes do Brasil (proveniente do Norte) e das Malvinas (das águas geladas do Sul). Essas correntes, segundo ela, também criam um canal que empurra as carcaças para a costa.
– Aqui tem mais carcaças porque há mais abundância de biodiversidade e, por isso, mais pesca – diz.
O ciclo letal derivado do aumento do esforço de pesca em virtude da diminuição dos estoques pesqueiros tem feito muitas vítimas acidentais. A principal delas é a toninha, um pequeno e tímido golfinho que só ocorre do Brasil à Argentina. Por causa do bico longo e cheio de pequenos dentes, ela tem sérios problemas com as enormes redes de pesca e fica facilmente presa. Estima-se que na costa gaúcha morram mil por ano.
Segundo a bióloga marinha Greta Gastaldo de Castilhos, que acaba de realizar um estudo sobre o impacto da pesca nestes animais, se medidas urgentes não forem tomadas, as toninhas desaparecerão da natureza em um futuro muito próximo.
Para amenizar esse cenário, o Ministério da Pesca limitou em 16 quilômetros a extensão máxima das redes de pesca no Estado. Nem sempre, porém, as exigências são respeitadas pelos pescadores.
 – Captura de rede de arrasto mata muita tartaruga, baleia e leão marinho. Sabemos que há barcos de arrasto fazendo pesca em áreas proibidas e até em áreas de preservação, e ninguém denuncia – diz Aurélea. Fundador do Projeto Baleia Franca, José Truda Palazzo diz que por ser difícil a fiscalização pela Marinha, a costa brasileira acaba virando território de ninguém. E as espécies marinhas são subtraídas dos oceanos sem controle.
– Temos no Brasil a chamada mineração da pesca. Cada um extrai o que quer, tirando o que temos de melhor, até um dia acabar.
Conhecer para preservar
O aspecto selvagem e incomum é o que mais atrai banhistas e turistas. As recentes polêmicas envolvendo a observação de baleias e golfinhos em parques aquáticos ou aquários trazida pelos documentários A enseada e Blackfish, fazem crescer o interesse na observação desses animais em seu hábitat natural.
Os filmes mostram a brutal captura dos cetáceos e as reais condições a que são submetidos. Em 2008, o Brasil declarou suas águas santuário de baleias e golfinhos. Porém, ainda há muito a avançar para garantir a conservação destes animais – e isso passa primeiro por conhecê-los. Segundo Lisbôa, o litoral gaúcho é privilegiado para este tipo de observação.
– Podemos ver golfinhos a poucos metros de distância nas barras de Imbé e Torres. Além disso, existe uma interação de pesca cooperativa com os pescadores de tarrafas praticamente única no mundo. No verão, se afastam da costa em virtude da massiva e desrespeitosa presença dos homens, mas fora de temporada, principalmente em Imbé, o espetáculo é diário – afirma.
A grande novidade, e que poderia impulsionar a observação no Estado, é a presença das baleias francas durante toda a sua temporada reprodutiva. Segundo Lisbôa, apesar de gigantes (chegam a 18 metros), elas são dóceis e permanecem muito próximas à orla, logo atrás da linha de arrebentação, o que facilita a observação em terra. O pesquisador coordena um projeto que há três anos se dedica a mensurar a sua ocorrência no Estado, e o resultado é surpreendente:
– Nestes três anos, temos aproximadamente 400 registros de ocorrência desses animais no Litoral Norte. Além de se acasalar, elas vêm à nossa costa para dar à luz e todo o cuidado de que necessitam os bebês baleias. Podemos dizer que temos muitas baleias gaúchas.  TOMADO DE ZERO HORA DE RGS BR 

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