Abril de 2016 tem maior eliminação de empregos em 13 anos no
RS
Divulgados nesta quarta-feira, dados mostram redução de
7.383 postos formais no mês em todo o Rio
Grande do Sul
Por: Karina Sgarbi / Especial Foto: Roberto
Scola / Agencia RBS
Influenciado pelos setores da indústria de transformação e
agropecuária, o Rio Grande do Sul bateu recorde na eliminação de empregos em
abril de 2016, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged) divulgados nesta quarta-feira. No comparativo com o mesmo mês dos
últimos 13 anos, o resultado atual, que mostra o saldo entre contratações e
desligamentos formais realizados, é o pior já registrado, com eliminação de
7.383 postos de trabalho.
Somados, os setores da indústria de transformação e
agropecuária correspondem a 70% da redução de empregos no período, com saldo
negativo de 2.988 e 2.174, respectivamente.
— O setor industrial e a agropecuária são fundamentais para
o Estado. A perda na indústria da transformação, em termos de efeitos
multiplicadores, é dramática. Somada à retração na agropecuária, isso mostra
que a economia gaúcha deve continuar se defasando em relação ao restante dos
Estados — afirma o economista e professor da PUCRS Alfredo Meneghetti.
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A queda na demanda e a sazonalidade são apontadas como
causadoras da retração nas duas áreas. Para o economista e diretor do Centro de
Estudos e Pesquisas Econômicas da UFRGS, Leonardo Xavier da Silva, o resultado
na agropecuária foi muito influenciado pelo setor de grãos, enquanto a
indústria da transformação sofreu com a redução da renda das famílias. Estes
fatores, de forma contínua, levaram ao aumento das taxas de desemprego:
— Nossa posição como exportador de soja caiu, por exemplo.
Isso porque a gente vendeu menos do que no ano passado. Outro caso é o do
arroz, que tinha projeções de crescimento, mas que se esgotaram. E a indústria
da transformação no Rio Grande do Sul também depende muito do mercado interno
brasileiro.
Uma mudança neste cenário, conforme o economista e professor
do Programa de Pós-Graduação da UFRGS Giácomo Balbinotto Neto, deve ocorrer
somente em 2017. Isso porque as contratações devem ser feitas apenas quando a
retomada da economia se tornar "persistente".
— Tanto para o restante do primeiro semestre quanto para
todo 2016, a projeção é de agravamento. A retomada, se vier, provavelmente só
ocorrerá no segundo semestre de 2017 — pondera.
País apresentou melhora em 2016
O saldo gaúcho vai na contramão do registrado a nível
nacional. O Brasil, apesar de também acumular resultado negativo em abril deste
ano, apresentou pequena melhora em comparação ao mesmo mês de 2015.
O resultado para o período em 2016 foi de -62.844, enquanto no ano anterior o
dado foi -97.828. Para Meneghetti, isso mostra a defasagem que vive o Rio
Grande do Sul.
— Se considerarmos outros dados econômicos, como o volume do
PIB, que é o mais robusto dos indicadores, entre os 27 Estados, o RS ficou em
penúltimo lugar na avaliação entre 2002 e 2013. Ou seja, enquanto outros
cresceram, o RS ficou aquém. Só ficamos acima do Distrito Federal, que nem
Estado é e não tem indústria ou agronegócio. Não é mérito ganhar do DF.
Ter uma matriz econômica voltada para o mercado externo,
como é o caso do Rio Grande do Sul, também influencia no surgimento de
dificuldades, na visão de Silva.
— Nos últimos anos, isso desde 2008, os preços das
commodities têm caído, como nas áreas agrícola e mineral. Como somos
exportadores de lâminas de aço e soja, por exemplo, e os preços têm caído, isso
rebate na economia do Estado e vai fatalmente aparecer na quantidade de vagas
no mercado de trabalho — comenta o economista.
Queda deve frear no segundo semestre
Embora não haja perspectiva de melhora para 2016, o segundo
semestre do ano deve apresentar uma redução na queda dos postos de trabalho. Na
avaliação de Silva, as retrações não devem superar os índices já registrados
até o momento.
— O segundo semestre já deve ter resultados um pouco
melhores, com quedas menores e possibilidade até de alguma recuperação de
postos de trabalho. Mas isso vai se mostrar aos poucos — afirma.
As eleições municipais, que ocorrem em outubro, também podem
trazer números positivos e até mesmo a geração de empregos. Para Meneghetti, é
possível que o pleito gere fôlego para que a "economia gaúcha possa se
destravar". Além disso, há expectativa de que as condições climáticas
favoreçam a agricultura.
— A gente espera que o clima contribua para uma safra
adequada para que pelo menos a agropecuária possa recuperar as perdas nos
empregos — comenta Meneghetti.
Comportamento do emprego formal por setor no Estado em
abril de 2016
Atividade econômica
Saldo (contrações -
desligamentos)
Extração mineral -8
Indústria de transformação -2.988
Serviços industriais de utilidade pública -47
Construção civil -110
Comércio -1.934
Serviços -162
Administração pública 40
Agropecuária -2.174
TOTAL -7.383
*Fonte:Caged
Extração mineral -8
Indústria de transformação -2.988
Serviços industriais de utilidade pública -47
Construção civil -110
Comércio -1.934
Serviços -162
Administração pública 40
Agropecuária -2.174
TOTAL -7.383
*Fonte:Caged
Cidades gaúchas com maior perda nos postos de trabalho em
abril de 2016
Cidade
Saldo (contrações - desligamentos)
Vacaria -1.189
Caxias do Sul -1126
Porto Alegre -914
Taquara -392
São Leopoldo -264
Santa Cruz do Sul -233
Cachoeirinha -223
Gravataí -221
Farroupilha -219
Panambi -210
Uruguaiana -167
*Fonte: Caged
Vacaria -1.189
Caxias do Sul -1126
Porto Alegre -914
Taquara -392
São Leopoldo -264
Santa Cruz do Sul -233
Cachoeirinha -223
Gravataí -221
Farroupilha -219
Panambi -210
Uruguaiana -167
*Fonte: Caged
TOMADO DE ZERO HOTA DE RGS BR
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