Após anúncio do governo federal de repasse de recursos,
trabalho nos canteiros continua devagar
JONATHAN HECKLER/JC Igor Natusch
Uma comissão da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul
deve ir a Brasília no próximo dia 9, buscando desatar o nó que envolve a
exploração da BR-290 (freeway) e da ponte do Guaíba. O contrato com a concessionária
Triunfo Concepa se encerra em julho do ano que vem, e ainda não há movimentação
para renovar a licença ou para um novo processo licitatório. Existe o temor de
que o fim da concessão prejudique o içamento da ponte do Guaíba, o que pode
gerar consequências econômicas para Porto Alegre e o Rio Grande do Sul.
Entre as propostas que serão levadas ao ministro-chefe da
Casa Civil, Eliseu Padilha, está a renovação da concessão assinada com a
Concepa, sob a condição de que a concessionária assuma a conclusão das obras da
nova ponte do Guaíba, que avançam devagar pelo menos desde junho deste ano.
Luiz Domingues, vice-presidente do Movimento Ponte do
Guaíba, afirma que cinco dias sem o erguimento do vão móvel seriam suficientes
para deixar Porto Alegre sem gás de cozinha, uma vez que a passagem é
fundamental para esse abastecimento. Entre 10 e 20 dias, a escassez do produto
atingiria todo o Estado. "Se nada for feito, eles (Concepa) vão fechar a
cabine, entregar a chave em Brasília, e não teremos içamento da ponte até o
novo contrato estar firmado."
Para evitar a interrupção, Domingues propõe que a Concepa
assuma as obras da nova estrutura como uma contrapartida pela renovação da
concessão hoje em vigor. "A Concepa inclusive é responsável pelo atual
projeto (para a nova ponte). Se não existe dinheiro, esse acordo pode aliviar o
governo federal e resolver o problema do Estado. O que não queremos é ficar sem
gás", acentua Domingues.
Presidente da Comissão de Economia, Desenvolvimento
Sustentável e do Turismo da Assembleia, Adilson Troca (PSDB) trata o assunto
como uma "preocupação importante" para o Estado. Conforme o deputado,
é preciso dar início imediato à preparação de um novo contrato, seja para
renovação com a Concepa ou para abrir nova licitação.
O parlamentar confirma que a transferência da nova ponte
para a atual concessionária é uma das alternativas que estão na mesa.
"Vamos pedir que o governo federal priorize essa questão. É preciso
resolver isso o mais rápido possível", diz Troca. Atualmente, as obras da
nova ponte estão a cargo de um consórcio constituído pelas construtoras Queiroz
Galvão e EGT Engenharia.
A Superintendência Estadual do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit-RS) garante que o governo federal já
empenhou R$ 42 milhões do valor previsto para a nova ponte, e prevê para
novembro a chegada do restante. Conforme o órgão, as obras já foram retomadas,
e o processo para contratação de mais funcionários está em andamento.
A reportagem do Jornal do Comércio esteve no canteiro de obras
na tarde de ontem e não viu nenhuma movimentação que indicasse a retomada
efetiva das atividades.
De acordo com Isabelino Garcia dos Santos, presidente do
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Rio Grande
do Sul (Siticepot), o processo seletivo para contratação de novos funcionários
foi aberto na semana passada, mas não há previsão para a admissão dos
selecionados. Segundo ele, as obras na nova ponte ainda estão "em ritmo
bem lento", sem mudança significativa desde junho, quando os recursos
federais pararam de financiar a empreitada.
Em nota, a Triunfo Concepa diz estar à disposição para
"analisar cenários que envolvam o entorno de sua concessão".
Entretanto, garante que, "no momento, não há nenhuma tratativa neste
sentido envolvendo a concessionária, por não fazer parte do seu contrato
atual". TOMADO DE JOURNAL DO COMERCIO DE RGS BR
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