domingo, 1 de diciembre de 2013

BAÑO DE DINOSAURIOS

 Cientistas encontram ‘banheiro público’ mais antigo do mundo
 Descoberta é a primeira evidência de que répteis compartilhavam latrinas coletivas e pode ajudar a desvendar ambiente da criação dos dinossauros
 Fezes de mega herbívoro que viveu há 240 milhões de anos indicam que animais defecavam no mesmo lugarLucas Fiorelli
 RIOJA - Um “banheiro coletivo” gigante encontrado por cientistas na Argentina é a primeira evidência de que répteis defecavam no mesmo lugar. A descoberta, de 240 milhões de anos, contém pistas para a dieta pré-histórica, as doenças e a vegetação da época, aponta um relatório científico do Centro Regional de Investigações La Rioja (Crilar).
 Os pesquisadores encontraram milhares de amostras de fezes fósseis de mega herbívoros agrupadas. O mais antigo reservatório encontrado tinha 220 milhões de ano, o que faz do local o mais antigo “banheiro público” do mundo.
 Os coprólitos - fezes conservadas naturalmente pela dessecação ou mineralização - tinham até 40 centímetros e foram encontrados em sete trechos das rochas da Formação Chañares, na província de Rioja. Alguns tinham formato alongado, outros ovais, e suas cores variavam de tons que iam do cinza esbranquiçado ao marrom escuro.
 - Não há dúvida de quem seja o culpado - disse Lucas Fiorelli , líder da pesquisa do Crilar. - Apenas uma espécie poderia produzir fezes tão grandes, e encontramos ossos espalhados em todos os lugares no local.
 Os donos da fezes foram os dicinodontes, um mega herbívoro comum do período Triássico, que media cerca de oito metros de comprimento e era semelhante aos rinocerontes modernos.
 Segundo os pesquisadores, o fato de compartilharem o banheiro sugere que eles eram gregários - animais de rebanho -, e que defecavam no mesmo local estrategicamente.
 - Em primeiro lugar, é importante para evitar parasitas. Você não defeca onde come - afirmou Fiorelli. - Mas é também um aviso aos predadores. Se você deixar uma pilha enorme, você está dizendo: ‘Hei, nós somos um grande rebanho, cuidado!’.
 Animais modernos seguem o mesmo comportamento. Para marcar território e reduzir a propagação de parasitas, elefantes, antílopes e cavalos, por exemplo, defecam no mesmo lugar.
 Museu para os coprólitos
 Para preservar a área, que possui densidade de 94 fezes por metro quadrado, os pesquisadores criaram um museu com 900 metros quadrados.
 Coprólitos pré-históricos não são novidade, mas é raro encontrar um acúmulo tão antigo, já que as fezes se decompõe com facilidade. Segundo Fiorelli, uma camada de cinzas vulcânicas foi responsável pela preservação.
 - Quando abrimos os coprólitos, eles revelaram fragmentos de plantas extintas, fungos e parasitas intestinais - contou Martin Hechenleitner, outro integrante da equipe que fez a descoberta. - Cada pedaço é um fragmento de um ecossistema antigo, da vegetação e da cadeia alimentar.
 De acordo com Hechenleitner, a descoberta fica ainda mais importante devido ao período em que viveram os dicinodontes:
 - Este foi um momento crucial na história evolutiva. Os primeiros mamíferos estavam lá, vivendo ao lado do ancestral dos dinossauros - ressaltou. - Talvez com estes fósseis possamos vislumbrar um ambiente perdido e que deu origem aos dinossauros.

TOMADO DE O GLOBO DE BRASIL 

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