miércoles, 25 de septiembre de 2013

COMETA ISON mueve científicos

 Passagem do cometa Ison mobiliza cientistas
Visitante: o cometa ISON visto pelo telescópio espacial Hubble, tendo ao fundo estrelas da Via Láctea e galáxias distantesNasa/ESA/Hubble Heritage Team
RIO - Quando foi descoberto no fim de setembro do ano passado, o cometa Ison logo ganhou a atenção da comunidade astronômica mundial. Afinal, era o primeiro visitante identificado como vindo diretamente da Nuvem de Oort, aglomerado de bolas de gelo, poeira e rocha que circunda o Sistema Solar a cerca de um ano-luz de distância, em pelo menos 200 anos. Sem nunca ter se aproximado do Sol, o Ison ainda guarda todo material de sua formação, o que também gerou a expectativa de que poderia ficar muito brilhante a medida em que evaporasse e criasse a coma (cabeleira) e cauda típicas dos cometas na sua passagem pelo interior do Sistema Solar. Assim, também logo surgiram especulações e boatos de que Ison seria o “cometa do século”, maior do que a Lua cheia e visível a olho nu mesmo durante o dia a partir do fim de outubro.
Exageros à parte, de lá para cá astrônomos profissionais e amadores têm acompanhado o comportamento do Ison e agora a expectativa é de que ele dificilmente será o “espetáculo celeste” inicialmente apregoado, principalmente no Hemisfério Sul, onde surge no céu apenas pouco antes do amanhecer. Atualmente ainda na altura da órbita de Marte, do qual passará a meros dez milhões de quilômetros em 1º outubro, o cometa não ganhou o brilho esperado diante da forte atividade que apresentou quando estava mais longe.
Assim como todos os demais objetos do Sistema Solar, com exceção do Sol, o Ison não produz luz própria: seu brilho depende da reflexão da luz gerada por nossa estrela no material por ele expelido, isto é, quanto mais dele for vaporizado para formar a coma e a cauda, mais brilhante pode ficar. Desta forma, sua atividade agora “tímida” indica pouca visibilidade ao menos até o periélio — ponto de maior aproximação do Sol, previsto para 28 de novembro, quando chegará a menos de 1,2 milhão de quilômetros de nossa
estrela. Caso sobreviva ao “encontro”, porém, as perspectivas são melhores, já que o calor e a gravidade do Sol podem fazer com que ele libere mais material, aumentando o tamanho da coma e cauda e, consequentemente, sua superfície de reflexão da luz solar.
— Aparentemente o Ison não vai ser tão brilhante quanto se esperava, mas os cometas são imprevisíveis e ele ainda pode surpreender — diz Fernando Roig, astrônomo do Observatório Nacional especialista em asteroides, cometas e meteoros. — O problema é que muitos cometas nos últimos cem anos tiveram previsões de que seriam espetaculares e depois a decepção foi geral. Assim, o que nos resta é esperar e ver como o Ison vai se comportar.
Mas embora no momento a probabilidade seja de que o Ison possa ser visto a olho nu apenas a partir da segunda metade de novembro e no início de dezembro, pouco antes e depois do periélio, fazendo dele apenas uma curiosidade para o observador ocasional, para os cientistas ele ainda é o “cometa do século”. Isso porque pela primeira vez na História os astrônomos contam com uma armada de telescópios espaciais e em terra capazes de fazer observações em uma ampla gama do espectro eletromagnético. Do infravermelho ao ultravioleta, passando pela luz visível, eles estão mobilizando variados instrumentos para acompanhar a passagem do Ison e melhor entender o que e como é a Nuvem de Oort, a hipotética fronteira física final do Sistema Solar, onde a gravidade do Sol começa a perder a batalha contra a das demais estrelas da galáxia.
— Ainda conhecemos muito pouco sobre a Nuvem de Oort — conta Roig. — De fato, nunca ninguém a observou diretamente. Ela é uma construção teórica que só sabemos que ela está lá justamente por causa dos cometas que nos visitam, mas não sabemos sua composição e outras características. Diante disso, o Ison é uma oportunidade única para descobrir mais sobre as propriedades da Nuvem de Oort, já que ele nunca sofreu alterações por outras passagens prévias. Ao estudarmos sua composição, teremos fortes indicações dos tipos de materiais que poderíamos encontrar lá.
Entre os equipamentos mobilizados pelos cientistas para observar o Ison estão os telescópios espaciais Hubble (luz visível) e Spitzer (infravermelho), além dos observatórios solares SDO, SOHO e Stereo (ultravioleta) e mesmo sondas na órbita e na superfície de Marte, como a MRO e sua câmera de alta resolução HiRise, a Mars Express e o veículo-robô Curiosity, para aproveitar sua grande aproximação com o planeta nos próximos dias
TOMADO DE O GLOBO DE BRASIL 

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