Zero Hora acompanhou uma expedição em busca do animal
durante três dias, em setembro. Foram 35 quilômetros a pé e outros 18 de carro
entre campos e florestas de São Francisco de Paula e São José
dos Ausentes
Por: Aline Custódio
Benhur e Manoel nos Aparados da Serra, local apontado como
habitat do lobo-guará, visto apenas três vezes no RS nas últimos três décadasFoto:
Mateus Bruxel / Agencia RBS
Alvo de fazendeiros e caçadores durante décadas, o
lobo-guará tornou-se raridade no Estado. Nos últimos 30 anos, o maior canídeo
nativo da América do Sul foi fotografado apenas três vezes em terras gaúchas.
Desde 2002, a espécie está no nível mais alto de ameaça de extinção no Rio
Grande do Sul, como animal criticamente em perigo. Para provar que esses lobos
de andar desajeitado, patas longas e finas e pelagem avermelhada seguem vivendo
em pontos isolados do Estado, uma pesquisa inédita pretende mapear as áreas
onde eles ainda circulam e reverter a possível extinção do lobo-guará.
Iniciado em março de 2015, o projeto Lobos do Pampa:
ecologia e conservação do lobo-guará no Sul do Brasil é coordenado pelos
doutores em biologia Carlos Benhur Kasper e Manoel Ludwig da Fontoura Rodrigues
e pelo veterinário Magnus Severo Machado, participantes da ONG Mamíferos RS. A
pesquisa tem apoio financeiro da Fundação Boticário de Proteção à Natureza, em
seleção ocorrida em 2014 por meio de edital, e parceria com o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e com a Universidade Federal
do Pampa (Unipampa).
– Sabemos que são poucos espécimes, e é possível que estejam
isolados em locais muito distantes. Pretendemos encontrar as diferentes
populações, saber quantos existem e explicar a conexão entre
eles – afirma
Benhur, professor da Unipampa.
As primeiras dificuldades surgiram ainda no começo da
pesquisa, e quase fizeram o trio desistir. Para tentar registrar o lobo-guará
em fotos, os pesquisadores instalaram 14 armadilhas fotográficas nos parques de
Aparados da Serra e Serra Geral – registros datados da década de 1970 apontavam
a área como habitat do animal. Durante a primeira checagem das imagens
captadas, Benhur e Manoel perceberam um problema nos equipamentos que poderia
comprometer todo o processo: as câmeras só disparavam segundos depois da
passagem dos animais em frente ao sensor, impedindo a identificação.
– Perdemos 20% do orçamento do projeto e quatro meses de
dedicação até trocarmos por máquinas
mais ágeis e modernas – recorda Benhur.
Depois da mudança, o trio seguiu fazendo a checagem das
câmeras a cada 45 dias. Com chuva ou sol, o trabalho exige muito mais do que
preparo físico e determinação – para caminhar longas trilhas em meio à mata
fechada e enfrentar as temperaturas abaixo de zero no inverno da região
serrana. É preciso paciência. A ida a campo ocorre entre sexta e segunda-feira,
nas folgas dos pesquisadores que, ao longo da semana, desenvolvem outras
atividades ligadas à profissão. Há um revezamento entre os três nas idas a
campo. Geralmente, vão em dupla. Durante o dia, eles trocam as pilhas e os
cartões de memória das câmeras e analisam os dados. À noite, fazem as chamadas
focagens noturnas usando um holofote que, quando apontado em direção às
florestas e aos campos, possibilita uma visualização de mais de 50 metros de
distância.
– A gente já se acostumou a dominar a expectativa. Sabemos
que é um trabalho difícil e que não dá para prever quando teremos a primeira
imagem. O certo é que não conseguiremos esconder a emoção
se ele aparecer –
afirma Manoel, pós-doutorando na UFRGS.
Este será o primeiro estudo indicando como o lobo-guará vive
na Região Sul. Até hoje, as únicas pesquisas publicadas foram desenvolvidas na
região do Cerrado.
Vítima de caçadores, fazendeiros e crendices
Em 2002, quando o Rio Grande do Sul elaborou o Livro
Vermelho, a primeira lista própria da fauna ameaçada de extinção no Estado, o
lobo-guará entrou direto no grau mais crítico das três categorias em que foram
catalogadas 261 espécies. Dez anos depois, o livro foi ampliado e atualizado:
de 1.583 espécies analisadas, 280 correm risco de desaparecer. O levantamento
serve como base para as multas aplicadas nos crimes ambientais contra os
animais ameaçados e também auxilia nos licenciamentos ambientais, que liberam
novas obras a partir da relação oficial da fauna da região.
– A eliminação de algumas espécies pode afetar comunidades
inteiras, levando ao seu empobrecimento, à desestruturação e até mesmo ao
colapso. Além disso, várias espécies têm desaparecido sem conhecermos sua
importância e alguns usos potenciais para medicamentos e alimentos. Eles podem
estar sendo perdidos antes mesmo de serem descobertos – destaca a bióloga
Márcia Jardim, da Fundação Zoobotânica, órgão responsável pela elaboração das
listas de espécies
ameaçadas da fauna e da flora gaúchas.
No Rio Grande do Sul, o lobo-guará quase foi extinto por
caçadores interessados na pelagem, por fazendeiros preocupados com os rebanhos,
pela expansão agropecuária e urbana e até por crendices populares – uma delas
diz que pode dar sorte guardar o olho esquerdo de um guará, como um amuleto,
depois de arrancá-lo com o bicho ainda vivo.
– Os dados nos mostram que a população está muito inferior a
50 espécimes em todo o Estado. Suspeitamos, inclusive, que ele possa estar
perto da extinção regional. É um caso preocupante, já que o lobo ajuda a
equilibrar a fauna e é um excelente dispersor de sementes – alerta Márcia.
Por cruzar longas distâncias, o lobo acaba ajudando na
recomposição dos campos e das florestas degradadas. Os animais ingerem
sementes, que, depois do trato digestivo, saem prontas para germinar na terra.
O lobo ainda colabora para o controle e o equilíbrio em populações vistas como
indesejadas pelo homem, como as serpentes e os roedores – espécies que fazem
parte da dieta do animal.
– O lobo-guará está no topo da pirâmide alimentar e tem
grande importância ecológica, pois pode regular a população de presas naturais
e, desta forma, influenciar toda a dinâmica do ecossistema em que vive. Na
ausência de predadores, suas presas naturais, como roedores, aves, répteis e
insetos, tendem a se multiplicar exponencialmente. Se a pesquisa comprovar que
os guarás continuam por aqui, poderemos montar estratégias e direcionar o
atendimento à espécie – reforça a bióloga.
Com a intenção de ajudar a salvar o lobo-guará, a cada
checagem das armadilhas fotográficas os pesquisadores percorrem mais de 40
quilômetros a pé e de carro por trilhas em matas quase intocadas pelo homem, córregos,
campos isolados, estradas de terra e beira de cânions. Quando está em campo, a
dupla não tem tempo para o almoço, e o fôlego chega a desaparecer ao desafiar
morros cobertos por musgos, que engolem os pés a cada novo passo e deixam a
caminhada ainda mais pesada. Ambos também carregam a tensão: olhar e ouvidos
devem estar atentos para o possível surgimento de javalis, porcos selvagens que
andam em manadas, podem pesar mais de 100 quilos e atacar ao se sentirem
ameaçados.
Desde julho deste ano, os pesquisadores optaram por filmar
mais do que fotografar. Eles também moveram as armadilhas de lugar. Sete delas
estão distribuídas na Floresta Nacional de São Francisco de Paula (Flona),
outras três em São José dos Ausentes e mais seis em Alegrete. Os pontos exatos
não são divulgados para evitar problemas no desenvolvimento da pesquisa. Desde
o início do trabalho, seis câmeras foram furtadas em campo.
Na Flona, as câmeras obedecem a um distanciamento de 1,6
quilômetro uma da outra. Em Ausentes, elas ficam em áreas a mais de 10
quilômetros da última casa avistada. Cada câmera está programada para filmar 15
segundos de vídeo, a partir da ativação do sensor quando algo passa na frente
dele. Em seguida, a câmera fica desativada 15 minutos. Desde o início da pesquisa,
mais de 50 mil imagens de quase 30 espécies foram registradas pelos
pesquisadores. Entre elas, algumas ameaçadas de extinção no Estado, como o
puma, o gato-do-mato-pequeno (o menor gato selvagem da América do Sul) e a
jaguatirica.
– O lobo-guará acabou virando um projeto guarda-chuva. A
partir da busca por ele, acabamos conhecendo mais a nossa fauna. O lobo se
tornou a espécie que vai nos ajudar a fazer a conservação do ambiente onde ele
está presente – justifica Manoel.
Zoos procuram macho para fêmeas viúvas
Benhur e Manoel não são os únicos à procura do lobo no
Estado. Os zoológicos de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, e de
Gramado, na Serra, estão há um ano tentando obter um macho de guará. Em ambos
os locais há fêmeas viúvas – duas no zoo de Sapucaia e uma no zoo da Serra.
Segundo a bióloga do setor de zoologia do Parque Zoológico de Sapucaia, Vanessa
Souza Silva, cogitou-se a permuta de um único espécime vindo da região central
do Brasil para cruzar com as
fêmeas.
Em Sapucaia, as duas lobas são mãe e filha. Elas vivem em
ambientes separados há um ano, desde um desentendimento. Nara, a matriarca, tem
11 anos e veio de um zoo localizado em São Carlos (SP). Em Sapucaia, ela ganhou
Prenda, que nasceu em 2009 e teve o nome escolhido numa votação entre os visitantes.
Hoje, apenas Prenda está em ambiente que permite visitação. Nara fica na área
apartada do público.
– Os visitantes questionam o isolamento de ambas, mas é da
espécie. Os lobos só se reúnem na época de procriar. Costumam viver na solidão
e se sentem melhor assim – explica Vanessa. Desde 1998, o Brasil celebra o dia
do lobo-guará em 17 de outubro. A escolha da data lembra a primeira reunião de
pesquisadores da espécie, realizada em São Paulo.
– Já na década de 1990 havia a preocupação com a extinção. A
data serve como um alerta – destaca Vanessa.
Em Sapucaia, o zoo terá uma comemoração especial no próximo
dia 16. As atividades serão voltadas para as crianças e incluem pinturas,
confecção de máscaras e revista para colorir.
Tática para enfrentar javalis: correr e subir na
primeira árvore
Manoel (E) e Benhur montam armadilhas fotográficas nos
Aparados da Serra. Ainda não registraram lobo-guará, mas já viram puma (abaixo)Foto:
Mateus Bruxel / Agencia RBS
Na investida mais recente de Benhur e Manoel, entre os dias
9 e 11 de setembro, a reportagem de Zero Hora acompanhou o trabalho nos
Aparados da Serra. Hospedados na sede da Flona, os pesquisadores iniciaram o
levantamento ainda na noite de sexta-feira, com a focagem nas estradas
existentes a mais de 15 quilômetros de distância da área central de São
Francisco de Paula. A temperatura era de 9ºC, por volta das 20h, quando os dois
prepararam o holofote no carro e saíram em meio a uma neblina que umedecia os
cabelos.
– É um azar, mas temos que respeitar a natureza. Se a névoa
persistir, não vamos seguir – alertou Manoel, posicionado na janela do carona
com parte do corpo para fora do carro e empunhando a luminária.
Benhur dirigiu o próprio veículo nas estradas esburacadas e
sem iluminação por perto. As únicas luzes eram do holofote, da lanterna de cabeça
usada por ele e dos faróis do carro. Os sons da noite se intensificaram: o
canto do bacurau-tesoura-gigante e o piar da coruja-das-torres.
Mesmo reforçando a dificuldade de encontrar o lobo-guará, os
pesquisadores não esconderam a vontade de deparar com o animal. Chegaram a
brincar com a possibilidade, ao longo dos 18 quilômetros percorridos naquela
noite.
Na manhã seguinte, a função começou por volta das 6h, dentro
da área de 1.606,60 hectares da Flona. Sete trilhas, algumas com mata fechada,
foram percorridas num único dia, totalizando 23 quilômetros – 80% delas feitas
a pé. Logo no início da Estrada do Macaco Branco, pegadas de javali ainda
frescas advertiram a equipe para companhias indesejáveis.
– Se depararmos com um javali, cada um corre para um lado e
sobe a uma altura de um metro na primeira árvore que encontrar. O javali ganha
velocidade em linha reta. Então, precisaremos nos separar – orientou Benhur.
Por sorte, depois de quatro quilômetros, nenhum javali foi
avistado. No caminho entre araucárias de troncos com dois metros de
circunferência e samambaias com mais de seis metros de altura, apenas uma
serpente boipeva foi vista tomando sol. Nem se moveu com a passagem da equipe.
Munidos de bloco, caneta, trena e binóculos, os biólogos
caminharam o tempo todo intercalando olhares para o chão, em busca de pegadas
de animais diversos, e para o céu, atentos aos urubus que circulavam sobre suas
cabeças – havia carniças de animais ao longo do trecho.
No segundo dia de levantamento, que só terminou depois de 12
horas, vestígios de pegadas de gatos selvagens, de puma e até de mão-pelada
(guaxinim) foram encontrados nas trilhas da Flona. As penas do que um dia foi
uma coruja também acabaram fazendo parte do apontamento.
– O animal que o pegou foi ágil. Não deixou nenhum vestígio
além das penas. Pode ter sido um puma ou uma jaguatirica, pois não deixam
rastros pelo caminho – sugeriu Benhur.
O terceiro dia nem tinha amanhecido quando a equipe partiu
para São José dos Ausentes, na missão mais árdua do final de semana: visitar as
três armadilhas fotográficas espalhadas em pontos isolados na divisa com Santa
Catarina. Na região conhecida como Serra da Rocinha, a equipe fez 20
quilômetros a pé percorrendo áreas entre fazendas abandonadas e cânions menos
conhecidos, mas de beleza ímpar. No caminho, trechos com mato seco até o
joelho, terrenos úmidos cobertos de musgos, campos com pinus que não se
desenvolveram e morros íngremes e repletos de pedras.
Numa altitude de 1,2 mil metro, o coração começou a disparar
mais rápido sob o sol do meio-dia, com temperatura de 25ºC. Depois de sete
quilômetros de caminhada ininterrupta, o ar quase desapareceu. Foi preciso uma
parada rápida para beber um gole de água.
– Restam alguns quilômetros. Você está vendo aqueles
pinheiros pequenininhos lá longe? A gente vai andar até eles e ainda teremos
mais dois quilômetros depois – reforçou Benhur à repórter.
Depois de mais de três horas de ida até a primeira
armadilha, o local foi encontrado. Pausa de 30 minutos para lanchar e seguir
até a próxima câmera, já no caminho de volta. A parada foi feita à beira do
cânion, com céu aberto e apenas os sons das aves e do vento. Pelo caminho,
registros de veados e aves pequeninas chocando na mata. Por vezes, alguma delas
se assustava com os passos e levantava voo.
A expedição chegou ao fim por volta das 18h, sem que a dupla
conseguisse chegar à terceira câmera – posicionada em outro ponto do município.
No retorno ao centro de Ausentes, os pesquisadores conferiram o material
recolhido. Era o momento mais esperado da viagem. E havia um motivo: em junho
deste ano, o lobo-guará foi registrado em São José dos Ausentes pelo empresário
Tiago Korb, de Santa Maria, que percorria uma trilha no local. Ele conseguiu
fazer uma sequência de fotografias do animal fugindo pelos campos. A aparição,
depois de sete anos sem registros oficiais, fez os biólogos instalarem as três
armadilhas na cidade que não fazia parte do projeto inicial.
No total desta expedição, foram produzidas 2.110 fotos e
1.394 imagens de vídeo. Destas, a dupla conseguiu utilizar 50 fotos e 98 vídeos
de mamíferos selvagens diversos. Nenhum lobo-guará apareceu. A busca
prosseguirá.
– É um trabalho bastante árduo, mas estamos com esperança de
encontrá-lo. E, quando o encontrarmos, será apenas o primeiro passo. Depois,
vamos iniciar estudos ecológicos, estudos genéticos e o que for necessário para
salvá-lo. Nosso objetivo é não deixar que mais esta espécie se perca no Estado
do Rio Grande do Sul – afirma Benhur.
Sem querer, empresário fez fotos que comprovaram existencia
Tiago Korb, de Santa Maria, é o autor dos registros mais recentes do
lobo-guará, visto em 26 de junho, em São José dos AusentesFoto: Maiara Bersch /
Agencia RBS
É com base no relato do empresário Tiago Korb, de Santa
Maria, que os biólogos pesquisadores acreditam estar próximos do registro da
espécie. Em 26 de junho deste ano, por volta das 10h, Tiago caminhava com um
grupo de trilheiros numa região isolada de São José dos Ausentes quando avistou
um lobo-guará.
– Vi o bichinho dormindo sobre um capim amarelo, que dava na
altura do joelho. Ele acordou com o nosso barulho e nos olhou, assustado.
Peguei a câmera e consegui fazer umas imagens nos 50 metros que ele correu. Foi
muito rápido. Antes de sumir, ele parou no alto de uma coxilha e nos olhou de
relance – recorda.
Tiago fez 16 imagens do bicho correndo e postou numa rede
social, sem imaginar a importância do achado. Em poucos dias, as fotos do
empresário se espalharam entre biólogos e amantes da natureza, até chegarem nas
mãos de Benhur e Manoel.
– Não tinha a ideia de estar contribuindo para a comprovação
da existência da espécie. Torço para que os pesquisadores tenham sucesso na
jornada – afirma Tiago, que repassou à dupla as coordenadas do local.
Ao contrário de Tiago, a bióloga Rosane Marques, sabia
exatamente o que era o animal presente em duas imagens captadas pelas
armadilhas fotográficas instaladas por ela na Flona, em 1º de novembro de 2009.
Nem foi preciso a revelação do filme fotográfico.
– Quando vi aquele negativo, olhei de novo e disse "não
pode ser verdade!". Mas o bicho é inconfundível. Fiquei tão emocionada que
quase tive um chilique. Realmente, não esperava. Foi meu presente de
aniversário – relata.
Desde 1999, a integrante da unidade de assessoramento
ambiental do Ministério Público pesquisa nas horas vagas os mamíferos de médio
e grande porte existentes na Flona. Rosane não imaginava captar o bicho, que
naquele mesmo ano havia sido registrado em Cacequi e, antes, só na década de
1970.
A partir das duas fotos, feitas à noite numa das trilhas da
floresta, a bióloga passou a estudar a espécie. Publicou, quatro anos depois,
um artigo discutindo os motivos da presença do lobo-guará dentro da Flona.
– Ele deveria estar se refugiando aqui, pois é uma unidade
de conservação. O que ocorre na região é que os fazendeiros tocam fogo no campo
todos os anos, e não há uma vegetação de campo bem desenvolvida. Então, sobram
poucos lugares para ratos se esconderem e outros pequenos animais que podem
servir de alimento para o lobo-guará. É como se o lobo fosse ao supermercado
com as prateleiras quase vazias. A gente detona o ambiente, e o animal não tem
onde se refugiar. Em vez de eles serem residentes de um determinado local, eles
acabam virando nômades – diz Rosane. TOMADO DE ZERO HORA DE RGS BR
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