Para pesquisadora, ataque a macacos pode atrasar detecção da
febre amarela
"A gente está sobrecarregando o sistema que detecta os
casos", afirmou Mariana Rocha David, da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Agência Brasil James Higham/Divulgação
A pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Mariana
Rocha David, doutora em biologia parasitária, fez um alerta hoje (26/1) de que
a grande mortandade de macacos provocada por ataques humanos por meio de
espancamento ou de envenenamento pode sobrecarregar o sistema de detecção do
vírus da febre amarela.
Em palestra no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, a
pesquisadora destacou que a confirmação de que o macaco de fato morreu vítima
da doença pode demorar um tempo maior a partir do momento em que uma grande
quantidade de amostras de sangue desses animais chegar aos laboratórios de
referência para serem analisadas.
“Além de a gente estar matando o animal que mostra onde está
a circulação do vírus, cometendo crime ambiental, provocando desequilíbrio
ecológico, a gente está sobrecarregando o sistema que detecta os casos”, disse
a pesquisadora.
O último balanço da Subsecretaria de Vigilância,
Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses da prefeitura do Rio mostrou que
o estado contabiliza 131 macacos mortos desde o início do ano. Desse total, 69%
têm sinais de agressão humana.
A pesquisadora da Fiocruz também ressaltou que, se a população
de macacos for dizimada, a tendência é que os mosquitos silvestres
transmissores do vírus que circulam na copa das árvores voem até a borda da
floresta, onde podem infectar uma pessoa que não está imunizada.
“O macaco não transmite a doença. Ele avisa onde está a
circulação do vírus. Precisamos protegê-los”, disse Mariana, que reforçou a
necessidade de as pessoas terem responsabilidade ao divulgar informações sobre
a febre amarela nas redes sociais.
Ontem (25/1), o Linha Verde, programa do Disque-Denúncia
específico para delatar crimes ambientais, lançou uma campanha contra o ataque
a macacos no Rio de Janeiro, depois do elevado número de mortes de primatas
este ano. Os animais são hospedeiros da febre amarela silvestre, e apesar de
não transmitirem a doença, estão sendo atacados pela população.
Casos
De acordo com o último informe epidemiológico, divulgado na
noite de hoje pela Secretaria Estadual de Saúde, este ano foram registrados 26
casos de febre amarela silvestre em humanos no estado do Rio de Janeiro, com
oito óbitos.
Teresópolis teve quatro casos, com dois óbitos; Valença, 13
e quatro mortes; Nova Friburgo e Miguel Pereira, um caso e um óbito, cada; e
Duas Barras, dois casos. Sumidouro registrou dois casos e Petrópolis, Rio das
Flores, Vassouras, um caso cada.
Foi confirmado apenas um caso de febre amarela em macacos,
em Niterói. Ao encontrar macacos mortos ou doentes (animal que apresenta
comportamento anormal, que está afastado do grupo, com movimentos lentos), o
cidadão deve informar o mais rapidamente possível à Secretaria de Saúde do seu
município. Tomadod e correio brasiliense
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