Capoeira de roda deve
ser reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade
Amanda Oliveira/GOVBA Expressão cultural, a capoeira de roda
também é um símbolo da resistência Dança, luta e símbolo de resistência, a
capoeira de roda deverá ser reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco). Na semana que vem, em Paris, o Comitê Intergovernamental para a
Salvaguarda do Patrimônio Cultural e Imaterial da Unesco anuncia sua decisão.
Foram feitos 46 pedidos de registro pelos Estados-Membros, sendo que 32 foram
recomendados pelo órgão técnico do comitê, entre os quais está o da capoeira –
o único apresentado pelo Brasil e um dos três bens da América Latina na lista.
Com o reconhecimento, a capoeira de roda iguala-se ao Cristo Redentor como
patrimônio da humanidade. No dossiê de candidatura, de 25 páginas, o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) enumera uma série de ações
para difundir a modalidade e propõe medidas de salvaguarda orçadas em mais de
R$ 2 milhões, como a produção de catálogos e encontros. O documento destaca que
o registro vai favorecer a consciência sobre o legado da cultura africana no
Brasil e o papel da capoeira no combate ao racismo e à discriminação. O dossiê
lembra que a prática chegou a ser considerada crime e foi proibida durante um
período da história. Hoje, a capoeira é praticada até fora do País.
Os pedidos dos mestres para proteger a capoeira e seu aval
para registrá-la como patrimônio da humanidade também foram levados em conta no
dossiê entregue à Unesco. Entre eles, a possibilidade de a capoeira tornar-se
disciplina obrigatória nas escolas e nos encontros de troca de conhecimento.
Segundo mapeamento do Iphan, a modalidade é praticada por todo o País. No
documento que recomenda o registro, o comitê técnico da Unesco destaca que a
capoeira nasce da resistência contra a discriminação e favorece a convivência
social entre pessoas diferentes. “[A roda] funciona como uma afirmação de
respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos e promove a integração
social e da memória da resistência à opressão histórica.” No pedido, o Iphan
também cita ações como o registro nacional da capoeira de roda como um bem
cultural, a criação de grupos de trabalho, encontros e o prêmio Viva Meu
Mestre, desenvolvidos com a sociedade civil e órgãos de governo. Para o futuro,
como patrimônio da humanidade, são sugeridas medidas para promover a capoeira,
contextualizá-la como legado africano no Brasil, além de mapear as rodas e seus
mestres. Conhecido como um dos maiores portos de desembarque de africanos, o
Brasil organiza para 2015 o pedido de registro como patrimônio da humanidade do
Cais do Valongo, no centro do Rio de Janeiro. Estima-se que o País tenha
recebido 40% de todos os africanos escravizados que chegaram vivos às Américas
e, desses, cerca de 60% entraram pelo Rio de Janeiro, segundo o antropólogo e
fotógrafo Milton Guran, do Comitê Científico Internacional do Projeto Rota do
Escravo da Unesco. O Cais do Valongo é considerado sagrado por religiões de
matriz africana. Por Ag. Brasil tomado de agora de rgs br
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