Foto Várias áreas ficaram alagadas em Porto Alegre
JONATHAN HECKLER/JC
Igor Natusch e Suzy Scarton
No começo da madrugada de ontem, as trovoadas e o vento
intenso já indicavam um dia de muita chuva e transtornos para os moradores da
Capital. Durante todo o dia, os porto-alegrenses conviveram com alagamentos,
falta de luz e deslocamento difícil em diferentes pontos da cidade, em um dia
no qual choveu quase o previsto para um mês inteiro.
Conforme o sistema Metroclima, os maiores índices foram
registrados no Centro e na Zona Norte. Às 14h15min, a estação de medição do
Centro Histórico registrava volume de 104mm, enquanto o Sarandi marcava 98mm e
a estação do Moinhos de Vento alcançava 89,5mm. O volume de água beirou a
média histórica esperada para todo o mês de outubro na Capital, de 114,3mm.
Foi muito difícil entrar em Porto Alegre na manhã de ontem.
A situação mais grave foi verificada na Sertório e vias próximas, onde a
circulação era muito difícil desde a madrugada. Linhas de ônibus tiveram
atrasos de mais de duas horas no itinerário, o que prejudicou a chegada ao
trabalho de milhares de pessoas. A entrada da cidade pela região do aeroporto
ficou prejudicada, e congestionamentos atingiram a freeway e a BR-116 desde o
amanhecer. Acúmulos de água na Avenida da Legalidade e na Voluntários da Pátria
dificultavam ainda mais o deslocamento.
Durante a tarde, alagamentos e semáforos fora de
funcionamento continuavam criando problemas. Vias como Ipiranga, Salvador
França, Nilo Peçanha e Padre Cacique registraram acúmulo de água. Agentes da
Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) foram deslocados para
orientar o trânsito em pontos mais críticos.
O prefeito José Fortunati reuniu-se à tarde com secretários
ligados ao Comitê Gestor de Serviços para planejar ações que amenizem os
problemas causados pela chuva, que deve se estender na Capital até
quarta-feira. A principal preocupação da Defesa Civil municipal está em um
possível aumento de nível no Guaíba. O alerta se deve ao grande volume de água
que desce da Serra e se acumula no delta do Jacuí, o qual deve chegar ao nível
máximo nos próximos três dias. Esse cenário, combinado com uma possível mudança
na direção do vento, pode causar alagamentos nas ilhas do Guaíba. Até o
fechamento desta edição, o monitoramento do lago e dos arroios da Capital não
apontava aumento significativo no nível das águas.
A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que chegou
a registrar 11,4 mil clientes sem energia elétrica no auge do mau tempo,
conseguiu regularizar a situação no começo da tarde. Os principais problemas
foram registrados no Litoral Norte e nas cidades de Pelotas, Camaquã, Alvorada
e Viamão. De acordo com a companhia, já no começo da tarde, a falta de luz
estava restrita a pontos isolados de Porto Alegre.
A RGE era a companhia que registrava maiores problemas no
fornecimento, com cerca de 30 mil clientes sem luz às 17h, em especial no
Planalto e na Serra. O consórcio AES Sul, por sua vez, contabilizava 4 mil
pontos sem luz até o final da tarde de ontem.
Pelo menos 39 cidades sofrem danos com o temporal
Foto Escola em Santa Maria interditou três salas devido a
alagamento
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA/DIVULGAÇÃO/JC
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA MARIA/DIVULGAÇÃO/JC
Não foi somente a Capital que sofreu com o intenso volume de
água. A Defesa Civil do Estado registrou pelo menos 39 municípios com algum
tipo de dano em função da precipitação. Desde sábado, todas as regiões foram
atingidas e registraram fortes ventos, raios e granizo. Ontem, a chuva se
concentrou principalmente entre as regiões Metropolitana, Central e dos Vales.
Cachoeira do Sul registrou 197mm de chuva em três dias, o maior acumulado do
Estado.
Pantano Grande, na região Central, com 400 famílias
atingidas, e Novo Hamburgo, na Região Metropolitana, com 300, foram as cidades
mais prejudicadas. Segundo o coronel Alexandre Martins, subchefe da
Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, os afetados em Pantano Grande
não querem deixar suas casas, mas abrigos estão sendo preparados para lidar com
a situação. No total, o Estado tem 945 residências afetadas, e 52 famílias
precisaram deixar o lugar onde moram.
Em Esteio, por exemplo, o acumulado de chuva passou dos
140mm, bem acima da média esperada para o mês, de 114mm. Em Lajeado, uma ponte
quase foi coberta pela água do rio. Em Novo Hamburgo, foram 125mm,
contrariando a previsão inicial, que esperava 40mm. A concentração de chuva
afetou a Unidade de Saúde da Família Morada dos Eucaliptos, na rua Octávio
Oscar Bender, que ficará temporariamente fechada, e o Pronto Atendimento, no
Centro, teve infiltrações.
Em São Leopoldo, a Defesa Civil municipal registrou mais de
125mm de chuva em 24 horas. Segundo o órgão, a ausência de planejamento e
integração de projetos urbanos é a causa dos alagamentos. Não houve necessidade
de remover famílias, embora o nível do Rio dos Sinos esteja aumentando. Os
bairros mais atingidos foram Campira, Santos Dumont e Vila Brás.
Em Canoas, na Região Metropolitana, choveu 140mm,
ultrapassando o volume equivalente à chuva registrada em outubro de 2015, de
134mm. Os alagamentos ficaram restritos aos bairros Mathias Velho, Harmonia e
Mato Grande. Duas famílias do Mathias Velho foram retiradas das casas.
A forte instabilidade também foi verificada em Santa Maria,
na região Central. Problemas foram relatados na Vila Pôr do Sol, nos bairros
Lorenzi e Salgado Filho, e no Residencial Lopes. A escola infantil Casa da
Criança teve de interditar três salas devido ao excesso de chuva. O colégio
Sérgio Lopes suspendeu as aulas no turno da tarde devido à elevação do nível
das águas do arroio Cadena.
A BR-116 foi bloqueada do quilômetro 171 ao 184, devido à
queda de árvores e barreiras. A alternativa é a RS-452, passando por
Feliz, até a RS-122, em Nova Petrópolis. Hoje, às 12h, será feita uma vistoria.
Queda de árvore mata criança em Tubarão, no sul de Santa
Catarina
Em decorrência dos fortes ventos registrados na região sul
de Santa Catarina, uma menina de sete anos morreu em Tubarão. A criança estava
com o pai em um carro que foi atingido por duas árvores que tombaram sobre o
veículo. O homem não sofreu ferimentos graves, mas foi internado em estado de
choque.
Além disso, um fenômeno denominado como tsunami meteorológico
atingiu a praia de Balneário Rincão no domingo, também no sul do estado.
Veículos que estavam estacionados perto do mar ficaram submersos e foram
arrastados após serem atingidos por uma onda gigante.
Conforme a Defesa Civil, os ventos atingiram 97 km/h no
domingo em Araranguá. Milhares de casas foram destelhadas pelas rajadas. Cerca
de 140 mil clientes ficaram sem energia elétrica nos 20 municípios da região. O
mau tempo deve continuar pelo menos até amanhã no estado vizinho. Tomado de
journal do comercio de rgs br
No hay comentarios:
Publicar un comentario