Mineiro apela para cachaça e produz o próprio combustível;
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Morador de Cajuri, na Zona da Mata de MG, ele fez o próprio
etanol para abastecer o carro que usa
para trabalhar todos os dias
Waldir fez o álcool para poder trabalhar em Viçosa, onde é
mestre de obras(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
O desespero de motoristas à procura de postos de gasolina
que tenham algum combustível para os próximos dias não passou nem perto do
mestre de obras Waldir Lopes Faustino, 48 anos. Morador da pequena Cajuri, que
fica perto de Viçosa, na Zona da Mata de MG, ele fez o próprio etanol para
abastecer o carro que usa para viajar todos os dias entre os dois municípios
para trabalhar. "Toda hora, um liga pra mim e pergunta: 'você tem um
álcool aí?'", conta.
O etanol é feito do que sobra da cachaça. Ele comprou ao
material de produtores da bebida a R$ 0,50 o litro e produziu no sábado 60
litros para usar no carro. Além de estar à mão, o combustível saiu por R$ 1,30
o litro. Bem menos do que os quase R$ 5 reais pelos quais é vendido o litro da
gasolina aos consumidores.
O mestre de obras Waldir Lopes também é produtor rural aos
fins de semana. Tem uma "roça" na qual produz flores. E às vezes
fabrica etanol, que usa como escambo, já que a produção caseira é permitida
somente para consumo próprio ou trocas. "Nesses dias que o povo está
apertado eu estou tranquilo, voltei a produzir para o meu carro e também uso
nas motos", conta.
O produtor diz que todos estão lhe procurando para pedir combustível, mas não
está sendo possível atender, pois ele não produz mais o etanol da cana.
"Estou fazendo com o veneno e a cabeça da cachaça e, nessa época, não tem
produção então não está tendo matéria-prima. Se tivesse eu faria uns 500 litros
e conseguiria fácil comprar uns bezerros", disse.
Waldir explica que a cachaça tem três partes: a cabeça, que
seria o veneno, o coração, que é a parte comercializada, e a calda, que é quase
uma água fraca. O etanol é feito dessas duas partes que sobram.
O mestre de obras e produtor diz não precisar de autorização
especial para produzir o próprio combustível. Apenas não pode vender.
"Usamos como moeda de troca, para trocar por bezerros ou outros
produtos."
Mas, atenção, não é qualquer um que pode fazer o próprio
combustível. O etanol produzido em Cajuri é feito a partir de uma linha de
fabricação específica, que tira o álcool do subproduto da destilação. O
combustível produzido na fazenda, que também é feito por outros produtores da
cidade, já foi testado no Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade
Federal de Viçosa. / TOMADO DE CORREIO BRAZILIENSE
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