Cientistas descobrem
três espécies de peixes no fundo do Pacífico
Uma equipe internacional de pesquisadores usou câmeras
subaquáticas de última geração para encontrar o novo peixe no fundo da
trincheira do Atacama, no Oceano Pacífico
AF Agência France-Presse
Temporariamente denominados peixe-caracol rosa, azul e roxo
do Atacama, as criaturas até então desconhecidas têm entre 20 e 25 centímetros
de comprimento, são translúcidas e não têm escamas(foto: AFP)
Paris, França - Cientistas descobriram três novas espécies
de peixes que vivem em uma das partes mais profundas do oceano, criaturas
translúcidas sem escamas perfeitamente adaptadas a condições que
instantaneamente matariam a maior parte da vida na Terra.
Uma equipe internacional de pesquisadores usou câmeras
subaquáticas de última geração para encontrar o novo peixe no fundo da
trincheira do Atacama, no Oceano Pacífico, a uma profundidade de 7.500 metros -
e ficaram surpresos com sua abundância em um ambiente tão inóspito.
"Essas coisas estão no limite do que todos os peixes
podem aguentar, então naquela profundidade você pode esperar que talvez tenha sorte
de ver um ou dois batalhando para sobreviver", disse à AFP nesta
sexta-feira Alan Jamieson, professor sênior de ecologia marinha da Universidade
de Newcastle. "Mas há um monte deles lá", acrescentou.
Temporariamente denominados peixe-caracol rosa, azul e roxo
do Atacama, as criaturas até então desconhecidas têm entre 20 e 25 centímetros
de comprimento, são translúcidas e não têm escamas.
Eles parecem ser exclusivamente adaptados às condições
presentes a pouco mais de sete quilômetros abaixo da superfície do oceano, onde
os dias são permanentemente escuros e a temperatura da água mal chega a dois
graus Celsius.
Em tais profundidades, a pressão é tão grande que animais
maiores seriam esmagados sob sua própria massa. "É o equivalente a ter um
peso de 800 quilos colocado em seu dedo mindinho", disse Jamieson.
Os pesquisadores acreditam que os peixes podem ter evoluído
para viver no fundo do mar para evitar presas maiores.
"As estruturas mais duras em seus corpos são os ossos
de seu ouvido interno, que lhes dão equilíbrio, e seus dentes", disse
Thomas Linley, um pesquisador de Newcastle que participou da expedição.
Na verdade, por serem feitos quase totalmente de uma
substância parecida com o gel, os peixes morreriam sem a pressão esmagadora que
os mantém inteiros.
"Seus corpos são extremamente frágeis e derretem
rapidamente quando trazidos para a superfície", disse Linley.
A trincheira do Atacama ocupa quase 6.000 quilômetros ao
longo da costa oeste da América do Sul e tem 8.000 metros de profundidade.
Jamieson disse que a descoberta da equipe deve dar esperança
aos pesquisadores que trabalham para descobrir novas espécies em alguns dos
cantos menos explorados do planeta.
"A descoberta de novas espécies não se limita a
pequenas coisas na lama ou minúsculas águas-vivas, aqui há três espécies de
peixes com cerca de 20-25 cm de comprimento", disse. "A trincheira do Atacama é do mesmo tamanho
da Cordilheira dos Andes. Se conseguimos colocar uma câmera lá embaixo e pegar
três novas espécies em questão de dias... essas coisas não são raras - elas só
estão fora de alcance".
Com mais de 300 variedades conhecidas de peixe-caracol,
Jamieson disse que este se adaptou a uma grande variedade de condições, algumas
extremamente difíceis de se sobreviver.
"A maioria deles vive em níveis superficiais (...).
Eles são uma família incrível que evoluiu para se adequar a todos os nichos,
todos os cantos do planeta", afirmou.
Ele admitiu, no entanto, estar impressionado com as
variedades recém-descobertas e sua capacidade de prosperar em alguns dos
ambientes mais duros da Terra.
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"A temperatura da água nessas trincheiras é sempre
menor do que 2ºC - o que por si só é bastante difícil, sem falar na pressão
(...) e na baixa quantidade de alimento", acrescentou. // TOMADO DE
CORREIO BRAZILIENSE
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